A Santa Casa de Misericórdia de São Sebastião do Paraíso, referência regional para atendimento em várias especialidades, tem experimentado elogiável crescimento. Modernizando-se, tem conforme vem sendo mostrado, planejamento para tornar-se cada vez mais eficiente. Ponto nevrálgico para um hospital de sua magnitude, que dispõe do Hospital do Coração especializado em cirurgias, é a falta de um hemo-centro, ou, ao menos posto de coleta de sangue capaz de atender sua demanda.
O reflexo é sentido não apenas no hospital que, por falta de determinados tipos de sangue precisou cancelar cirurgias. O baixo estoque tem ocasionado problemas. Recentemente uma moradora em Patrocínio (MG) solicitou que o Jornal do Sudoeste publicasse o pedido para que doadores socorressem sua tia que estava hospitalizada há alguns dias para se submeter à cirurgia cardíaca. Precisava de sangue tipo B ou O negativo. Muitas pessoas doaram, mas não era o que ela precisava, e não foi possível fazer a troca, e a paciente precisou retornar para Patrocínio, que está a aproximadamente 350 quilômetros de Paraíso. Dias depois foi chamada e submetida à cirurgia no HCor.
Quem passa por situação semelhante, mesmo residindo em São Sebastião do Paraíso, onde há laços familiares e de amizade, afirma ser algo complicado. Conseguir doadores de sangue de uma hora para outra não é nada fácil. E isso ocorre com frequência, conforme explica Luiz Queiroz, irmão de uma paciente internada há mais de um mês.
“Minha irmã estava internada na UTI em coma induzido, caso grave. Precisou de sangue e a Santa Casa me ligou solicitando 10 doadores. Você não imagina o desgaste para arrumar doadores e leva-los a Passos para doar”, disse.
Ao Jornal do Sudoeste o prefeito Marcelo Morais disse que estão em andamento entendimentos com o Hemocentro, e que alguns locais que foram disponibilizados para a implantação do Posto de Coleta, não foram aceitos. Nesta sexta-feira (30/9), em novo contato feito pela redação do “JS”, o prefeito explicou que um engenheiro está elaborando “a planta baixa” de um imóvel na rua Duque de Caxias para ser apresentada ao Hemocentro. “Caso vetarem vou começar do zero”, salientou, ao afirmar que “é um processo muito burocrático”.
Para quem sente na pele a experiência de precisar ou ter familiar precisando de sangue, a demora na implantação do posto de coleta de sangue é mais angustiante. “Esse processo está demorando, é importante implantar logo. É grande a dificuldade em conseguir doadores e de pessoas que podem ir a Passos. Se tivéssemos o Posto de Coleta em Paraíso teríamos muito mais doadores, melhor estoque. Um ganho enorme para Paraíso e cidades próximas na área de abrangência da Santa Casa, porque doadores de outros municípios também precisam se deslocar até Passos”.
Em São Sebastião do Paraíso há um bom número de doadores de sangue. A grande dificuldade, segundo de relato de alguns deles, ouvidos pelo Jornal do Sudoeste, é a ida ao Hemocentro em Passos. É necessário preenchimento de fichas na Santa Casa em Paraíso, o transporte é feito coletivamente em determinados dias da semana, o que interfere na jornada de trabalho de doadores.
Se para pacientes de Paraíso conseguir doadores se torna uma aventura, para os de outras localidades, se torna tarefa ainda mais difícil.