SAFRA 2023/24

Cenário da comercialização brasileira da safra 2023/24

Comentário da Safras & Negócios 13/06/2023
Por: . | Categoria: Agricultura | 14-06-2023 10:06 | 698
Foto: Arrquivo

Nos últimos seis meses as exportações mundiais de café caíram, com redução mais expressiva nos embarques de cafés arábicas, lavados e naturais. O embarque mundial de café de outubro de 2022 a abril de 2023 caiu 4,8 milhões de sacas contra igual período do ano anterior. Os estoques de café em países consumidores, inclusive cafés certificados nas bolsas internacionais, continuam em queda e qualquer recuperação será meramente sazonal, como veremos mais à frente.

O consumo mundial de café tem sido matéria de ampla especulação, se permanece crescente, mesmo com o impacto da pandemia CO VID-19, em queda ou estável. Segundo a Organização Internacional do Café o consumo mundial de 2022/23 fecha em 171,3 milhões de sacas, o que representa crescimento de 2,51% em relação ao ano anterior. Para o ano de 2023/24 as estimativas indicam crescimento, ainda que mais modesto, mas será adicionada a demanda mundial mais cerca de três milhões de sacas.

Salvo a produção brasileira de 2023/24, com ampla controvérsia quanto a produção de café arábica, com estimativas da ordem de 38 milhões de sacas até 46 milhões de sacas, e a de conilon, de 17 milhões de sacas até 24 milhões de sacas, não existe outra origem produtora e exportadora dentre as de grande porte apresentando expansão, pelo contrário, a Colômbia e Vietnam, segundo o departamento de agricultura dos Estados Unidos vão apresentar queda em suas produções.

A estrutura de preço dos mercados futuros, com o mês presente mais valorizado, e assim sucessivamente para todos os meses com cotações futuras, chamado de backwardation, vêm ocorrendo há um bom tempo por uma combinação de razões e “consequências” que iremos destacar ao longo desta apresentação. Devemos ainda ressaltar que os prêmios e/ou deságios das ofertas de café de todas as origens vêm apresentando também uma oscilação brusca ao longo dos últimos anos e que refletem uma complexa gama temporária de fatores como pressão de venda versus compra, oscilações das taxas de câmbio, tanto dos países exportadores quanto do dólar americano contra as principais moedas mundiais e o patamar e tendência de curto prazo das cotações dos mercados futuros, onde a presença dos fundos tem uma dominância marcante e determinante.

Enquanto os fundamentos da oferta e demanda para o ano de 2023/24 apontam para equilíbrio ou déficit, a depender de como a demanda se comporta, pelas razões abaixo esclarecidas, e quanto mais estoque existentes em países importadores serão utilizados, o panorama requer muita atenção do produtor brasileiro de café. Devemos lembrar que as operações futuras de venda por produtores ou suas organizações tanto no Brasil quanto na Colômbia estão, esperamos, temporariamente sem dinâmica, giro, quer por problemas ocorridos em entregas contratuais havidas, bem como pela estrutura de preços da bolsa NY - ICE.

O cenário da comercialização brasileira da safra 2023/24:

Todos os elementos que destacamos até agora foram feitos para realçar para os produtores do Brasil de que a venda ordenada de café ao longo do ano safra de 2023/24 será uma exigência do mercado e é um elemento da maior importância para não contribuir com pressão bai-xista de curto prazo. O que o mercado espera é preços mais baixos do Brasil em diferenciais na perspectiva de que com uma maior safra os custos de produção sejam menores e que o produtor brasileiro venha ao mercado realizar lucro ao ter que gerar fluxo de caixa para pagar suas despesas da colheita e outros compromissos, segundo Gilson de Souza.

Em recente estudo das empresas do ramo de café, o valor bruto da produção brasileira de café arábica vai fechar o ano safra de 2022/23 em R$ 42,9 bilhões, quando no ano anterior foi de R$ 47,2 bilhões, do ano de 2020/21 de 41,6 bilhões, compondo média anual de R$ 43,9 bilhões de receita bruta, mais do que o dobro da verificada desde 2012/13.

Como o mercado não está pagando o custo de carregar café, com os preços futuros menores que o do preço presente, com uma curva negativa, de prejuízo, onde o custo financeiro e de logística não são cobertos, a expectativa é que o giro de mercado se concentre em prazo de negócios extremamente curtos até que o diferencial de ofertas de venda do Brasil para períodos de negócios mais longos seja competitivo contra os de outras origens.

A tendência de preços da primeira posição da Bolsa NY ICE será elemento coadjuvante, como sempre, e teremos dois fatos temporais, como sempre, em definir a tendência de preço do café arábica: intempéries climáticas, frio e seca, e a florada para a safra de 2024/25, que o mercado já espera uma forte elevação de produção, comenta Gilson de Souza – Safras & Negócios.

Assim finalizamos enfatizando que para o ano safra de 2023/2024 não há excedente de café no mundo, mesmo que os fluxos de curto prazo dos primeiros meses venham com volumes menos expressivos, o que é uma hipótese baixa em função da queda dos estoques em países consumidores.

Com o objetivo de garantir preços de comercialização em paridade com os que estamos praticando agora, o produtor deve combinar vendas físicas e exportação de café com a prática de travar opções de venda/compra (mercado futuro) usando as casas comerciais e cooperativas para a implementação desta ferramenta.

Isto pode ser feito com o compromisso de venda do café físico ao agente de comercialização usado pelo produtor utilizando a equipe de intermediação da Safras & Negócios – São Sebastião do Paraiso. Gilson A. de Souza e equipe S&N