A Stock Car fechou a temporada 2023 no último final de semana. Agora todos os motores das principais categorias do esporte foram desligados. A pausa será breve, em janeiro começa a décima temporada do Mundial de Fórmula E, e a Stock Car, em destaque mais uma vez na coluna, retorna no dia 2 de março, junto com a F1 em 2024.
Interlagos recebeu um ótimo público na decisão do campeonato. Gabriel Casagrande conquistou o bicampeonato da Stock Car com uma campanha brilhante e valorizada pela competitividade da categoria. Foram três vitórias, duas pole positions, 7 pódios, duas voltas mais rápidas e 308 pontos. O paranaense, da equipe A.Mattheis-Vogel, fez a primeira corrida da rodada dupla marcando Daniel Serra, o adversário mais próximo, já que sua vantagem para os outros cinco pilotos que chegaram com chances matemáticas de título era grande. Casagrande terminou na 3ª posição, e largou para o complemento da rodada precisando apenas completar a prova. Só perderia o campeonato se terminasse abaixo da 17ª posição desde que Serra fosse o vencedor.
"Serrinha" que jogava suas últimas cartadas em busca do tetracampeonato não passou de 12º, e Casagrande terminou em 21º, levando algumas pancadas dos adversários, como ele mesmo disse, por ser conservador demais, mas o suficiente para conquistar o segundo título de forma merecida pelo conjunto da ópera. Daniel Serra ficou com o vice-campeonato com 296 pontos, à frente de Ricardo Zonta (vencedor da corrida 1 de Interlagos) e Thiago Camilo que terminaram empatados na terceira posição com 280 pontos.
Mas ainda que pese o clima festivo de encerramento de temporada, a corrida 2 teve um desfecho duvidoso que vai ficar na conta do diretor de prova que vacilou nos momentos finais e me fez lembrar de Michael Masi, ex-diretor de prova da F1 que causou aquela lambança monumental na decisão do título de 2021 que ficará marcada para sempre, em que Lewis Hamilton foi duramente prejudicado e o título foi parar nas mãos de Max Verstappen.
Após aquele lamentável episódio, Masi foi afastado de suas atividades como diretor de prova, e eu até brinquei em minha postagem nas redes sociais "se não seria o australiano, o diretor de provas da Stock Car, em Interlagos"? Claro que não, era apenas uma alusão à infeliz falha do homem responsável pelo bom andamento da competição em cada pista.
Na 14ª volta, há três da bandeirada, Sergio Ramalho perdeu o controle de seu carro, da equipe HotCar, e foi parar debaixo da barreira de pneus depois de sentir-se mal devido ao forte calor. Tudo bem com o piloto, mas o diretor de prova demorou uma eternidade para acionar o Safety Car.
Àquela altura, havia uma disputa interessante pela vitória. Rubens Barrichello vinha na 3ª posição com boas chances de assumir a liderança assim que os dois primeiros colocados, Felipe Massa, e Marcos Gomes, fizessem os seus pit stops obrigatórios. Eles eram os únicos que ainda não haviam parado, e só tinham aquela volta para entrar nos boxes. Há uma janela programada de pit stops na Stock Car em que os pilotos são obrigados a fazerem suas paradas antes que os boxes sejam fechados.
A longa demora do diretor de prova em acionar a intervenção do carro de segurança enquanto a equipe de resgate prestava socorro a Sergio Ramalho, permitiu que Massa e Marcos Gomes fizessem seus pit stops e retornassem à frente de Barrichello. Não bastasse isso, uma imagem da câmera on board do carro de Rubinho mostrou ele sendo ultrapassado por Gomes que de quebra ultrapassou também o Safety Car, o que era caso de punição.
A prova terminou sob bandeira amarela. Felipe Massa venceu pela segunda vez na Stock Car, o que não tira os méritos de brilhante atuação depois de largar da 29ª posição. Marcos Gomes recebeu a bandeirada em 2º, e Barrichello completou o pódio. Mas o vacilo da direção de prova interferiu no que provavelmente seria a tão sonhada vitória que Rubens Barrichello persegue há tanto em Interlagos. Ano passado, Rubinho sagrou-se bicampeão da Stock Car lá mesmo, mas terminou a prova em 11º. Na ocasião disse: "Interlagos está devolvendo um grande pedaço para zerarmos nossas contas". Mas ainda falta a vitória, e no último domingo certamente deve ter passado um filme em sua cabeça, como a pane seca em 2003 quando caminhava para a vitória com a Ferrari na F1.
"Um Natal de muitas alegrias a todos"