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Pesquisa com a participação da UFLA analisa árvores gigantes da Amazônia

Por: Redação | Categoria: Educação | 26-04-2023 01:00 | 368
Foto: Reprodução Site UFLA

Aventurar-se na floresta amazônica para chegar a um santuário de árvores gigantes de mais de oitenta metros de altura pode até parecer coisa de filme, mas, recentemente, um grupo de pesquisadores enfrentou desafios para coletar amostras dessas árvores e de suas árvores vizinhas.

Após a expedição, que foi organizada pelo professor do Instituto Federal do Amapá (Ifap) Diego Armando da Silva e foi a sexta até esse santuário, as amostras foram trazidas para a Universidade Federal de Lavras (UFLA), que participa da pesquisa. Metade das amostras também foram enviadas para a Universidade do Arkansas, nos Estados Unidos. Com as análises, será possível datar precisamente as idades dessas árvores e até mesmo saber mais sobre o clima do passado, por meio da construção de cronologias dessas árvores de diferentes locais da região amazônica.

As amostras coletadas são das árvores de Cedrela odo-rata (cedros-vermelhos), angelins e castanheiras. A equipe também revela que a pesquisa, além de permitir obter informações sobre o crescimento dessas árvores, pode até mesmo ajudar, por exemplo, as comunidades locais que se beneficiam da castanha-da-amazônia, popularmente conhecida como castanha-do-pará, pois as mudanças climáticas também podem estar afetando o crescimento e a produção de castanha anualmente. Portanto, são várias as perguntas que a equipe pretende responder com o método de dendrocronologia, ou seja, com a datação dessas árvores. Todas as análises já estão em andamento.

As amostras retiradas dos troncos (extraídas em formato de vara com um equipamento chamado trado de incremento, sem prejudicar as árvores) foram polidas no Laboratório de Dendrocronologia da UFLA, para que fosse possível ver os anéis de crescimento, que são as linhas escuras parecidas com “círculos” irregulares encontradas no interior dos troncos. A quantidade de anéis representa a idade da árvore e cada anel corresponde, aproximadamente, a um ano de vida.

Além disso, ao medir o tamanho de cada anel, ou seja, a sua largura, é possível identificar também se aquele foi um ano chuvoso ou não. De acordo com a pesquisadora pós-doutoranda da Universidade do Arkansas e egressa da UFLA Daniela Granato de Souza, a largura do anel está associada diretamente à quantidade de chuva. “Quanto mais largo o anel, mais chuva houve naquele ano. Quanto mais fino o anel, menos chuva e, possivelmente, um ano seco. Então, obtém-se a informação de chuva por meio da largura dos anéis de crescimento. É uma relação direta, simples e que nos dá a informação de duzentos anos de chuvas para o passado da Amazônia”, explica.

A professora da Escola de Ciências Agrárias de Lavras (Esal/UFLA) Ana Carolina Maioli Campos Barbosa acrescenta que a largura do anel também indica os anos de maior e menor crescimento das árvores: quanto mais chuva, mais elas crescem. “Esses anos de maior e menor crescimento sincronizam entre árvores que estão respondendo ao clima ano a ano. E, assim, por meio de análises estatísticas e outras ferramentas, é possível reconstruir períodos de grandes cheias, períodos de secas extremas e os períodos mais normais Consegue-se ver isso ao longo de duzentos anos de vida dessas árvores.”

MAIS SOBRE A EXPEDIÇÃO
Além de Daniela, que participou da coleta de amostras na floresta amazônica, a expedição, realizada de 15 a 21 de janeiro, contou também com a participação do pesquisador doutorando do Programa Pós-Graduação em Engenharia Florestal (PPGEF/UFLA) Lucas Guimarães Pereira, que é orientado por Ana Carolina. Para Lucas, essa foi uma experiência incrível e única. “Tivemos contato com a natureza, tivemos que dormir e acampar no mato. É uma experiência que todo engenheiro florestal deveria ter, porque estamos falando da maior floresta tropical do mundo. Ver o conhecimento da comunidade local para navegar sobre o rio, com dificuldade, e também o conhecimento na floresta, tudo isso foi extremamente enriquecedor para a minha experiência e vou levar para a vida”, conta.

A EQUIPE
Também participaram da expedição pesquisadores do Ifap, da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) do Amapá. O grupo expedicionário também contou com o apoio e com a participação de moradores da região e de outras pessoas.

Da Universidade do Arkansas, a parte de análise das amostras conta também com a parceria do professor David Stahle, que é orientador de Daniela.

As agências de fomento responsáveis por financiar a pesquisa são a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fape mig), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a National Science Foundation (NSF), dos Estados Unidos. O Ifap também contribuiu na parte financeira, disponibilizando muitos dos equipamentos utilizados na expedição. (Comunicação UFLA)