Recebidos pela diretora Roselaine Aparecida de Medeiros, fomos surpreendidos pelo tamanho e organização da Escola Municipal Napoleão Volpe no bairro rural que leva o mesmo nome da família. Os Volpes se estabeleceram na região há aproximadamente 150 anos quando o italiano Napoleão Volpe chega ao Brasil. Saindo de Paraíso é preciso tomar o rumo da Capelinha da Noca, passar pelo Condomínio Cachoeira, seguir em sentido à Fazenda Ponte Alta na estrada que leva à Antinha.
Com cerca de 200 alunos matriculados, a escola possui bem montada biblioteca e refeitório que atende a alunos e funcionários dos turnos matutino e vespertino do infantil ao 9º ano do Ensino Fundamental. Vans, kombis e ônibus fazem diariamente o transporte de alunos, funcionários e corpo docente.
O prédio atual, com quadra poliesportiva coberta, foi inaugurado em 1991. Ao lado da escola se encontra um bar onde Samuel e João oferecem petiscos, bebidas e um almoço caprichado aos domingos. Seguindo a estrada da escola, mais adiante avista-se um morro, onde em seu sopé mora desde 1958 dona Maria Aparecida Mendonça Volpe, afamada benzedeira de 81 anos que recebe até padre para benzeção.
Nascida na Fazenda Velha, também na mesma região, dona Aparecida nos conta que começou a benzer aos 16 anos, quando seu primogênito, adoentado com sapinho, não pôde ser atendido por outra benzedeira e ela quis aprender a tradição.
Na sequência ela nos indica o caminho da casa de sua cunhada, Alice Volpe. Com 97 anos e ainda lúcida, dona Alice mora no sentido oposto à escola. Após passar em meio a um bem cuidado cafezal, inicia-se uma subida de onde se avista a dimensão do bairro e belezas da região. Somos recebidos por seu neto, já de saída, e sua filha Maria Alice, que faz companhia à mãe na casa do alto da montanha. Ambas desfiam histórias pitorescas do tempo de seus antepassados.
Dona Alice é neta de Napoleão Volpe, fundador do bairro. Napoleão e Pierina Davi tiveram 12 filhos e a vasta prole também foi deixando sua marca na comunidade rural. Não é nada difícil encontrar um Volpe trabalhando arduamente em alguns dos muitos sítios e fazendas da região. Dona Alice traz a paz em seu semblante e compartilha as recordações guardadas em seu coração com doçura e suavidade.
Cantarola canções religiosas antigas, ora recordando palavras em italiano, idioma certamente falado por seus pais e avós, mesmo já vivendo em terras brasileiras. Recorda seu casamento com o Sr. Wilson Volpe, seu primo e companheiro por longos e felizes 71 anos.
Maria Alice, sua filha, nos conta que há uma igrejinha, datada de 1945, em louvor à Nossa Senhora Aparecida, carecendo de restauro e que atualmente se encontra em propriedade particular e não é mais utilizada pelos devotos do bairro.
A sensação naquele lugar é de que a paz e a calmaria ainda resistem, como um elo ligando o presente a tempos onde tudo era mais simples... Agradecemos a receptividade e nos despedimos de mãe e filha. Do-na Alice faz questão de agradecer a visita.
Certamente Napoleão e Pierina brindariam com um bom vinho a descendência que os honra.