(Por Rafaela Reis)
De dia sou ser sonhador,
De noite sou poeta em carne.
De dia sorrio com os olhos,
A noite o sentimento, por dentro arde.
A irrealidade do que acredito ser,
É definida por mim mesma e apenas isso.
A contradição de ser algo uma hora
e hora outra coisa,
É resultado do tanto de "coisas"
que eu gostaria de ser.
E me rotulo
em desejo de ficar mais fácil ao mundo
Para me compreender.
Tanto que a morte já não mais me abala.
Pois nascida com a marca inconfundível
de "mortal" eu fui.
E quando aprendi o significado de meu ser
Foi quando aceitei o destino como ele é.
O nome "mortal"
É significado de nascido para morrer.
Então por que eu, mais uma em tantos bilhões
Seria a única a refutar a morte?
E por isso o "eterno" é a palavra que aclamamos.
Pois é a única coisa que não podemos ter,
Nem por um pingo de sorte.
O egoísmo humano de querer tudo,
É esquecido quando o fim vem.
Nessas horas agradecemos ao mundo
E o mundo nos agradece também.
Passamos uma vida toda,
Perdendo tempo e oportunidade.
Para o arrependimento cobrar o preço
Quando chega dita a hora da verdade.
Pois a eternidade se diz feita
Daquilo que o ser é ou faz enquanto vivo.
Um poeta se eterniza em suas obras,
Um marceneiro em suas criações se faz eternamente vivo,
Assim como um pastor se eterniza em suas criaturas.
Seja a verdade dura,
Que passamos uma vida buscando algo único para ser.
Quando na verdade, podemos ser tudo
E não nos damos conta disso
Até o tempo se perder.
Sonhadores não morrem
Pois em seus sonhos eles possui o infinito.
Poetas também não morrem,
Pois eles sentiram tudo em suas experiências,
E assim para sempre serão ardentes e vivos.