A Polícia Civil em São Sebastião do Paraíso está investigando uma alegação de abuso sexual supostamente ocorrido em um Centro Municipal de Educação Infantil - CMEI. A denúncia foi apresentada pela mãe de uma criança de três anos, que alega que um então funcionário da instituição teria abusado de sua filha.
No relato da mãe, veiculado em uma rede social, ela narra o momento em que sua filha se queixou de dor na genitália, mencionando o “tio da creche”. Após isso, ela procurou a diretora da instituição para relatar a situação. Segundo a genitora, a responsável pelo CMEI sugeriu que a criança poderia estar inventando a situação, mas se comprometeu a esclarecer os fatos no dia seguinte. A mãe levou a menina a um ginecologista, que não constatou lesões graves nem rompimento, e a encaminhou a um legista para exame mais aprofundado.
Também na postagem feita, a mãe disse que conselheiros tutelares teriam a aconselhado a dispensar a consulta, pois evitaria mais constrangimentos à criança. A mulher, em estado de choque, teria concordado em retornar para casa sem que o exame fosse realizado.
Após o incidente, a mãe da criança reportou que sua filha apresentou mudanças de comportamento, necessitando de acompanhamento psicológico e psiquiátrico no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) Girassol, de Paraíso. Segundo ela, a criança tem sofrido crises noturnas e se tornado agressiva e teimosa.
As investigações em curso estão sendo lideradas pelo delegado Tiago Bordini, responsável pela 2ª Delegacia Regional de Polícia Civil de São Sebastião do Paraíso. Segundo Bordini, as imagens de vigilância interna do CMEI no dia em questão não apresentam evidências conclusivas de abuso. “Analisamos as imagens do circuito interno de câmeras do centro de educação infantil no dia que a criança alega ter sido tocada, e não tem nada que demonstre que o profissional tenha violado a menina de qualquer forma”, afirmou.
Enquanto a investigação prossegue, o delegado está aguardando os resultados da avaliação psicológica da criança pelo CAPS. A mãe da criança e a diretora da instituição também foram ouvidas pela Polícia Civil. “A diretora explicou como é a rotina na creche e como os profissionais costumam trabalhar; já a mãe da criança manteve a sua posição e disse que a menina já havia reclamado de dores na região da vagina, mas que eram reflexo de uma infecção urinária que estava sendo tratada.
Contudo, daquela vez parecia ser diferente. Estamos esperando relatórios com os resultados da avaliação psicológica da criança para, depois, ouvir a professora da turma e o suspeito do abuso. A princípio, não temos nem indício de que houve abuso. Porém, é importante deixar claro de que o caso ainda está em investigação”, conclui o delegado.
Em nota encaminhada ao Jornal do Sudoeste, o prefeito de São Sebastião do Paraíso, Marcelo Morais, declarou que a Prefeitura está colaborando integralmente com as investigações. Ele também destacou que o monitor acusado foi afastado do trabalho, e já não faz mais parte do quadro de funcionários do CMEI, tendo pedido exoneração por não concordar com afastamento. Morais ainda reforçou que o município está comprometido com a elucidação do caso, entregando todas as gravações das câmeras de video-monitoramento à Polícia Civil.
Ainda no pronunciamento, Morais reiterou que a prefeitura forneceu suporte à criança e à família desde o início, garantindo acompanhamento médico e psicológico. Por fim, ele lamentou a exposição da criança em redes sociais, pedindo à população que não compartilhe as imagens e lembrou que essa prática pode ser considerada um crime segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente.
A reportagem também fez contato com a advogada da família, Paola Aparecida de Carvalho Silva Reis, que informou que foi procurada pela mãe da criança logo que o caso havia ocorrido. “Ela não tinha muitas informações sobre o andamento, diante disso, procurei as autoridades para apurar o andamento da investigação”, conta.
A advogada relata que a mãe se encontra muito abalada com o ocorrido e que a prioridade nesse momento é o bem-estar da genitora e da criança, além de acompanhar de perto a conclusão das investigações. “Após isso, verificaremos a possibilidade de eventual ação judicial”, conclui Paola Reis.