ELE por ELE

DAVID PERLOTTI

Por: Reynaldo Formaggio | Categoria: Entretenimento | 07-08-2022 07:16 | 900
David Perlotti
David Perlotti Foto: Acervo pessoal

Rubem Alves dizia que “quem experimenta a beleza está em comunhão com o sagrado”. E foi numa dessas conversas com o “Cara lá de cima”, que David Perlotti teve a inspiração: escrever um livro infantil! Aos 32 anos o educador físico e agora escritor, acaba de lançar sua primeira obra literária: “Ana e a torta mágica de banana”, trabalho que vem à lume para, além de entreter os pequenos, transmitir uma poderosa mensagem de empatia. E quer beleza maior do que a alma pura e solidária de uma criança? Nesta entrevista o filho de Antônio David Perlotti e da saudosa Célia Maria Pereira Farias Perlotti, irmão mais velho de Daniela e pai coruja de Luiz Gustavo, compartilha os caminhos percorridos e sonhos a realizar.

David, como foi sua infância? Do que sente mais falta daquele tempo?
Ao falar de infância automaticamente me lembro dos domingos em família onde nos reuníamos na casa dos meus avós em São Paulo. Muitos tios e tias, e também muitos primos para brincar. Por ter crescido em São Paulo não podia viver brincando nas ruas, mas sempre que era possível meus pais levavam minha irmã e eu para brincarmos no Parque da Independência do Ipiranga, bairro esse em que cresci. E algumas tias moravam em lugares mais tranquilos, onde era possível brincar na rua. Tive uma boa infância, sempre com a família muito presente.

Como veio para São Sebastião do Paraíso?
Com o falecimento da minha mãe e os “perigos” da cidade grande, meu pai desanimou de continuar morando em São Paulo. Ele sempre gostou de cidades menores e por ter morado uma parte de sua infância em Paraíso e ter familiares aqui na cidade, preferiu se mudar e levar uma vida menos agitada. Não era minha vontade de início, mas Paraíso é contagiante!

Ainda muito jovem vo-cê se tornou pai, certo? Como foi e é a experiência de educar um filho?
Sim. Meu filho é um presente de Deus em minha vida. Foi meu presente de dezoito anos. Ele nasceu cinco dias depois do meu aniversário! E sempre que fico admirando ele como um pai coruja, vejo o quanto Deus é perfeito. Minha mãe faleceu quando eu tinha quatorze anos e, desde então, nossa casa, nosso lar, nunca mais foi o mesmo. Ah, mas com a chegada do Luiz Gustavo, meu filho, tudo mudou. A vida voltou a ter cores, para mim em especial claro, mas também para meu pai e minha irmã. Não foi fácil e está longe se tornar fácil a missão e a responsabilidade de educar, ensinar, criar um filho nos dias de hoje. Cada dia é um desafio novo. Pensava que conforme ele fosse ficando mais velho seria mais fácil! “Só que não” (risadas). Mas uma coisa eu posso afirmar com toda certeza do mundo: eu amo infinitamente meu branquelo e jamais poderia imaginar minha vida sem ele.

Como foi o processo de escolha profissional? Onde estudou?
Eu confesso que entrei na área da Educação Física porque sempre admirei o que podemos fazer com nosso corpo. Superar nossos limites e conquistar objetivos. Mas, no meio do caminho, algo inesperado aconteceu. Assistindo meu filho fazer uma aula de judô, eu olhei as crianças de nove, dez anos com dificuldade de fazer coisas simples como saltar com um pé só e realizar cambalhotas. Naquele momento eu decidi que precisava focar minha atenção nos pequenos. Estudei Licenciatura na Faculdade Calafiori aqui de São Sebastião do Paraíso, e fiz o bacharelado no Centro Universitário Claretiano de Batatais. 

O que a Educação Física pode proporcionar?
Eu gosto de dizer que o ser humano nasceu para ser ativo. Não importa a idade, todos temos que praticar alguma atividade física. E a Educação Física promove exatamente isso, a saúde do indivíduo através da prática esportiva e condicionamento físico para todas as idades. Respeitando seus limites e sua individualidade.

Você passou por algumas academias antes de ter seu próprio espaço, certo? Nos conte sobre sua trajetória profissional.
Assim que me formei eu fiz alguns estágios em academias, dei aula em escolas, trabalhei como treinador em escolinha de futebol e como professor de natação e hidroginástica. Nessa trajetória tive a oportunidade de trabalhar com todas as idades, desde bebezinhos até o vovô e a vovó e assim chegar à conclusão que precisamos dar uma atenção especial para as crianças e incentivá-las à pratica esportiva. Hoje em dia não se pode mais brincar nas ruas como antigamente e as crianças vivem através das “telinhas”. E é no brincar e faz de conta, que elas aprendem a se socializar, a respeitar o próximo, a dividir, cair e levantar de novo. É brincando que elas vivem!

Trabalhar diretamente com os pequenos o inspirou a escrever um livro infantil?
Eu penso muito nisso, e acredito que sim. Mas o verdadeiro “start” para escrever foi depois de uma conversa com Deus. Estava indo dar aula no Campo Alegre e, sempre que vou para lá, vejo a paisagem verde ao meu redor e o imenso céu e é automático: já me pego conversando com Deus. E papo vai, papo vem, olhei para o céu e disse: pronto Pai, vou escrever um livro inspirado na minha aluna e sua família. Dei a aula mais pensativo naquele dia e no caminho de volta continuei a conversa até que novamente olhei para o céu sorrindo: já sei Pai, o livro vai se chamar “Ana e a torta de mágica de banana”.

E recentemente você lançou através de um financiamento coletivo “Ana e a torta mágica de banana”, seu primeiro livro. Como foi o processo? A receptividade foi bacana?
Isso mesmo. Uma amiga me apresentou esse formato de financiamento coletivo como uma forma de ajuda para autores iniciantes e independentes. E eu adorei, pois não imaginava que o processo de criação de um livro infantil fosse tão caro. Não consegui bater a meta, na verdade não cheguei nem perto, mas não tenho dúvidas de que Deus colocou as pessoas certas em meu caminho. Pessoas que realmente gostam, acreditam e valorizam meu trabalho com as crianças. E assim, mesmo não batendo a meta, consegui o apoio necessário para fazer com que esse sonho se concretizasse.

Qual a principal mensagem em “Ana e a torta mágica de banana”? Como fazer para adquiri-lo?
Essa pergunta é muito legal porque, depois que o livro ficou pronto e algumas pessoas me deram feedback, eu percebi que cada um extrai uma mensagem diferente da história. Diferentes, mas todas positivas e boas. Mas a mensagem principal da “Ana e a torta mágica de banana” é sobre ter empatia! Sobre se colocar no lugar da outra pessoa e fazer o mínimo que cada um pode para ajudar quem precisa.

No momento só é possível comprar o livro diretamente comigo. Pelas minhas redes sociais: @otiodavid, ou na minha academia infantil localizada na Rua Geraldo Marcolini, 1609 – Vila Santa Maria.

Trabalhando diretamente o corpo e a mente das crianças, como convencê-las a trocar por um tempo o celular pelo livro?
Criança gosta de aventura, do desconhecido, do mistério que carrega magia. É muito fácil... papai, mamãe ou responsável tem que deixar seu lado criança falar mais alto e ser criança junto com ela. Respeitar seus gostos e interesses. E entendendo isso, você consegue colocar a leitura no dia a dia da criança.

Pretende dar sequência à carreira literária?
Eu gostaria. Afinal de contas, as histórias auxiliam no desenvolvimento psicomotor, cognitivo e intelectual das crianças. E esses são alguns dos objetivos que trabalho em minhas aulas como professor de Educação Física, promover o desenvolvimento infantil. Inclusive já estou trabalhando no segundo livro e tenho um terceiro em mente. Mas se de fato vou seguir esse caminho, eu não sei. Estou esperando Papai do céu me mostrar o que ele quer de mim.

David, qual seu maior sonho?
Olha, são tantos e que já mudaram tantas vezes. Mas hoje, meu maior sonho é ser bom o suficiente para meu filho e meus alunos. Que eu possa de fato ajudar essa geração.