DEPRESSÃO

Trabalho de conscientização sobre a depressão completa quatro anos

Por: Roberto Nogueira | Categoria: Saúde | 19-09-2022 09:22 | 848
Trabalho de quatro anos continua sendo referência para estudos sobre a depressão na mulher
Trabalho de quatro anos continua sendo referência para estudos sobre a depressão na mulher Foto: Reprodução

O documentário Camélias desenvolvido em 2018 para um trabalho de faculdade continua sendo fonte de referência e de consulta sobre a influência da depressão na mulher. Segundo a jornalista Fernanda Mello, uma das idealizadoras do projeto, o assunto é dinâmico e envolvente considerando que é cada vez maior o número de pessoas acometidas pela doença, principalmente com o advento da pandemia onde o confinamento, as mudanças na forma de relacionar e de convivência revolucionou o modo de pensar e de viver da sociedade, ocasionando transtornos e aumentou significativamente a quantidade de pessoas acometidas pelos efeitos destas enfermidades.

Fernanda relembra que o projeto foi desenvolvido em 2018 e fez parte do Trabalho de Conclusão de Curso, na Faculdade de Jornalismo, realizado na Universidade de Franca, a Unifran. Ela cita que o documentário “Camélia” teve a participação de figuras marcantes de São Sebastião do Paraíso que foram entrevistadas e contribuíram com seus depoimentos para o desenvolvimento da ação.

“O nome Camélia teve como referência a flor que exige uma atenção especial com luz, cuidados e ambiente em que é cultivada e assim também são as personagens que fazem parte deste trabalho”, define.

O documentário aborda sobre a depressão na mulher na faixa etária de 15 a 29 anos e a proposta apresentada surgiu como um grande desafio. “Fizemos um link referindo-se aos cuidados com a planta, relacionadas à mulher que sofre com esta doença descrita como o mal do século e percebemos quanto é profunda é esta questão que merece ser encarada com um olhar mais do que especial por acometer tantas pessoas”, comenta.

Fernanda disse que foram realizados estudos de casos, pesquisas e busca por personagens, pois há um grande tabu e até preconceito em relação a quem sofre com a enfermidade.

Após a avalanche dos acontecimentos e passados praticamente quatro anos da elaboração do projeto Fernanda anuncia que o documentário continua ativo como fonte de consulta por informações sobre o assunto. “Notamos que a ascensão das mídias possibilitou uma crescente em visualizações do projeto audiovisual”, comenta. O trabalho está disponível no YouTube, no canal da agência experimental do grupo da faculdade chamado Lumus Comunicação.

As mudanças no comportamento social são constantes e esta é uma das constatações do projeto. “É gratificante olhar para tudo que foi feito e notar tantos feedbacks positivos e que as pessoas buscam por assistir o curta-metragem para se encontrarem nos relatos das entrevistadas”, avalia.

Longe de ser encarada como uma frescura a ação enfatiza a necessidade de se ter um olhar empático para quem sofre e busca ajuda. “Acreditamos que estamos ajudando. Sim, a Comunicação salva, seja através do falar e relatar os fatos da mesma forma com que aceitar as propostas de tratamento. O conhecer as questões e o saber lidar com elas faz com que o caminho se torne menos doloroso”, observa.

Fernanda acrescenta que o Setembro Amarelo faz com que a conscientização sobre a saúde mental se torne mais evidente, em uma época propícia para se falar sobre o assunto. 

A então estudante e agora jornalista, recorda ainda que dentro do TCC foi criado um Press kit intitulado UMU - O Jogo da Mente. Este projeto foi finalista do Intercom Sudeste, considerado uma espécie de congresso de cientistas da comunicação. A iniciativa tem por objetivo premiar trabalhos experimentais produzidos exclusivamente por estudantes no campo do Jornalismo e Publicidade e Propaganda.

O jogo consiste em perguntas e respostas sobre depressão e ansiedade e o resultado dos pontos indicam se o jogador tem propensão a desenvolvê-las. “Pretendo dar um novo start nesse protótipo e colocá-lo em circulação de alguma forma para contribuir com jovens e adultos que precisam de alguma forma se comunicarem e entenderem mais sobre essas doenças. O jogo tem um viés informativo que muito me orgulha”, finaliza Fernanda Mello.  A proposta está em fase de revitalização.

QUANDO A TRISTEZA VIRA DOENÇA
Estudos recentes apontam que o Brasil é o país que apresenta maior prevalência de depressão na América Latina, segundo informações do Ministério da Saúde. É também considerado o país com mais pessoas ansiosas do mundo. Dados do órgão apontam que a pandemia elevou a prevalência global de ansiedade e de depressão em 25%.

O consumo de medicamentos para transtornos psíquicos aumentou, os antidepressivos e ansiolíticos tiveram um aumento em vendas nos últimos três anos. 

O levantamento revela que o uso de medicamentos para essa classe terapêutica, cresceu 33% no primeiro semestre desse ano, comparado ao mesmo período do ano passado, e o número de beneficiários também aumentou em 37%, em relação ao período.

A depressão, por exemplo, é considerada um transtorno comum, mas precisa ser levada a sério, uma vez que interfere na vida diária do ser humano e pode impactar atividades corriqueiras como trabalhar, dormir, estudar, comer e se divertir. Cerca de 6% da população brasileira sofre de depressão, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Os sintomas podem começar de maneira silenciosa e se agravar ao longo do tempo, caso não haja ajuda profissional. A falta de interesse pela vida e a perda de vontade e prazer em atividades antes simples e prazerosas podem ser notadas. Irritabilidade, falta de concentração e alterações do sono e do apetite também podem ocorrer.

A mudanças de estilo de vida, como a busca pelo convívio social e familiar, a prática de atividades físicas e seis horas de sono consecutivas, para se ter uma noite tranquila e reparadora, são essenciais para uma pessoa manter a estabilidade emocional. No caminho para se livrar destas situações existem dicas de manejo e tratamento dos sentimentos que auxiliam na estabilidade emocional.

Entre as dicas dos especialistas constam o manter-se distante de álcool, drogas e dos hábitos nocivos. Também auxiliam na recuperação e na estabilidade a prática de uma crença religiosa onde as pessoas possam encontrar um fator de proteção para o transtorno.