Fórmula 1 estuda mudanças no formato de corridas sprint
Atual modelo não tem agradado a pilotos e boa parte dos fãs da categoria. Mas planos da Liberty Media é aumentar o número de minicorridas nos próximos anos.
Por: Sérgio Magalhães | Categoria: Esporte | 05-11-2023 09:37 | 1427
Sergio Magalhães, de Interlagos
Em 2021 a Liberty Media, dona dos direitos comerciais da F1, decidiu testar uma programação diferente ao já tradicional modelo de final de semana de corrida adotando as chamadas Sprint, ou minicorridas aos sábados. A ideia era trazer mais entretenimento para o público com duas largadas. Como pano de fundo, a intenção era encontrar uma forma adequada de aumentar o número de corridas num calendário já bastante sufocado para pilotos, mecânicos e demais profissionais que viajam com a F1.
No primeiro ano foram três pistas escolhidas. Ano passado outras três, e este ano foram seis. Interlagos foi a única selecionada nas três edições, a última aconteceu na tarde de ontem vencida por Max Verstappen.
Mas aos poucos foi ficando evidente que as sprint não correspondiam ao que se esperava. No primeiro ano apenas três pontos eram distribuídos aos três primeiros colocados (3-2-1), o que não servia de estímulo para os pilotos arriscarem. Aqueles que estavam fora da zona de pontos preferiam poupar seus carros para a corrida principal do que sofrer algum dano maior arriscando uma ultrapassagem que não valeria pontos. A posição de chegada seria a mesma ordem de largada no domingo.
Para esse ano houve a primeira grande mudança. A classificação de sexta-feira passou a valer para a corrida do domingo, precedente de apenas um único treino livre, e o sábado exclusivamente dedicado às sprint, com a classificação semelhante à tradicional, porém um pouco mais curta, e a minicorrida no final do dia. Também surtiu pouco efeito. E é aí que Interlagos faz a diferença por ser uma pista que normalmente proporciona boas disputas independente das condições climáticas. À exceção do Catar que esteou nesta temporada e foi razoavelmente boa, as três edições de Interlagos foram as que realmente trouxeram entreteram o público.
Uma pesquisa do jornalista inglês Matt Bishop em sua conta no Twitter, atual X, 90% de seus leitores responderam que concordavam com a opinião de Max Verstappen que se diz declaradamente contra corridas sprint, justo ele que venceu 7 das 12 já disputadas.
Para 2024 a F1 estuda nova alteração com a classificação para a sprint, que tem nome complicado de traduzir, “Shootout Sprint” passando para a sexta-feira, e o sábado sendo dividido entre a sprint pela manhã e a classificação para a corrida do domingo à tarde como de costume.
Não há indícios de que essas alterações possam ser o suficiente para atingor seus objetivos. As sprints não têm agregado nada ao campeonato e ainda corre-se o risco de os pontos distribuídos decidir um campeonato como de fato ocorreu esse ano com Max Verstappen no Catar. É verdade que com ou sem minicorrida o holandês da Red Bull seria o campeão de 2023. Mas pode ser um entrave numa próxima temporada mais equilibrada.
O ideal seria acabar de vez com as sprint, mas o CEO da F1, Stefano Domenicali já sinalizou com a intenção de expandir o número para 10, talvez já para o ano que vem. Mas diante da insistência em manter o formato, seria mais interessante que cada equipe pudesse colocar ao menos um piloto reserva onde aí sim, seria uma alternativa de dar mais experiência para os jovens pilotos recém-saídos das categorias de base e com raras chances de testar na F1. E na esteira dessa ideia, criar um campeonato paralelo com pontos apenas para as sprint sem agregar à somatória das corridas do domingo. Seria uma possibilidade de ainda salvar o que só não nasceu morto porque Interlagos salvou as três edições.