POLEPOSITION

Vitória para servir de inspiração

Por: Sérgio Magalhães | Categoria: Esporte | 18-06-2023 05:22 | 1071
A vitória triunfante da Ferrari cinquenta anos depois de sua última participação na classe principal das 24 Horas de Le Mans
A vitória triunfante da Ferrari cinquenta anos depois de sua última participação na classe principal das 24 Horas de Le Mans Foto: DPPI

Vitória da Ferrari é sempre motivo de comemoração em qualquer que seja a categoria em que a marca do “Cavallino Rampante” esteja competindo. Em Le Mans foi emblemático no último final de semana. Porque 11 meses antes das 24 Horas de Le Mans, o modelo 499P havia ido à pista de Fiorano pela primeira vez disfarçado visando um retorno até então meio que secreto. E 50 anos depois de sua última participação na tradicional prova que é uma das pontas da Tríplice Coroa do Automobilismo, a Ferrari triunfou como nos velhos tempos. Fez a pole position com o carro do numeral 50, e venceu com o 51 comandado pelo trio Alessandro Pier Guidi, James Calado, e Antonio Giovinazzi. Sim, Giovinazzi, o mesmo que saiu desacreditado da F1 no final de 2021 e que foi ao fundo do poço na Fórmula E no ano passado para emergir com a vitória consagradora em Le Mans em mais um exemplo de que há vida fora da F1. A 10ª vitória da Ferrari na classe principal das 24 Horas de Le Mans - a primeira desde 1965 - bem poderia servir de inspiração para os colegas da divisão de F1 que lutam para colocar a equipe novamente nos trilhos depois de um começo de temporada bem abaixo das expectativas.

A F1 está no Canadá para a 8ª etapa do campeonato que tem Max Verstappen disparado na liderança com 170 pontos contra 117 de Sergio Pérez que vem de uma série de maus resultados que tornaram mais fácil a vida do holandês que abriu 53 pontos de vantagem. A classificação para o GP do Canadá acontece hoje às 17h e a corrida amanhã às 15h, tudo ao vivo na TV Band.

O Circuito Gilles Villeneuve na linda ilha artificial de Notre Dame, em Montreal, com seus 4.361 metros de extensão é uma pista de asfalto liso e baixo consumo de pneus, mas severa com os freios e que requer atenção com o consumo de combustível - a Pirelli disponibilizou para o fim de semana a sua gama mais macia de pneus. Mas é uma corrida em que as condições climáticas costumam mudar de uma hora para outra, como no ano passado, em que a classificação aconteceu com 17ºC no asfalto e 40ºC na corrida. A pista é de velocidade média baixa, com 6 curvas para a esquerda, 8 para a direita, muitos trechos rodeados de muro, mas com bons pontos de ultrapassagens, o melhor na longa reta que antecede a chicane que dá acesso à reta dos boxes, onde normalmente acontece a maioria das ultrapassagens.

Alguns números que são esperados para esta corrida podem mexer nas estatísticas da F1: A sempre favorita Red Bull pode chegar à sua 100ª vitória na F1, o que a colocaria no top 5 das únicas equipes a romper a marca de 100 vitórias, atrás da Ferrari com 242, McLaren com 183, Mercedes com 125 e Williams com 114. Curioso que dessas equipes, McLaren e Williams há muito deixaram de ser times vencedores. A McLaren apesar de vencer pela última vez em Monza no ano passado, vinha de uma seca até então desde 2012, mesmo ano em que a Williams também triunfou pela última vez. E é esperado a 41ª vitória de Max Verstappen, que se concretizar, estará igualando o mesmo número de vitórias de Ayrton Senna. Apesar de hoje Verstappen ter a mesma idade de quando Senna ganhou sua primeira corrida na F1, aos 25 anos, o brasileiro atingiu a marca com 158 GPs (25,47% das provas que havia disputado), enquanto Verstappen disputa neste final de semana o seu 171º Grande Prêmio, tendo vencido 23,53% das provas que já disputou.

Os números de Senna e Verstappen têm sido tópicos de discussão nas rodinhas de conversas sobre F1. Há quem veja semelhança no estilo de Verstappen ao de Senna no começo da carreira do brasileiro. Uma coisa eles são bem parecidos: o foco na competição e na vida longe das badalações fora das pistas. Verstappen não é de aparecer em eventos, está sempre focado em extrair o máximo do carro. É egoísta ao ponto de não gostar de deixar nada para ninguém em se tratando de resultados. Fica aborrecido até quando não é dele a volta mais rápida em corrida. Pelo menos nisso, como se diz aqui pelas bandas de Minas Gerais, Verstappen e Senna são a cara de um, focinho do outro.