POLE POSITION

O importante é se manter nos radares da F1

Por: Sérgio Magalhães | Categoria: Esporte | 05-02-2023 07:42 | 847
Mick Schumacher será piloto reserva da Mercedes e da McLaren nesta temporada
Mick Schumacher será piloto reserva da Mercedes e da McLaren nesta temporada Foto: Mercedes

Mick Schumacher será piloto reserva da Mercedes e estará disponível para a McLaren na mesma função caso seja necessário nesta temporada! Quando tudo parecia perdido no final do ano passado, o filho do heptacampeão Michael Schumacher ganhou de Toto Wolff sobrevida na F1. A força do sobrenome teve um peso. Wolff evitou que Mick deixasse a categoria pela porta dos fundos em consideração à forte ligação do nome Schumacher com a marca Mercedes no passado.

O jovem alemão foi demitido da Haas depois de uma temporada abaixo do esperado, o que fez a equipe norte-americana optar pelo retorno à F1 do experiente Nico Hulkenberg que formará dupla com Kevin Magnussen.

Eu sempre achei que Mick, hoje aos 23 anos, chegou despreparado na F1 dois anos atrás na Haas que por sua vez enfrentaria uma temporada complicada ao abrir mão de qualquer evolução do carro para concentrar suas atenções no modelo de 2022 que seria um desafio de engenharia diante do novo regulamento. Mick venceu nas categorias de base, foi campeão da F3 Europeia em 2018 e da F2 em 2020, mas nunca empolgou. Seu cartão de visita estava mais ligado ao sobrenome do que ao talento. O 2021 da Haas foi péssimo, lanterna do campeonato sem nenhum ponto. Para piorar, a dupla de pilotos era estreante. Schumacher sobressaiu sobre o inexpressivo Nikita Mazepin, mas longe de chamar atenção.

Mas bastou a chegada do experiente Kevin Magnussen no ano passado para as deficiências de Mick serem escancaradas. Foram três chassis destruídos em acidentes, em dois deles deu muita sorte de sair ileso. Nos cálculos do chefe da Haas, Mick Schumacher causou prejuízos de US$ 2,5 milhões aos cofres da equipe, o que teria prejudicado o desenvolvimento do carro que nasceu bom e poderia ter somado mais pontos se novas peças pudessem ser desenvolvidas com o dinheiro que precisou ser gasto com os reparos causados pelas batidas do alemão, o que foi decisivo para sua demissão no final do ano passado.

Mick somou 12 pontos, pontuou apenas duas vezes, foi 8º na Inglaterra e 6º na Áustria contra 25 pontos de Magnus-sen que conquistou uma improvável pole em Interlagos.

Ao recrutar Schumacher como piloto reserva da Mercedes, mais que um gesto de consideração de Toto Wolff com a família do alemão, pode ser um sopro para colocar Mick nos trilhos. Sem o peso que carregou sobre os ombros nesses dois anos, ele terá tempo para se desenvolver como piloto. Ganhará experiência trabalhando nos simuladores com um time de profissionais que conhece bem o caminho das vitórias. Poderá espiar aqui e acolá como Hamilton e Russell trabalham, e se pintar uma oportunidade na própria Mercedes ou na McLaren, será ele quem vai substituir o titular. Um bom negócio. A essa altura, o importante é se manter nos radares da F1 e aproveitar as oportunidades que possam surgir.

A carreira de Mick Schumacher poderia ter tido melhor curso se seu pai pudesse estar ao seu lado nas pistas. Mas o trágico acidente quando esquiava na França em 2013, impediu Michael de acompanhar os passos do filho no automobilismo, e isso vale uma reflexão do quão deve ter sido difícil para Mick correr sem os conselhos do pai e carregando o peso do sobrenome.

Nesta semana Mick Schumacher esteve na fábrica das duas equipes para moldar o banco com as suas medidas. A Mercedes fornece motores para a McLaren, o que viabilizou o acordo para que ‘Schumaquinho’ possa servir às duas se for preciso.

Um passo atrás pode ser a chave para um futuro honesto de Mick Schumacher na F1.