Verstappen como num dia de Senna
Por: Sérgio Magalhães | Categoria: Esporte | 14-05-2023 09:05 | 1057
A vitória espetacular de Sergio Pérez uma semana antes nas ruas de Baku havia deixado Max Verstappen com o GP do Azerbaijão atravessado na garganta. Um pequeno deslize na classificação de sábado para o GP de Miami que o fez largar da 9ª posição, serviu para enfurecer ainda mais a fera. E Verstappen foi para o grid mordido e determinado com um só objetivo: vencer a qualquer custo.
Com Pérez largado da pole position, o holandês optou por uma estratégia oposta às melhores opções indicadas pela Pirelli e largou com os pneus de composto duro. Verstappen sabia que tinha que ser cirúrgico principalmente nas primeiras voltas para escapar de qualquer enrosco no meio do pelotão que tinha vários carros largando fora de posição depois que Leclerc causou uma bandeira vermelha que encerrou a classificação do sábado mais cedo.
A opção pelos pneus duros enquanto outros sete carros à sua frente estavam calçados com os médios era arriscada. Mas Verstappen tinha mesmo que arriscar. A arrancada rumo à caça ao companheiro de equipe, lá na frente, foi fulminante; e impressionante quando se olha para as diferenças de voltas e constata que a maior diferença de Pérez para Verstappen foi de apenas 6s411 entre o 1º e o 9º colocado.
Verstappen foi cuidadoso na largada, perdeu uma posição, mas a partir daí começou abrir caminho sem perder tempo. Logo ultrapassou Esteban Ocon. Na sequência, Bottas. Na quarta volta deu um ‘passadão’ duplo sobre Leclerc e Magnussen - a melhor manobra da corrida -, e já estava em 7º. Na oitava, deixou Russell e Gasly para trás (5º).
Então começou a se aproximar de Carlos Sainz. Na 14ª deu tchau para o espanhol da Ferrari (4º). O próximo foi Alonso que nem teve do que se defender na 15ª volta. Pronto: em 15 voltas, Verstappen só tinha à sua frente seu principal adversário na corrida, o companheiro de equipe Sergio Pérez, que estava calçado com pneus médios. Nessa altura da prova de 57 voltas, apenas 1s5 separavam os dois. Na volta 22 Pérez trocou os pneus médios pelos de composto duro, igual aos de Verstappen que voava na pista. Seria natural que Pérez andasse mais rápido após seu pit stop, e ele fez isso por algumas voltas tentando diminuir ao máximo a vantagem de Verstappen para recuperar a liderança quando o holandês fizesse o seu pit stop.
Mas Verstappen estava num daqueles dias de Senna, e mesmo com pneus já desgastados, começou a virar tempos melhores que os de Pérez que tinha pneus em condições muito melhores.
É o tipo de atuação que desnorteia qualquer adversário. Um desempenho tão impressionante quanto sufocante para o rival. Verstappen foi o último de todos os pilotos a parar para trocar seus pneus, somente na 45ª volta(!) - trocou os duros pelos médios. Voltou logo atrás de Pérez e três voltas depois passou como um rolo compressor sobre o mexicano e venceu com 5s381de vantagem.
Somente os chamados “fora da curva” são capazes de atuações soberbas como a de Verstappen no GP de Miami, independente do carro excepcional que tem. Foi uma vitória que ficará registrada nos anais da F1 como uma das melhores atuações do holandês, ainda mais numa corrida em que todos os 20 pilotos que largaram, completaram a corrida que não teve nenhuma intervenção com bandeira amarela e nem do Safety Car.
A vitória de Verstappen quebrou uma espécie de maldição que passava despercebida nas estatísticas da F1 durava desde 1984 quando Niki Lauda venceu o GP da França largado da 9ª posição. Max tornou-se apenas o quinto piloto na história da F1 desde 1950 a ganhar uma corrida partindo desta posição do grid.
Parabéns a todas as mães, um beijo à minha esposa que é mãe, e todo amor e carinho do mundo para a minha querida mamãe, dona Dora! Feliz dia das Mães.