(Por Rafaela Reis)
São os olhos aqueles que nos despiam.
São os olhos aqueles que tiram nosso invólucro e nos deixam nus.
São os olhos aqueles que nos veem
Além da compreensão, além da camada superficial humana que se produz.
São os olhos que aquecem a pele antes do toque,
São os olhos que refletem a luz da alma.
São os olhos que brilham o fogo do amor,
São os olhos que fazem brotar a calma.
Os homens da terra se olham,
E fazem-se de cegos, se escondem na cegueira.
Pois pode até doer quando vemos a verdade,
Mas além da verdade há uma vida inteira.
A alma se encontra nos olhos
Pois são os olhos que são o portal do imo.
Então que coisa mais linda há que os olhos?
Não existe, pois eu afirmo.
Os olhos exalam o desejo,
Os olhos correspondem a cortesia,
Os olhos perfazem o desencontro,
Os olhos cintilam na euforia.
Estes que causam o arrepio,
Estes que causam a pele corada.
Estes que causam o infame e etéreo desejo da alma.
Alma e olhos são reflexos,
Que refletem o êxtase de apenas existir.
Se sabe ser quem preserva o olhar.
É neste que se revela o ser,
Em seu mais puro estado de vulnerabilidade.
Os olhos não mentem pois são puros demais para isto,
São como um ouro que nos foi dado pelos céus.
Despertai em vós a vista viva,
Aquele olhar que deixa em nudez o mais profundo do âmago,
Que faz a sensação lúdica e inebriada
De apenas sentir a beleza transcorrida no véu mais íntimo do estar e do ser.