ESPAÇO SAÚDE

Depressão e Ansiedade em crianças e adolescentes aumentam de forma assustadora

Por: Redação | Categoria: Saúde | 12-10-2022 10:43 | 900
Dr. Luiz Gustavo Guedes - Psiquiatra -
Dr. Luiz Gustavo Guedes - Psiquiatra - Foto: Arquivo

Um grande estudo publicado no "Journal of the American Medical Associa-tion" analisou 29 estudos independentes em mais de 80 mil indivíduos e evidenciou o que na prática clínica vem sendo observado: o número de crianças e adolescentes sofrendo de ansiedade e depressão aumentou de forma assustadora, principalmente após a Covid-19.

Após as mudanças abruptas da rotina de vida com o início da pandemia, como o fechamento de escolas, o isolamento social, o aumento do estresse familiar e a diminuição das atividades com outras crianças, observou-se o dobro dos índices de depressão e ansiedade nesta população.

Depressão e ansiedade são as duas patologias mais comuns em crianças e adolescentes. Sintomas depressivos incluem sentimento de tristeza (ou raiva em crianças), perda do interesse e prazer nas atividades, e alterações regulatórias no sono e apetite.

Sintomas ansiosos nos jovens incluem, entre outros sintomas, agitação, preocupação incontroláveis e medo generalizado.

Estima-se hoje que um entre cada quatro crianças/adolescentes (25.2%) possuam sintomas depressivos importantes e 1 em cada 5 crianças/adolescentes (20.5%) possuam sintomas de ansiedade com impacto diário.

Dentro destes números, foi observado que crianças mais velhas e do sexo feminino foram as maiores prejudicados, assim como aquelas que se encontram em áreas a qual houve maior dano pelo Covid-19 e nas zonas urbanas.

Observou-se também a piora da Ansiedade Generalizada e da Fobia Social naqueles já com sintomas prévios à Covid-19 e que foram expostos à tais fatores descritos acima.

O número de crianças e adolescentes doentes dobrou se comparado a valores prépandêmicos, onde se estimava 12,9% de jovens com sintomas depressivos e 11,6% de ansiosos, o que se mostra como um sinal para que sejam elaboradas novas políticas públicas de saúde mental visando desenvolver mecanismos para prevenir, identificar e tratar tais doenças nesta população, que caso sejam negligenciadas, causarão danos importantes de indivíduo e no coletivo social no futuro.

O que os pais podem fazer?
Os pais que estão percebendo algum comportamento alterado, diferente ou inadequado em seus filhos devem primeiramente buscar entender o contexto no qual tal mudança começou, como por exemplo se está acontecendo alguma situação atual como preocupações com escola, relacionamentos, relação entre os pais, irmãos, outros familiares; se aconteceu ou existe algum fator estres-sor agudo ou algum trauma conhecido recente/prévio que possa ser identificado.

Estas e outras informações são importantes para que o profissional psiquiatra, pediatra ou psicólogo possa começar a construir o caso e intervir da melhor forma.

Lembre-se que se deve buscar ajuda especializada ao invés de tentar intervir de forma abrupta e sem orientação, pois devido à angústia e preocupação inerentes ao pais quando percebem que seus filhos não estão bem, erros podem ocorrer e causar um novo foco de problema, sobrecarregando assim sintomas já instalados nestas crianças. Buscar ajuda com o especialista é SEMPRE a melhor opção.

Para maiores informações sobre saúde mental e psiquiatria acesse minha página no Instagram @dr luizgustavoguedes. Até a próxima coluna Espaço Sa-úde aqui no Jornal do Sudoeste.

Racine N, McArthur BA, Cooke JE, Eirich R, Zhu J, Madigan S. Global Preva-lence of Depressive and Anxiety Symptoms in Children and Adolescents During COVID-19: A Meta-analysis. JAMA Pediatr. 2021;175(11):1142-1150. doi:10.1001/jamapedia-trics.2021.2482

Dr. Luiz Gustavo Guedes
Médico Psiquiatra
CRM/MG 63277
RQE 50446