"SAIDINHA"

Último detento que não retornou da “saidinha” de Natal é capturado

Dos 19 beneficiados no presídio de Paraíso, cinco não haviam retornado no prazo estipulado pela Justiça; 56 permanecem foragidos no Estado
Por: Ralph Diniz | Categoria: Polícia | 27-01-2024 05:58 | 814
Foto: Arquivo

Nesta semana, o Departamento Penitenciário de Minas Gerais (Depen) informou que 56 detentos que foram beneficiados com a saída temporária de Natal ainda não voltaram aos presídios mineiros e são procurados pela Justiça. Em Paraíso, o último foragido foi encontrado na semana passada.

Um levantamento realizado pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) identificou que dos 3.760 presos beneficiados com a “saidinha de Natal” entre 18 de dezembro de 2023 e 1º de janeiro de 2024, 160 não retornaram aos estabelecimentos prisionais dentro do prazo estipulado pelo Judiciário. Já no presídio de Paraíso, dos 19 que tiveram a saída temporária autorizada, cinco desrespeitaram as regras e não voltaram, sendo assim considerados foragidos da Justiça.

Em uma operação realizada pelo 43º Batalhão de Polícia Militar no dia 8 de janeiro, quatro dos fugitivos foram capturados e levados de volta ao presídio. Apenas um deles permaneceu foragido. Segundo informações, o grupo possui passagens pelos crimes de roubo a mão armada, furto, tráfico de drogas, extorsão, receptação e lesão corporal.

O quinto homem foi encontrado dez dias depois, durante outra operação da PM. O indivíduo, de 32 anos, foi encontrado pelos militares em uma residência na Vila Alza. Depois de ser capturado, ele foi encaminhado à 2º Delegacia Regional de Polícia Civil e, em seguida, reconduzido ao presídio local.

A busca pelos detentos beneficiados pela “saidinha” de Natal que não retornaram no prazo previsto pela lei se intensificou depois que um presidiário que usufruía da condição matou o policial militar Roger Dias da Cunha, de 29 anos, com um tiro na cabeça no dia 5 de janeiro. O crime ocorreu em Belo Horizonte. O sargento chegou a ser internado, mas teve a morte confirmada dois dias depois.

O crime causou comoção nacional e virou assunto entre deputados e senadores, mesmo no período de recesso do Congresso. Na ocasião, o presidente do Senado, o mineiro Rodrigo Pacheco, declarou que a Casa está comprometida em revisar os institutos penais, como a saída temporária de presos, prevista no PL 2.253/2022.

O senador lamentou a morte do policial e disse que as saídas temporárias, em vez de servirem como uma proposta de ressocialização, têm sido um instrumento de permitir a liberdade daqueles que não têm condição de estar em liberdade. Pacheco ainda declarou que os diversos crimes envolvendo detentos beneficiados com as “saidinhas” ensejam uma reflexão profunda da política brasileira e da sociedade brasileira em relação à segurança pública ao sistema penal.