Tensão na pista e nos boxes
Por: Sérgio Magalhães | Categoria: Acidente | 02-04-2023 09:36 | 1034
A F1 está do outro lado do planeta, onde nesta madrugada, às 2h, acontece a largada para o GP da Austrália, terceira etapa do campeonato que tem Max Verstappen na liderança com 44 pontos, um a mais que o companheiro de equipe, Sergio Pérez, que vem de vitória na Arábia Saudita. Verstappen venceu no Bahrein e a Red Bull tem até aqui 100% de aproveitamento com duas dobradinhas.
Apesar do domínio - e por conta disso mesmo - há uma tensão no ar entre Verstappen e Pérez que aflorou no GP da Arábia Saudita. Verstappen largou de 15º por conta da quebra do semieixo no sábado e terminou em 2º. Pérez também brilhou ao não permitir o ataque de Verstappen. Mas em vez de festa, nenhum dos dois estavam satisfeitos depois da corrida. O holandês ficou irritado quando perguntou para o engenheiro quem tinha a melhor volta e não foi informado. O mexicano por ter mantido o ritmo determinado pelo engenheiro, mas Verstappen não obedeceu e fez a volta mais rápida da prova no último giro, conquistando o ponto extra que até então era de Pérez. O autor da volta mais rápida de cada corrida, desde que termine entre os dez primeiros, ganha um ponto, e foi esse ponto que colocou Verstappen na liderança do campeonato (44 a 43).
Para entender essa rivalidade, ainda que Verstappen seja mais piloto do que Pérez, é preciso voltar no GP de Mônaco do ano passado quando Pérez tinha o melhor tempo e bateu no final da classificação, impedindo Verstappen de fazer a pole. Pérez venceu a corrida e Verstappen passou a suspeitar que o companheiro de equipe tivesse batido de propósito no sábado para ficar com a pole. Nada ficou provado, mas em Interlagos, Verstappen, com o título conquistado por antecipação, recusou-se a ceder a 6ª posição na corrida para Pérez que lutava pelo vice-campeonato e deu chilique pelo rádio: “não me peçam mais isso, tenho minhas razões”.
Pérez perdeu o vice-campeonato para Leclerc, da Ferrari, no que Verstappen deve ter esquecido da grande ajuda que recebeu do mexicano na conquista de seu primeiro título em 2021.
Verstappen e Pérez deram várias declarações na Austrália de que está tudo bem entre eles, e vai ser interessante acompanhar o desfecho dessa rivalidade uma vez que são os favoritos para a corrida e o campeonato.
O clima é de tensão também na Ferrari depois de um começo ruim de temporada. Leclerc abandonou no Bahrein por quebra de motor e na Arábia Saudita perdeu dez posições no grid pela troca da segunda central eletrônica (cada piloto tem direito a duas por ano). Contrariando o que havia dito Fred Vasseur, de que a Ferrari estaria mais próxima da Red Bull do que na mira da Aston Martin, a corrida de Jeddah foi um desastre para a Ferrari. Sainz e Leclerc terminaram em 6º e 7º respectivamente, atrás de Aston Martin e Mercedes, muito aquém para uma equipe com maiores pretensões.
Como foi no ano passado?
Charles Leclerc fez a pole e venceu o GP da Austrália de 2022. Verstappen lutou pela vitória numa disputa roda a roda com Leclerc, mas sofreu uma quebra mecânica e abandonou a prova. Apesar de Carlos Sainz ter escapado da pista e abandonado na primeira volta, a vitória de Leclerc coroou um começo de temporada forte da Ferrari antes de se afundar num poço do qual ainda não conseguiu emergir. Sergio Pérez terminou em 2º e George Russell em 3º.
O que esperar do GP da Austrália
A Red Bull deve continuar dando as cartas na Austrália, mas apesar de todo o favoritismo, a quebra do semieixo de Verstappen em Jeddah, e da troca da central eletrônica do carro de Pérez, mostra que o RB19 é um carro sujeito a falhas. As características do Circuito Albert Park com freadas fortes, favorece carros com boa tração, e a Aston Martin que tem sido a sensação com Alonso conquistando dois pódios seguidos, tem boas chances de fazer outra grande corrida. Um detalhe curioso: nos últimos 9 GPs da Austrália, o pole position venceu apenas duas vezes: Hamilton em 2015 e Leclerc no ano passado.