O buraco aberto no calendário da F1 com o cancelamento do GP da China, lá em janeiro, por conta da política que o governo chinês havia adotado de ‘Covid zero’ naquela época, criou uma espécie de férias não programadas para a categoria. Praticamente um mês sem corridas desde a terceira etapa do campeonato disputada na Austrália, no dia 2 de abril. Aliás, há rumores de que a Liberty Media, dona da F1, tenta se livrar do contrato com os organizadores do GP da China, que embora seja um mercado importante para o esporte, a prova acaba sendo um obstáculo nas intenções dos diretores da F1 em criar um calendário regionalizado.
Sem realizar o seu GP desde 2020 quando surgiu a Covid-19, a China tem contrato com a F1 até 2025, mas os severos protocolos com alfândega, torna-se praticamente impossível associar a corrida de Xangai com outra prova asiática em curto espaço por conta da demora nas liberações de entrada e saída dos equipamentos e materiais das equipes em território chinês.
Após o cancelamento do que seria o 17º GP da China, houve corre-corre e conversas com Portimão, em Portugal, e Istambul, na Turquia, como tampão para a corrida que tinha data reservada para 16 de abril, mas as negociações não evoluíram e o resultado é a longa espera até próxima etapa.
Mas se essas quatro semanas sem corridas serviram de refresco para quem viaja com a F1, a partir do próximo final de semana quando acontece o GP do Azerbaijão, será pauleira: 10 corridas em 14 finais de semana até o GP da Bélgica, último antes da parada para as férias do verão europeu, em agosto.
O acúmulo de corridas é reflexo do mais extenso calendário da história da F1 com 23 provas, e a intenção da Liberty é chegar a 25 corridas com a promessa de torná-las regionalizadas para amenizar o desgaste com as viagens de quem trabalha com a F1.
Nesta semana, a Federação Internacional de Automobilismo negou o pedido de revisão da Ferrari sobre a punição de 5 segundos aplicada em Carlos Sainz por conta do toque em Fernando Alonso na última relargada do tumultuado GP da Austrália, que o jogou da 4ª para a 12ª posição. Com o abandono de Charles Leclerc ainda na primeira volta da corrida, a Ferrari saiu de Melbourne sem somar nenhum ponto.
A FIA alegou falta de novas evidências apresentadas pela Ferrari para abrir o processo e não aceitou a versão de Sainz alegando que o sol em seu rosto e a baixa temperatura dos pneus, pelo cair da tarde em Melbourne, seriam elementos que justificassem o toque. Assim, Sainz foi considerado culpado por (quase) ter arruinado a corrida de Alonso. A sorte do espanhol da Aston Martin foi que devido às muitas batidas que ocorreram naquela terceira relargada, o diretor de prova deu nova bandeira vermelha e recolocou no grid todos os carros que tinham condições de continuar na prova, prevalecendo a posição em que ocupavam antes da paralisação. Assim, Alonso manteve o 3º lugar.
Por falar em Alonso, seus três pódios consecutivos nesta temporada, algo que ele não obtinha desde 2013, nos tempos de Ferrari, vieram de forma dramática: No Bahrein recebeu um toque do companheiro de equipe na primeira volta e por sorte escapou ileso. Na Arábia Saudita houve toda aquela polêmica em que o mecânico encostou o macaco na traseira do carro enquanto Alonso pagava uma punição de 5 segundos por ter se posicionado fora de posição na largada, e depois de muita demora os comissários acataram o protesto da Aston Martin e devolveram o 3º lugar para Alonso quando já era madrugada, em Jeddah.
E na Austrália teve a sorte de seu carro não ter sido danificado na batida provocada pelo compatriota da Ferrari e garantiu mais um pódio para a Aston Martin que está sendo a sensação do campeonato até aqui.
A frustração da Ferrari com a negativa da FIA foi tão grande quanto ter saído da Austrália sem nenhum ponto no campeonato. A equipe de Maranello ocupa apenas a 4ª posição entre os construtores com 26 pontos diante dos 123 da líder, Red Bull.