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F1 não quer mais passar vexame na chuva

Por: Sérgio Magalhães | Categoria: Esporte | 26-02-2023 20:32 | 880
Carros da F1 terão arco sobre as rodas em corridas com chuva
Carros da F1 terão arco sobre as rodas em corridas com chuva Foto: Ilustração / The Race

Termina hoje no Bahrein o terceiro e último dia de testes de pré-temporada e no próximo final de semana, lá mesmo, no Circuito de Sakhir, será dada a largada para o mais longo campeonato da história da F1 com 23 corridas e mais seis sprints, as minicorridas de classificação no sábado.

O momento é de buscar a sintonia fina dos carros, mas um grupo de técnicos da Federação Internacional de Automobilismo estão debruçados sob os estudos para que a F1 não passe mais vexame na chuva como nos últimos anos. Um dos grandes desafios da principal categoria do automobilismo mundial de algum tempo para cá tem sido correr no molhado, efeito colateral das mudanças de regulamentos e dos novos conceitos aerodinâmicos que foram tornando cada vez mais crítico o comportamento dos carros no asfalto molhado. O principal deles é a visibilidade precária por conta do spray que o carro da frente levanta, o que torna praticamente impossível para quem vem atrás enxergar um palmo à frente do nariz.

No final do ano passado, o conceituado site inglês, “The Race”, publicou matéria interessante sobre os estudos que a FIA tem feito para amenizar o problema e uma das soluções será a implantação de uma cobertura sobre as rodas traseiras dos carros, uma espécie de paralamas, para reduzir o spray em situações de chuva forte.

A principal causa de tanto spray, segundo a Pirelli, nem é tanto dos pneus de chuva, mas da parte aerodinâmica dos carros. Quando as condições de pista exigem os pneus de chuva intensa, aqueles que dispersam maior volume de água que os intermediários, não há outra saída senão interromper treinos ou corrida com bandeira vermelha até que as condições climáticas melhorem, o que cria um anticlímax geral.

Vimos isso no ano passado em Mônaco, mas o vexame que a F1 passou no Japão foi gritante, assim como na Bélgica em 2021 quando houve apenas duas voltas completadas atrás do Safety Car. Aqui cabe um parêntese: (os pneus de chuva da F1 dispersam 85 litros de água por segundo a 300 km/h. Os Intermediários dispersam 30 litros por segundo com os carros na mesma velocidade, mas aquecem mais rápido que os de chuva intensa). 

A equipe de estudos da FIA, liderada por Nikolas Tombazis, espera reduzir em 50% o volume de spray na chuva com a adoção da peça que deverá ser testada na metade da temporada e adotada de vez em 2024.

Isso não significa que os carros terão o elemento em todas as corridas, como na ilustração, mas apenas quando as condições exigirem. Tombazis explica que os estudos agora se concentram na forma como a peça será acoplada aos carros. Não se trata de parar nos boxes e serem adaptadas, mas sim quando houver uma bandeira vermelha, caso a corrida comece com pista seca e a chuva chegue com força. “Não queremos que toda vez que cair uma gota de chuva, de repente você tenha que encaixar essas coisas”, disse.

Nesta semana a Federação anunciou que em Ímola, sexta etapa do campeonato, será apresentado um novo pneu de chuva desenvolvido pela Pirelli que não precisará ser aquecido em cobertores elétricos. O comunicado diz que “após testes bem-sucedidos da Pirelli com apoio de todas as equipes, chegou-se a um pneu para chuva que tem muito mais desempenho do que a especificação anterior e não requer o uso de cobertores para aquecimento”.

E isso vem de encontro com o fim do pré-aquecimento dos pneus por meio de cobertores elétricos previstos para 2024.

Enfim, um kit para clima chuvoso e assim desmistificar a sensação de que a F1 tem medo de chuva.