POLE POSITION

Última do ano, mas ainda tem disputa acontecendo

Por: Sérgio Magalhães | Categoria: Esporte | 25-11-2023 05:16 | 814
Ferrari descontou 56 dos 60 pontos que a Mercedes tinha de vantagem nas últimas corridas
Ferrari descontou 56 dos 60 pontos que a Mercedes tinha de vantagem nas últimas corridas Foto: DPPI Images

Títulos de pilotos e de construtores definidos, vice-campeonato de pilotos também. A última corrida do longo campeonato de 2023 tinha tudo para ser uma formalidade, mas ainda tem disputa acontecendo no GP de Abu Dhabi.

Antes, uma reflexão sobre o badalado GP de Las Vegas na semana passada, que começou cheio de problemas, dando pinta de seria um fracasso, mas que terminou bem e com uma das melhores corridas do ano. Depois do vexame que se viu na noite de quinta-feira que só terminou na madrugada de Las Vegas após reparos nas tampas de bueiro que causaram sérios danos na Ferrari de Carlos Sainz, o desenrolar do novo GP de Las Vegas fluiu naturalmente ainda que a organização tenha falhado em vários aspectos além dos excessos de shows e oba-oba que irritaram Max Verstappen que se sentiu um “palhaço” durante a apresentação dos pilotos conforme suas próprias palavras. Verstappen que mesmo não estando em seu melhor fim de semana, venceu a corrida pela 18ª vez no ano.

Apesar de tudo terminar bem, surpreendendo até os mais pessimistas depois do que se viu na abertura dos trabalhos de pista, há espaço para melhorar. A primeira mudança que precisa ser revista é com os horários malucos do final de semana. Tudo bem que uma corrida de F1 no sábado à noite não deixa de ser interessante e atrativo, mas também não precisa acontecer às 22h, muito menos a classificação começar à meia noite local. Aquilo foi tortura e falta de consideração com quem já vem no limite do cansaço ao final de uma longa temporada, tendo que se adaptar não só a fusos horários diferentes como os da região do Estado de Nevada, mas tendo que dormir (mal) durante o dia para trabalhar a noite toda. Isso vale tanto para pilotos, mecânicos e demais membros das equipes, como também para os jornalistas que estavam todos exaustos.

Diminuir também um pouco da intensidade de shows (99% show e 1% de evento esportivo, como disse Verstappen) não fará mal pra ninguém e nem vai tirar o brilho do evento. A sorte da F1 foi que a corrida foi boa, como se aquele 1% de evento esportivo mencionado por Verstappen superasse os 99% de show.

Tudo bem que é preciso se adaptar às novas realidades do mundo, e a F1 faz parte dessas mudanças. Os chamados “puristas”, que preferem o feijão com arroz tradicional dos finais de semana de corrida (e eu me coloco entre eles) sofrem com esses megaeventos, como foi o GP de Las Vegas. Mas a F1 precisa ter cuidado para jamais perder a sua essência, o que sempre fez dela a excelência que é. O foco na competição tem que estar sempre em primeiro. Por isso concordo com as palavras de Verstappen que tem se destacado como uma voz que fala o que pensa.

Dito isto, é hora de fechar a temporada com algumas disputas rolando soltas. O duelo na Mercedes por posição de largada é a única ainda indefinida entre as equipes. Está 11 a 10 para Hamilton. Se Russell se classificar na frente, os dois terminarão empatados. Piloto nenhum, em qualquer categoria do automobilismo do mundo quer perder para o companheiro de equipe. Para a corrida de amanhã está em jogo a disputa pelo vice-campeonato de Construtores entre Mercedes e Ferrari. Apenas 4 pontos separam as duas, com vantagem para a Mercedes que viu a Ferrari se aproximar perigosamente nas últimas corridas. Um pouco mais atrás, a McLaren avançou e superou a Aston Martin na disputa pelo 4º lugar e leva 11 pontos de vantagem.

Há milhões de dólares envolvidos na distribuição das receitas arrecadadas pela F1 de acordo com a classificação entre as equipes.

Carlos Sainz e Fernando Alonso estão empatados com 200 pontos na 4ª posição do campeonato de pilotos. Pode parecer pouco, principalmente quando vem à mente a famosa frase de Ayrton Senna que dizia “o 2º colocado é o primeiro perdedor”, mas piloto tem o ego de não deixar nada para o outro, e vai ser interessante ver essa briga espanhola. Alonso passou a maior parte do campeonato em 3º até cair com a queda de rendimento da Aston Martin. Sainz por sua vez é o único piloto não Red Bull a vencer uma corrida nesta temporada, mas teve um ano bastante complicado com a Ferrari. É questão de honra para os dois terminar o campeonato em 4º lugar.