ESPAÇO SAÚDE

A agressividade nas eleições e seu impacto na sociedade

Por: Redação | Categoria: Saúde | 30-08-2022 18:51 | 388
Dr. Luiz Gustavo Guedes - Psiquiatra -
Dr. Luiz Gustavo Guedes - Psiquiatra - Foto: Arquivo

Neste momento democrático que estamos exercendo em nosso país, é comum observarmos debates e propagandas políticas em todos os meios de comunicação.

Estamos vivendo em uma era digital, portanto é mais que natural estas informações políticas estarem em alta nas redes sociais e nos vários grupos de WhatsApp.

Observamos que os meios digitais são intensos na vida cotidiana. Instagram, Facebook, Tiktok. Porém temos que tomar cuidado com o excesso de informação e a manipulação de dados que chegam até nossos telefones e computadores.

Entenda: Os sistemas de redes sociais são feitos de forma a qual quanto mais conteúdo específico o cidadão consome, mais conteúdo semelhante as redes sociais o entrega.

Por exemplo: se você gosta de futebol ou de novelas e interage com tal conteúdo em suas redes sociais, mais essa rede irá lhe mostrar sobre estes temas e assuntos relacionados a eles.

Afinal de contas, estas empresas digitais querem que seus usuários fiquem o maior tempo possível conecta-dos, então nada melhor para prender a atenção que um assunto que eles gostam, certo?

Isso também funciona para os temas políticos e partidários da preferência do usuário: Quando mais o eleitor pesquisa ou interage com o conteúdo de seu candidato e de pessoas que também têm a preferência por ele(a), mais conteúdo as redes sociais irão mostrar a este usuário sobre tal político e sobre os temas pertinentes à ele.

Os episódios de ataques entre os candidatos e a percepção de conflitos entre os mesmos está clara nestas eleições, e isso pode causar nos eleitores mais fervorosos uma verdadeira dicotomia, uma real fragmentação das relações sociais e da realidade, os influenciando a tal ponto de levar a sociedade a se dividir de forma conflitiva e pouco respeitosa, já que o conteúdo apresentado atualmente pelos candidatos muitas vezes seguem este tom lascivo e de combate, com muita acusação e pouco respeito.

Mas qual o motivo de agirmos assim?
A necessidade das pessoas serem aceitas em um grupo de semelhantes às quais elas se identificam é inconsciente e característico do ser humano, e para se firmarem como parte deste grupo, elas repetem e ecoam de forma inadvertida e quase automática as ideias deste coletivo com o propósito de se manterem aceitas por seus pares e úteis para o grupo.

Trazendo este fato ao tema atual, os eleitores que se identificam com candidato A, B ou C, acabam se agrupando com seus semelhantes em comunidades virtuais e grupos de WhatsApp, e ao absorver parte do discurso que seu(sua) candidato(a) manifesta em relação aos oponente, sentem-se validados e autorizados para seguir o exemplo e repetir o mesmo tipo de comportamento na sociedade a qual estão inseridos, neste caso contra os eleitores dos candidatos adversários ou aos grupos ideológicos estereotipados.

Como resultado observamos tons elevados de acusações infundadas entre os diferentes setores da sociedade, que podem levar (e muitas vezes levam) a discussões de ódio e manifestações raivosas pouco embasadas, sem pondera-mento, conflitivas e problemáticas.

Gostaria de salientar que somos um só povo, uma só nação, e por mais que nós eleitores temos o direito e o dever de manifestarmos nossas opiniões em relação aos candidatos, devemos sempre procurar exercer ponderamento e respeito com outros eleitores, afinal, após finalizado o o período eleitoral, iremos continuar convivendo com nossos vizinhos, amigos e familiares. Da mesma forma, os políticos irão seguir com seus mandatos e suas vidas sem nem ao menos tentar realizar a reparação de relações fragilizadas pela tamanha discórdia que hoje infelizmente experimentamos na política e na sociedade.

Temos que ter em mente que o nível alto de estresse gerado por estas discussões e rivalidade não é saudável, e podem acarretar desde frustrações e ansiedades até o início ou agravamento de sintomas psiquiátricos nos mais fervorosos, levando assim a um vasto prejuízo social e funcional, fragilizando os vínculos e estreitando as relações interpessoais necessárias para funcionarmos como sociedade.

Ame o(a) próximo(a), independente de ele(a) ser contra ou a favor de seus(suas) candidatos(as) de escolha. Vamos abrir mão dessa percepção grotesca criada por eles de "dividir para conquistar" e do "senso de inimigo comum para angariar apoio (e votos)". Vamos começar a agir como irmãos e irmãs que somos, filhos de um só país, independente da visão política de cada um, pois assim, unidos, nos tornamos inven-cíveis.

Obrigado por esta leitura e para mais informações sobre este ou outros temas, acesse no Instagram @drluiz gustavo guedes. Até a próxima, aqui na Coluna Espaço Saúde.

Dr. Luiz Gustavo Guedes
Médico Psiquiatra
CRM/MG 63277
RQE 50446