O prefeito Marcelo Morais, o vice-prefeito Daniel Tales e equipe da Secretaria Municipal de Saúde, se reuniram com nova diretoria do Hospital Gedor Silveira quinta-feira, 7 de julho, após decisão judicial que estabelece prazo para que o Município, a União o Estado de Minas e a instituição, sanem irregularidades levantadas. Foram traçadas metas para garantir que o Gedor Silveira possa mudar a nomenclatura de atendimento dos pacientes e ter condições de atendê-los da melhor forma e prestando contas a toda a comunidade.
Conforme destaca Fernando Alvarenga, presidente da nova diretoria que assumiu a Fundação Gedor Silveira, é um desafio para toda a equipe, que está buscando solucionar todos os gargalos que existem hoje na Instituição para mantê-la funcionando sem deixar de assistir os pacientes que tanto precisam de um atendimento especializado.
“Nós precisamos do Gedor funcionando, sabemos de todos os desafios que temos pela frente, mas uma união entre todas as forças, principalmente sociedade civil organizada, nova direção do Gedor Silveira e Prefeitura, vamos conseguir vencê-los e provar a viabilidade do Hospital, que é fundamental não apenas para Paraíso, como também para todo o Estado de Minas Gerais”, comenta.
Para a diretora de Saúde, Adriana Rogeri, esta reunião foi o primeiro passo para que unindo forças se consiga chegar a melhor solução possível. “É o momento de fazermos um trabalho a quatro mãos, unirmos esforços das equipes e buscar as melhores estratégias para manter o serviço, levando qualidade de atendimento ao paciente”, afirma.
Segundo o vice-prefeito Daniel Tales, o Governo tem adotado condutas para que haja uma desospitalização desses pacientes internados em hospitais psiquiátricos. “Nada melhor que a união entre o Poder Executivo e a Instituição para que haja um fortalecimento no atendimento desses pacientes que tanto precisam ser reintegrados à sociedade”, ressalta.
O prefeito Marcelo Morais destacou que assim que a Administração tomou conhecimento da decisão judicial, esperou que a nova diretoria assumisse as funções no Gedor Silveira para que pudesse ser realizada esta reunião a fim de buscar traçar metas para atender à decisão judicial.
“Reunimos com nova diretoria e corpo técnico que irá tocar os trabalhos na Instituição. O Município, em todos os momentos, demonstrou que foi parceiro de manter toda a estrutura do Gedor Silveira deste o início da gestão e isso não será diferente agora. Queremos construir uma nova visão do Gedor, principalmente no trato com o paciente e mostrar no processo que, mesmo que no passado tenham tentado fechar o Hospital, que possamos resgatar a Instituição para que ela sobreviva e atenda a quem mais precisa, que é o paciente”, completa.
Embora a mudança na direção da Fundação Gedor Silveira tenha sido divulgada nesta semana, motivada por decisão da Justiça Federal que determinou prazo para que seja apresentado um plano de recuperação e cronograma, não ficando descartada a possibilidade de fechamento do hospital, a nova diretoria encabeçada pelo empresário Fernando Montans Alvarenga foi eleita em assembleia extraordinária realizada no dia 30 de maio.
O Conselho Curador é composto por Fernando Montans Alvarenga, presidente, Leonardo Lima Diogo, Gilson Aloise de Souza, Luiz Gonzaga Pessoni, Maria Hortência de Souza e Rosemeyre Santos Ribeiro Pinto.
O Conselho Diretor tem como presidente Fernando Montans Alvarenga, vice-presidente Adriano Aparecido de Pádua, administrativo-financeiro Fernando de Pádua Pessoni.
O Conselho Fiscal é integrado por Waldir de Souza (presidente), tendo como membros titulares José Aparecido Ricci e Henrique Carvalhaes Teixeira. Membros suplentes Fernando Alves Duarte, Jairo Montaldi e José Osmar de Paula.
HOSPITAL GEDOR SILVEIRA COMPLETA 60 ANOS EM 2022
O hospital Gedor Silveira que em 2022 completa 60 anos de existência é parte integrante da história dos 200 anos de São Sebastião do Paraíso. A instituição tornou-se referência para atendimento psiquiátrico para 154 municípios do Sul, Sudoeste Mineiro que fazem parte de quatro regionais de saúde pública.
A ideia e a semente plantada para se criar um Hospital Psiquiátrico surgiram por volta de 1961 liderada por espíritas e maçons, com o empenho pessoal de Argemiro Rodrigues da Silva (Argemirão) Guilherme Giubilei e integrantes da Loja Maçônica Fraternidade Universal, posteriormente também da Loja Apóstolos da Liberdade 51.
Em 1962 surgia então a Fundação Gedor Silveira, instituição social sem fins lucrativos. Já em 1967 sob a direção do benemérito Guilherme Giubilei, tinha início o processo de enfrentamento dos desafios no projeto lançado. Sua dedicação perdurou por vários anos quando deixou a presidência em 2015 e passou a atuar como vice-presidente, cargo que ocupou até 2019, ano de seu falecimento.
A Ação Civil Pública movida pelo Ministério Público Federal em 2020 que resultou na recente decisão do juiz federal Marcelo Eduardo Rossito Bassetto, da Subseção Judiciária de São Sebastião do Paraíso datada em 5 de junho deste ano, determinando que em 90 dias seja apresentado estudo conjunto pela União, Estado de Minas Gerais e Município de São Sebastião do Paraíso, indicando providências que devem ser adotadas, e para que a Fundação Gedor Silveira sane irregularidades constatadas”, na realidade é questão que se arrasta há longo tempo e isso consta na petição do Ministério Público Federal.
Em fevereiro de 2012, em meio a uma grave crise financeira o Hospital Psiquiátrico Gedor Silveira passou por vistoria do PNASH (Programa Nacional de Avaliação dos Serviços Hospitalares – Versão Psiquiatria) e foram encontradas irregularidades em sua estrutura física que dependia de ajustes.
À época, conforme matéria publicada pelo Jornal do Sudoeste ficou claro que a difícil situação financeira vivida pelo hospital já era motivada pelos baixos custos pagos pelos serviços prestados ao SUS – Sistema Único de Saúde, conforme explicou Wagner Giubilei que era gerente da instituição. Em 2012 ele usou a tribuna livre da Câmara Municipal para pedir apoio dos vereadores.
“São mais de 50 anos de luta pela sobrevivência, principalmente nos últimos anos quando vem enfrentando fortes campanhas para o encerramento das atividades prestadas nesta área”, disse. Uma das maiores dificuldades é a questão financeira, “as contas de receita e despesas, não batem, não condizem com a realidade porque desde de 2009 a tabela SUS está congelada, e para piorar a situação o município que deveria repasses de cerca de R$ 200 mil ao final de 2012 não o fez, aumentando ainda mais o déficit”, explicou.
Naquela época a instituição teve que se socorrer com empréstimos bancários para pagar suas contas, pagando juros sobre juros.