POLE POSITION

Referência à Copersucar e Pena do Pérez

Por: Sérgio Magalhães | Categoria: Esporte | 04-11-2023 06:32 | 903
O erro que custou caro a Sergio Pérez na largada de domingo passado no México
O erro que custou caro a Sergio Pérez na largada de domingo passado no México Foto: F1

A F1 está em Interlagos para o 3º GP de São Paulo, nova denominação do antigo GP do Brasil desde que entrou em vigor o novo contrato entre a Prefeitura de São Paulo e a Liberty Media, dona dos direitos comerciais da F1, mas que na prática é a 51ª vez que a principal categoria do automobilismo mundial desembarca em solo brasileiro, sendo a 38ª em Interlagos. E por coincidência na semana em que uma saudosa vedete que desfilou por estas retas e curvas completa 50 anos desde a sua fundação. Falo da equipe Fittipaldi, que ainda continua sendo mais conhecida como Copersucar-Fittipaldi, um sonho dos irmãos Wilsinho e Emerson Fittipaldi que deu tão certo quanto errado, mas acima de tudo foi um grande feito para a história do automobilismo brasileiro ter uma equipe de F1 numa época em que profissionalismo e amadorismo se misturavam forjando a história do esporte a motor e seus heróis.

O próprio Emerson Fittipaldi postou em sua conta no Instagram o orgulho daquele feito. E é de se orgulhar mesmo. Pena que na época a Copersucar não tenha sido bem tratada, principalmente pela imprensa brasileira que criticou muito seus desempenhos, o que mais atrapalhou do que ajudou no andar da carruagem. Mas a equipe obteve resultados expressivos. 1978 foi a melhor temporada da equipe com um honroso 7º lugar com 17 pontos numa época em que apenas os seis primeiros pontuavam em cada corrida, e a Copersucar terminou o ano na frente de equipes como Williams e Renault. A cereja do bolo daquela temporada foi o 2º lugar de Emerson em Jacarepaguá, no primeiro ano em que a F1 havia saído de Interlagos e a pista carioca passou a abrigar o GP do Brasil pelos próximos 12 anos. Mas 1980 bem que merecia uma placa comemorativa quando a Copersucar fechou o ano com 11 pontos, em 8º lugar, mas à frente de Ferrari, McLaren e Alfa Romeo. Um feito histórico. Emerson terminou o ano em 15º e Keke Rosberg em 10º. Os críticos da época, certamente devem ter feito reflexão tempos depois das bobagens que escreveram ou falaram. Pela Copersucar-Fittipaldi passaram nomes importantes da área técnica como o projetista brasileiro Ricardo Divila (envolvido no projeto desde a sua criação), Harvey Postlethwait, Peter War, Jo Ramirez, e pilotos como o finlandês Keke Rosberg que se tornaria campeão mundial de 1982 pela Williams e mais tarde viria seu filho, Nico Rosberg, ser campeão em 2016 derrotando Lewis Hamilton na Mercedes. Mas a saga da Fittipaldi deixou uma herança importante para os dias atuais da F1. A equipe foi o embrião de ninguém menos que Adrian Newey, o competentíssimo projetista da Red Bull, criador deste fantástico modelo RB19,  vencedor de 18 das 19 provas deste ano, 16 delas com o já tricampeão Max Verstappen. A última foi no domingo passado com o próprio Verstappen no México, diante de um mar de torcedores de Sergio Pérez que levaram um banho de água fria na primeira curva.

É difícil imaginar o tamanho da frustração de Pérez e dos mais de 400 mil torcedores que passaram pelo Circuito Hermanos Rodriguez no final de semana passado, ver o sonho de uma vitória, ou um pódio que fosse, se desfazer numa manobra infeliz do mexicano ao ser otimista demais na primeira curva quando bateu em Charles Leclerc da Ferrari.

É de dar pena ver um piloto num ano tão complicado com um carro tão bom. E não cabe aqui dizer que Pérez seja um mal piloto. Nenhum piloto que ganha seis corridas de F1 pode ser chamado de ruim. Por uma série de fatores, às vezes os resultados não se encaixam. Vivemos muito da frustração dos mexicanos em Interlagos nas vezes em que Rubens Barrichello pintava como favorito, mas sempre tinha uma pedra no caminho. É do esporte.

O que Pérez precisa é colocar a cabeça no lugar e tentar se reencontrar novamente. Mudar de ares talvez lhe faria bem, e se eu fosse ele bateria na porta da Williams, a única equipe que ainda tem uma vaga indefinida. Um ano para Logan Sargeant nos simuladores da equipe daria um bom respaldo técnico ao norte-americano que tem cometido uma série de erros, muito por conta da falta de experiência; e Pérez formaria uma dupla experiente com Alex Albon. Seria um bom negócio para ambas as partes.

O Jornal do Sudoeste mais uma vez está em Interlagos cobrindo o GP de São Paulo, etapa que tem na programação a última corrida sprint do ano, com largada neste sábado às 15h30, e a corrida principal amanhã às 14h. Um bom aperitivo é a disputa pelo vice campeonato cada vez mais apertada entre Pérez e Hamilton separados por 20 pontos. E Interlagos costuma sempre ser palco de grandes corridas.