Na edição de quarta-feira, 25, o Jornal do Sudoeste noticiou a morte de centenas de milhares de abelhas em apiários de São Sebastião do Paraíso e região. De acordo com a denúncia, os insetos teriam sido envenenados depois que um produtor de soja da comunidade rural do Morro Vermelho teria realizado uma pulverização aérea de um agrotóxico em sua lavoura. No dia seguinte à publicação, um agricultor daquele local entrou em contato com a reportagem, declarando que seria ele o denunciado, e alegando que a informação é inverídica.
Na ocasião, criadores de abelhas procuraram o “JS” com a informação de que colmeias inteiras estavam sendo dizimadas por causa da pulverização aérea de um inseticida chamado “fipronil”. Além de altamente tóxico, o defensivo agrícola não pode ser espalhado nas plantações por avião. Um dos denunciantes, que diz ter sofrido um prejuízo de cerca de R$ 1,6 milhão nos últimos dois anos, enviou um lote de abelhas mortas a um laboratório de análises, que constatou a presença do agrotóxico nos insetos. A história chegou ao conhecimento do prefeito Marcelo Morais, que pediu para que a Secretaria Municipal de Meio Ambiente investigasse o caso.
Diante da repercussão da matéria, o produtor rural José Maercio Jú-nior, produtor de soja do Morro Vermelho, entrou em contato com a reportagem afirmando que ele seria o único agricultor a fazer a pulverização aérea naquela região e que, por isso, a denúncia apresentada pelos apicultores se referia a ele. Ainda de acordo com ele, a afirmação não é verdadeira, pois ele não utiliza o fipronil em sua plantação. “Fiquei bastante indignado, pois essa é uma acusação séria e sem cabimento”.
José Maercio explica que faz, sim, a pulverização aérea de defensivos nas terras que arrenda, contudo, todos os produtos utilizados por ele podem ser espalhados nas plantações por avião. “Imediatamente acionei o agrônomo responsável (pelas lavouras) e reuni todas as bulas dos produtos utilizados em nossas plantações. Eu jamais usaria algo que pudesse prejudicar alguém ou fosse ilegal”, se defende o agricultor.
Ainda de acordo com o produtor de soja, logo que a reportagem foi divulgada, ele entrou em contato com criadores de abelhas vizinhos, questionando se esses haviam perdido abelhas por intoxicação. E a resposta, segundo ele, foi negativa. “Essas criações estão localizadas a dez metros da soja que plantamos e que foi pulverizada pela aeronave. E todas as abelhas estão vivas e intactas. Como poderiam morrer abelhas a oito quilômetros de distância da área pulverizada, por uma substância que não estava presente na operação?”, questiona José Maercio.
A versão é confirmada pelo apicultor Alexandro Freitas, que possui colmeias em terreno próximo à referida plantação. “Eu fiz uma revisão nas abelhas e está tudo normal, não morreu nenhuma abelha. Isso porque as minhas caixas estão a dez metros da soja. Não teve mortandade”, declara. Por fim, o agricultor diz que reuniu todas as provas referentes aos agrotóxicos usados na pulverização aérea e as entregou à Secretaria de Meio Ambiente.