A F1 inicia neste final de semana de GP de Cingapura a arrancada final da temporada com os próximos 8 GPs - a contar com este - em três continentes e 11 fusos horários distintos pela frente. A corrida deste domingo é a 15ª de 22 etapas do Mundial que finalizou em Monza sua excursão pela Europa. A categoria vai percorrer Ásia e as Américas do Norte e do Sul. E de todas as 22 provas do calendário, o GP de Cingapura é o mais exigente para os pilotos que chegam a perder 3kg durante a corrida por conta do calor excessivo e alta umidade do ar numa pista de rua com quase todas as curvas de 90 graus, localizado próximo da Linha do Equador, e que beira duas horas de duração.
Por conta de uma obra pontual nas proximidades do circuito, o traçado ganhou um novo desenho para esse ano com a eliminação de um trecho compreendido entre as curvas 16 e 19 que deu lugar a uma reta de pouco menos de 400 metros, o que pode melhorar as ultrapassagens, outro grande desafio deste traçado sinuoso de difícil ultrapassagem. Tudo indica que a mudança será apenas para esse ano, o que encurtou a pista de 5.063 metros para 4.940 metros num total de 19 curvas ante as 23 originais. A prova terá 62 voltas, uma a mais que nos anos anteriores para compensar a redução do traçado.
Mas o que chama atenção é a ironia do destino já que a mudança do traçado ocorreu justamente no trecho onde Nelsinho Piquet bateu de propósito em 2008, executando uma trapaça orquestrada pelo então chefe da Renault, Flavio Briatore e o diretor de engenharia da época, Pat Symonds, para favorecer a vitória de Fernando Alonso. A vigarice foi revelada um ano depois, mas em março deste ano Bernie Ecclestone, ex-chefão da F1, disse a um jornal alemão que tanto ele, como o falecido presidente da Federação Internacional de Automobilismo, Max Mosley, tomaram conhecimento do caso, mas não fizeram nada para poupar a F1 de um grande escândalo. A revelação de Ecclestone foi a "deixa" para Felipe Massa reivindicar na justiça o título de 2008 em que perdeu por um ponto, e Massa acabou sendo o maior prejudicado naquela corrida quando era o líder e a batida de Nelsinho levou todo mundo para os boxes durante o Safety Car, e Massa saiu com a mangueira de reabastecimento presa à Ferrari, terminando a corrida sem marcar pontos. Se a prova tivesse sido cancelada em função da trapaça, Massa teria vencido o campeonato.
Não faltou assunto nesta semana no paddock de Cingapura. A Federação Internacional de Automobilismo enviou uma diretiva técnica a todas as equipes visando controlar com mais rigor a flexibilidade das asas dianteira e traseira dos carros. A flexibilidade de asas é uma guerra constante entre a FIA e os engenheiros das equipes que vão ao limite do regulamento para reduzir o arrasto aerodinâmico. Uma asa que flexiona tende a fazer com que a resistência do ar seja rompida, aumentando a velocidade. E o regulamento da F1 proíbe a flexibilização de componentes aerodinâmicos dos carros.
A Sauber renovou o contrato do chinês Guanyu Zhou, fechando uma possibilidade remota de o brasileiro Felipe Drugovich, campeão da F2 no ano passado, conseguir uma vaga de titular no ano que vem. Drugovich recusou um convite para correr na Indy em 2024 e deve buscar uma vaga na Fórmula E, o campeonato mundial de carros elétricos, mantendo-se nos radares da F1 e também como piloto reserva da Aston Martin.
Por fim, a repercussão negativa dos comentários infelizes do consultor da Red Bull, Helmut Marko, sobre Sergio Perez, que entre asneiras e falta de conhecimento geográfico disse que o mexicano não consegue manter focado por ser "sul-americano", levou o mandachuva da equipe austríaca a pedir desculpas, no que Perez aceitou e afirmou não ter se sentido ofendido com as declarações.
Dito isso, Max Verstappen vai em busca do que poderá ser a sua 11ª vitória consecutiva, mas Cingapura é uma corrida que ele ainda não venceu. Será noite na cidade-estado (20h), 9h no horário de Brasília quando as luzes vermelhas se apagarem para a largada do 13º GP de Cingapura.