Na busca por soluções inovadoras que promovam a sustentabilidade e a diversificação da produção agrícola, uma parceria entre a Emater-MG, a Epamig, a UFLA e a Embrapa, está incentivando o plantio de arroz em consórcio com lavouras de café na região, incluindo São Sebastião do Paraíso. Este programa visa não apenas reintroduzir o estado de Minas Gerais como um grande produtor do cereal, mas também fortalecer a base alimentar da população brasileira, composta essencialmente pelo produto juntamente com o feijão.
O programa, batizado de “Resgatando o Cultivo de Arroz de Terras Altas em Minas Gerais”, apresenta aos produtores novos materiais genéticos adaptados para o cultivo na região, conhecidos como arroz de terras altas ou arroz de sequeiro. “Esses materiais podem ser cultivados tanto em consórcio com o café quanto isoladamente, mostrando resultados promissores”, explica Geraldo José Rodrigues, extensionista da Emater-MG. Segundo ele, as sementes de arroz foram plantadas em outubro de 2023, com previsão de colheita já no início deste mês.
A iniciativa, liderada pela Epamig e financiada pela Fapemig, conta com a colaboração essencial de instituições como a Embrapa e a Universidade Federal de Lavras, além do apoio técnico e extensionista da Emater-MG. “Nosso papel é fundamental para levar aos produtores essa nova tecnologia e esses novos materiais, que podem ser implantados nas entrelinhas das lavouras de café, proporcionando uma integração produtiva e sustentável”, destaca Rodrigues.
Em São Sebastião do Paraíso, dois produtores já aderiram ao programa, e na microrregião, o número totaliza dez, demonstrando um interesse crescente pela técnica. Esses agricultores receberam treinamentos e orientações desde o plantio até a colheita, focando em testes com três materiais diferentes. “Os resultados iniciais são animadores, com materiais rústicos que se adaptam bem ao cultivo consorciado, incluindo variedades precoces e uma que promete maior rendimento de grãos inteiros”, revela o extensionista.
Historicamente, a região de Paraíso, conforme relatos de produtores mais antigos, já foi palco de vastas lavouras de arroz, com Minas Gerais posicionando-se como o terceiro maior produtor do cereal no Brasil. Atualmente, a produção se limita a áreas pequenas, majoritariamente para consumo próprio. “A ideia é que, por meio dessas unidades demonstrativas, possamos reacender o interesse pelo cultivo de arroz na região, trazendo benefícios tanto ambientais quanto econômicos para os produtores”, enfatiza Rodrigues.
Um dos produtores pioneiros nessa iniciativa é João Eduardo de Paula Vieira, da Fazenda Pimentas, em Paraíso. Com uma lavoura de café de aproximadamente 2 hectares, ele dedicou cerca de 350 metros de linha para o plantio de quatro espécies diferentes de arroz. “A experiência tem sido muito positiva. Além dos benefícios agronômicos, como a retenção de umidade e a proteção contra o vento para o café, o arroz representa uma fonte de renda adicional bastante promissora”, relata.
Animado com os resultados preliminares, o agricultor já planeja expandir o cultivo de arroz nas próximas safras, otimista quanto à possibilidade de intercalar com sucesso as duas culturas. “A chave está no manejo adequado. Com organização e as orientações certas, é possível maximizar os benefícios dessa prática inovadora”, diz.
Para o extensionista da Emater, a iniciativa do programa de consorciar arroz com café está não apenas resgatando uma tradição agrícola, mas também abrindo novos caminhos para a sustentabilidade e a diversificação produtiva nos campos de Minas Gerais. “Com o apoio das instituições de pesquisa e a vontade dos produtores de adotar novas práticas, o futuro da agricultura na região promete ser rico em inovação e sucesso econômico”, conclui.