POLEPOSITION

A pergunta que não quer calar: Verstappen fica ou sai?

Por: Sérgio Magalhães | Categoria: Esporte | 16-03-2024 04:01 | 806
O desenrolar do caso Horner vai apontar se Verstappen fica ou deixa a Red Bull
O desenrolar do caso Horner vai apontar se Verstappen fica ou deixa a Red Bull Foto: Divulgação

O que tinha tudo para ser uma temporada de grandes momentos, regada a champanhe, virou-se dos avessos. De uma hora para outra, um grande terremoto chacoalhou a Red Bull. Não na pista, mas fora dela. Já havia uma disputa interna pelo poder entre o chefe da equipe, Christian Horner e o consultor, Helmut Marko, que se intensificou depois da morte do fundador da empresa de bebidas energéticas, e consequentemente da equipe de F1, Dietrich Mateschitz, de quem Marko, um ex-piloto austríaco dos anos 60 e 70, era o braço direito e homem de confiança.

Horner é atualmente o mais antigo chefe de uma equipe de F1. Está no comando da Red Bull desde que Mateschitz, um homem que era apaixonado por automobilismo, comprou a Jaguar e montou sua própria equipe de F1. Quando o ambiente começou a deteriorar-se entre os dois mandachuvas, Helmut Marko renovou a extensão de seu contrato com a equipe. Horner torceu o nariz, mas mal sabia o que estava por vir. Uma denúncia de uma funcionária da equipe por conduta inapropriada de Horner, aflorou de vez a disputa pelo poder.

Horner foi investigado internamente pela Red Bull GmbH (a empresa, e não a equipe de F1), e foi inocentado. Dias depois, a funcionária que o denunciou foi afastada da equipe.

Mas onde entra Max Verstappen nessa história? Primeiro é preciso saber que Horner tem o apoio do maior acionista da Red Bull, o indonésio Chalerm Yoovidhya, dono de 51%. Os outros 49% são do filho de Dietrich, Mark Mateschitz, um dos pilares onde Helmut Marko tem total apoio.

Após a vitória esmagadora de Verstappen no Bahrein, seu pai, Jos Verstappen, uma figura nada amável no paddock da F1, não fez a menor cerimônia em dizer que “se Horner não deixar a Red Bull, a equipe irá se despedaçar”. Em outras palavras, pediu a cabeça do chefe da equipe que no mesmo final de semana passou boa parte do tempo ao lado de Yoovidhya como que para mostrar que tem força para permanecer no cargo. Naquele mesmo final de semana vazou e-mail anônimo para todos os chefes de equipe, dirigentes da F1 e da Federação Internacional de Automobilismo, de supostas evidências da conduta inapropriada de Christian Horner com a funcionária.

Na Arábia Saudita, Helmut Marko disse à imprensa austríaca que poderia ser suspenso pela Red Bull levantando suspeita de que estaria por trás do e-mail vazado. E Max Verstappen entrou de cabeça declarando todo apoio a Marko e dizendo abertamente que se Marko não ficar, ele também não teria mais interesse em permanecer na equipe.

Verstappen assinou a extensão de seu contrato em março de 2022 com duração até 2028. A declaração do atual líder do campeonato foi a deixa que Toto Wolff queria e sinalizou a vaga aberta na Mercedes para o ano que vem com a saída já confirmada de Lewis Hamilton para a Ferrari.

Pode soar estranho Verstappen trocar a equipe pela qual conquistou seus três títulos, está a caminho do 4º e tem boas chances de repetir o feito no ano que vem. Só no ano passado ele venceu 19 das 22 corridas e atualmente vem acumulando 9 vitórias consecutivas. Mas há muitas coisas envolvidas nessa novela, e uma fonte diz que a briga entre Christian Horner e Helmut Marko é apenas uma peça do tabuleiro na disputa que há também lá em cima, entre o maior acionista, Yoovidhya, e o filho do fundador, Mark Mateschitz.

A partir de 2026 a F1 terá novo regulamento com profundas mudanças principalmente na área de motores, e surgem boatos de que os estudos do desenvolvimento das unidades de potência que a Red Bull vai fabricar em parceria com a Ford não estão tendo os resultados esperados, o que estaria acendendo o sinal de alerta para Verstappen pular fora, tendo o imbróglio envolvendo Christian Horner como brecha para rescindir seu contrato.

A história parece ainda longe de ter um final, mas os próximos capítulos vão apontar o destino de Max Verstappen, se fica o sai da Red Bull. E se sair, será para a Mercedes? Eis que a Aston Martin, que terá exclusividade dos motores Honda que o próprio Verstappen bem conhece, surge como alternativa.