AGRONEGÓCIOS

Secador COFFEE DRYER 40.000 litros

Restrições no pós colheita de café
Por: . | Categoria: Agricultura | 08-05-2023 13:01 | 1247
Foto: Reprodução

Há 30 anos trabalhando no campo com vendas de máquinas agrícolas, tive a oportunidade de acompanhar todas as etapas da cultura do café. Em todas elas o produtor consegue administrar muito bem a cadeia de processos que se faz necessária para o bom resultado da sua produção. Contudo uma delas sempre me chamou a atenção: o pós colheita.

Em todo o processo produtivo o cafeicultor está imbuído de obter o melhor resultado, com o menor custo e a melhor qualidade. Quando se fala em qualidade, a coisa muda de tom pois a necessidade de entregar o café no tempo certo de colheita e secagem, essa fica, muitas vezes em segundo plano.

Analisando friamente a situação, devemos entender que o café é um fruto e como tal deve ser tratado. Outro fator importante que não deve ser negligenciado é que esse fruto é alimento e será consumidor por todos nós, sendo o café a bebida mais consumida depois da água.

Cuidados devem ser tomados no momento da colheita, respeitando o ponto certo de colheita e o tempo certo de secagem. A pesquisa tem sempre mostrado como devemos agir durante a secagem do café levando-se em consideração os meios que temos para efetuarmos tal tarefa.

Para isso o produtor vai escolher o melhor modo de secagem, se por meio de terreiros que podem ser de terra batida, de manta asfáltica, de concreto, secando todo o tempo e cuidando para que o mesmo não se deteriore durante o processo de secagem, ou usando de terreiro e secadores próprios que acelerarão o tempo de seca.

Hoje o produtor dispõe de diversos tipos de secadores, podendo ser: rotativos, estáticos (leito fixo) alguns chamados de caixas, ou tipo caixote, outros de coluna ou torre. O mais usual e mais conhecido é o secador rotativo que está no mercado há mais de um século. Contudo ele não seca o café diretamente da lavoura, necessitando, assim, de um tempo no terreiro. Motivo pelo qual eu o chamo de secagem mista.

O maior problema que percebo hoje é que, com o início da colheita mecanizada, o tempo de colheita é muito mais rápido que o tempo de seca, provocando assim um estrangulamento no processo de colheita, ou seja, a máquina vai colhendo e o café vai se avolumando na secagem e em determinado momento, tem-se que interromper a colheita e aguardar a liberação de espaço no terreiro e nos secadores. Nesse período o café vai secando naturalmente na planta, correndo, a meu ver alguns riscos, uns na planta e outros no terreiro:

1 Contaminação no campo; 2 -Queda espontânea no solo; 3 Perda de qualidade; 4 - Atraso da colheita; 5 - Atraso nos tratos culturais; - 6 -Início da floração; 7 -Queda de botões florais; 8 Redução de produção provocado pela queda de flor; 9 - Perda de matéria seca, o que reduz o peso do grão; 10- Prejuízo em função de perda de rendimento; 11- Riscos de fatores climáticos: chuva; 12 - Risco de fermentação indesejada no terreiro; 13 -Custo de secagem; 14- Despolpa e quebra de café no processo de rodá-lo; 15 - Contaminação com uso de equipamentos dentro do terreiro; 16 - Animais, pessoas e máquinas transitando sobre o café no terreiro, entre outros.

Todos esses riscos são fáceis de ser percebidos pois fazem parte do cotidiano do produtor.

O estrangulamento ou gargalo se dá logo que a máquina enche o terreiro, daí começa o desespero daqueles que não possuem máquina própria, visto que quando o terreiro enche a máquina vai embora e colheita é interrompida e não tem previsão de recomeçar, pois depende que a máquina retorne e, nem sempre isso ocorre, pois não é o produtor quem define a data do retorno e sim o proprietário da colheitadeira.

Pensando nesta situação várias empresas desenvolveram equipamentos de secagem que agilizam a secagem, contudo nem todos os processos se mostram favoráveis à manutenção da qualidade que, a muito custo, o produtor conseguiu realizar. Daí diz-se que o cafeicultor faz o melhor café na planta e estraga depois da colheita.

A meu ver torna-se necessário e urgente encontrar um meio que reduza elimine o gargalo que retarda todo o processo de pós colheita do café.

Uma preocupação que vai crescendo ao passar dos dias é que o mercado tem ficado cada vez mais exigente e a qualidade do produto é fundamental para atender tais exigências.

Muito tem se feito em desenvolvimento de cultivares, de manejo, de insumos e defensivos. Há mercado que exige que o café esteja isento de contaminações de qualquer natureza, como: uso de defensivos, de fertilizantes químicos, de patógenos como fungos e bactérias, entre outras.

A Comunidade Europeia aprovou recentemente uma legislação que dificulta e, até impossibilita, a aquisição de produtos agropecuários que não atendam tais exigências, uma delas é o cuidado com o meio ambiente, produtores que não agridem a natureza, seja, desmatando ou contaminando mananciais, além de restringir o uso de produtos químicos.

Diante destas exigências e, da necessidade de se observá-las, o produtor se ver cada dia mais pressionado a buscar ferramentas que agilizem seus métodos de secagem, garantam a melhor qualidade, no menor tempo e com o menor custo possível. Por isso surgiram novas tecnologias de secagem querendo resolver tais desafios.

Este desafio foi encarado por uma empresa do Rio Grande do Sul e colocado à prova na Fazenda Bom Jesus em Cristais Paulista, SP, onde foi instalado um conjunto de secadores de 40.000 litros por dia. Nesta ocasião dois lotes de café bica corrida na condição de 70% de café boia e passa e 30% de café com 55% de umidade. O primeiro lote foi colocado no secador Coffee Dryer, vindo diretamente da lavoura (bica corrida) e colocado a secar. O segundo lote, nas mesmas características do primeiro, foi colocado em terreiro de concreto e finalizado em sacador.

O secador Coffee Dryer demorou 16 horas para secar o café. O segundo lote ficou seis dias no terreiro com um dia de secador para finalizar. Terminada a secagem retirou-se amostra de ambos para avaliação. Os dois lotes fecharam com 82 pontos, bebida dura, porém o café do secador Coffee Dryer pesou 12,3% a mais, pois perdeu menos matéria seca que o café secado no terreiro.

A secagem de café, segundo a literatura, deve acontecer de forma mais rápida possível.

Podemos concluir que a melhoria do processo de secagem Coffee Dryer, ao proporcionar maior agilidade de secagem permite se alcançar, além dos benefícios acima descritos, um planejamento eficaz da colheita de forma que a colheita não pare, visto que não teremos o gargalo do terreiro travando-a. Com a colheita tendo acabado mais cedo promove outros benefícios em todo processo produtivo. A saber:

1 – Libera a planta mais cedo para os tratos culturais: podas, calagem, aplicação         de orgânicos, etc.

2 – Mantém a qualidade que vem da planta;

3 – Reduz a queda de botões florais;

4 – Reduz o volume de escolha;

5 – Menor dano físico no fruto;

6 – Evita risco de contaminações (fermentação indesejada);

7 – Reduz a perda de matéria seca (café mais pesado, melhor rendimento);

8 – Facilita o planejamento da colheita e pós colheita;

9 – Menor Custo de secagem;

10 – Otimiza lucro em função do ganho de qualidade, matéria seca e redução de custos.

 

Bibliografia:

1 - in: globo.com https://valor.globo.com › mundo › noticia › 2023/04/19

2 – in:(https://www.poder360.com.br/internacional/ue-proibe-residuos-de-agrotoxicos-usados-pelo-brasil-em-alimentos/

3 - In: Ana Sofia Pimenta de Pinho Martins, Micotoxinas Contaminantes Do Café, FACULDADE DE CIÊNCIAS DA NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO UNIVERSIDADE DO PORTO, 2002/2003.

4 - Por Jaqueline Harumi | Postado em 20/04/2021 16:00:11 | Atualizado em 07/05/2021 17:32:47

5 - Por Jaqueline Harumi | Postado em 20/04/2021 16:00:11 | Atualizado em 07/05/2021 17:32:47

6 – LACERDA FILHO,A.F. E SILVA, J.S., Secagem de café em secadores de fluxo concorrente, II Simpósio dos cafés do Brasil.

Francinaldo Alves Batista (ALVES)
Administrador de empresas pela Uniube
Téc. Agrícola pelo Colégio
Técnico de Igarapava-SP