POLEPOSITION

A dança dos chefes

Por: Sérgio Magalhães | Categoria: Esporte | 20-01-2024 04:59 | 963
Guenther Steiner foi um  dos oito chefes de equipes que dançaram nos últimos 13 meses na F1
Guenther Steiner foi um dos oito chefes de equipes que dançaram nos últimos 13 meses na F1 Foto: Divulgação

A temporada 2024 da Fórmula 1 será a mais longa de todos os tempos com 24 corridas e entre elas, seis serão acompanhadas de corridas sprint que este ano passará por mudanças em seu formato para tornar o evento mais interessante. A verdade é que até agora, as sprints que surgiram em caráter experimental em 2021, acabaram sendo fixadas ao calendário da F1, mas ainda não mostraram a que veio e o formato não caiu nas graças dos fãs da categoria.

Todas as dez equipes começarão a próxima temporada com a mesma formação de pilotos com os quais terminaram o campeonato do ano passado. A Red Bull com Verstappen e Pérez, Mercedes com Hamilton e Russell, Ferrari com Leclerc e Sainz, McLaren com Norris e Piastri, Aston Martin com Alonso e Stroll, Alpine com Gasly e Ocon, Williams com Albon e Sargeant, Alpha Tauri (que deverá ter novo nome anunciado em breve) com Tsunoda e Ricciardo, Sauber (ex-Alfa Romeo e que oficialmente se chamará Stake até ser oficializada como Audi a partir de 2026) com Bottas e Zhou, e a Haas com Magnussen e Hulkenberg. É a primeira vez nos 74 anos de F1 sem que houvesse uma única mudança no cockpit dos 20 carros que alinharão para o grid de largada do GP do Bahrein, no próximo dia 03 de março.

Porém, 13 desses pilotos estão em seu último ano de contrato, o que deverá agitar o mercado de pilotos no decorrer da temporada. Mas enquanto a dança das cadeiras dos pilotos não começa, é a dos chefes de equipes que tem chamado atenção, algo que vinha passando despercebido até que o “Formula1 Stat Analysis”, um ótimo perfil com estatísticas e curiosidades a ser seguido no antigo Twitter, agora “X”, e no Instagram, fez um levantamento de todos os chefes de equipes que ‘dançaram’ nos últimos dois anos. Para surpresa, apenas Christian Horner no comando da Red Bull desde 2005, e Toto Wolff no da Mercedes desde 2014 - e ele acaba de renovar o seu contrato até o final de 2026 -, se mantêm em seus cargos. A partir daí, acredite, o chefe que tem mais tempo no comando de uma equipe é Mike Krack, desde janeiro de 2022 na Aston Martin. O então chefe de engenharia da equipe inglesa foi promovido para substituir Otmar Szafnauer que fora contratado pela Alpine, mas sua passagem pela equipe francesa foi curta e no ano passado foi substituído por Bruno Famin.

Nos últimos treze meses, sete equipes trocaram de chefe. Não é uma prática comum na F1 onde no passado houve chefes que dedicaram uma vida inteira às suas equipes. Eram os chamados garagistas, como Frank Williams, Ken Tyrrell e tantos outros. Até parece futebol; quando o time não ganha, troca-se o técnico. Foi o que a Ferrari fez no final de 2022 ao demitir Mattia Binotto, uma peça importante de seu staff técnico, mas que não funcionou como chefe de equipe que deu lugar a Fred Vasseur.

Durante a pandemia, algumas equipes optaram por atribuir as funções de chefe de equipe aos executivos, como foi o caso de Zak Brown na McLaren, Martin Whitmarsh na Aston Martin, Peter Bayer na Alpha Tauri, e Andrea Seidl na Sauber por terem uma visão mais ampla de todo o gerenciamento e funcionamento de uma equipe. Mas o pós-Covid tem mostrado que a nova tendência é promover o pessoal de engenharia e da área técnica, como tem acontecido com Mike Krack na Aston Martin, Andrea Stella na McLaren, James Vowles que saiu do staff técnico da Mercedes para assumir o comando da Williams, Laurent Mekies, que foi contratado junto a Ferrari pela Alpha Tauri para assumir o posto do decano Franz Tost que se aposentou ao final do ano passado, e por fim, Ayao Komatsu, engenheiro que está na Haas desde 2016, mesmo período em que também estava o agora demitido Guenther Steiner. E isso vem de encontro com as palavras de Gene Haas, o dono da equipe, que atribuiu a falta de resultados ao ex-chefe, Steiner, e alegou que “precisamos ser eficientes com os recursos que temos, mas melhorar nossa capacidade de design e engenharia é a chave para nosso sucesso como equipe.

A Haas, depois de um surpreendente 5º lugar em 2018, nunca mais passou do 8º lugar nos anos seguintes, e no ano passado terminou na última colocação. Foi a gota d’água para a demissão do acessível e carismático Guenther Steiner que desde o surgimento em 2016, foi um dos pilares de sustentação da equipe norte-americana na F1.