POLEPOSITION

Um sopro de alívio para Hamilton

Por: Sérgio Magalhães | Categoria: Esporte | 06-04-2024 04:02 | 978
Música, moda e cinema estão nos radares de Hamilton quando se aposentar
Música, moda e cinema estão nos radares de Hamilton quando se aposentar Foto: Reprodução GQ

O desfecho do GP da Austrália há 15 dias certamente foi um alívio para Lewis Hamilton. Embora ele tenha abandonado a corrida logo após Max Verstappen ter problemas de freio e sair do caminho para uma emocionante vitória de Carlos Sainz com a Ferrari, duas semanas depois de passar por uma cirurgia de apendicite, Hamilton assistiu de camarote o desempenho de sua futura equipe que deu um largo passo a frente em comparação não só com a Mercedes, mas em relação ao ano passado.

No próximo ano ele ocupará o lugar de Sainz que segue cumprindo aviso prévio em grande estilo. Hamilton chegará com moral na Ferrari, ainda que no momento atual seu desempenho esteja abaixo do esperado com o pouco competitivo W15 da Mercedes. Mas não escondeu o desejo de ver um possível retorno de Sebastian Vettel à F1 para ocupar o seu lugar na equipe prateada.

Nesta semana Lewis Hamilton concedeu uma longa e interessante entrevista à revista inglesa GQ. Falou um pouco de tudo, do momento de parar - ele está com 39 anos e conversou com vários atletas aposentados como Boris Becker, Serena Williams, Michael Jordan, sobre o medo e a falta de preparação pelo que vem a seguir. Ele disse que ouviu desses atletas ´parei muito cedo’, ‘fiquei muito tempo’, ‘quando parei não tinha nada planejado’, ´meu mundo desabou porque toda a minha vida foi voltada para esse esporte’... “E isso me faz pensar: Ok, como posso evitar isso quando eu parar?” Hamilton disse que passou a levar a sério a busca por outras coisas pelas quais ele é apaixonado. A música, o cinema, a moda, estão em seus planos para quando deixar as pistas. “Quando entrei na F1 era acordar, treinar, correr, correr, correr e nada mais. Mas percebi que só trabalhar não traz felicidade e é preciso encontrar um equilíbrio na vida”, disse. Foi quando o heptacampeão revelou na entrevista descobrir que na verdade estava bastante infeliz.

Hamilton contou que sua mente está sempre em movimento, e que hoje consegue enxergar o que poderá estar fazendo daqui a cinco anos. Ele não vence uma corrida há duas temporadas, a última vitória foi no GP do Qatar de 2021, e sobre o desfecho daquela temporada veio a parte da entrevista que me chamou mais atenção, onde passei um marca texto quando o repórter perguntou se Hamilton foi roubado? “Obviamente. O que foi lindo naquele momento foi que meu pai estava comigo e passamos juntos por aquela montanha-russa da vida, com altos e baixos. E no dia que mais doeu, ele estava lá comigo. Ele (Anthony, seu pai) sempre me ensinou a manter a cabeça erguida, e obviamente fui parabenizar Max (Verstappen). Aquele foi um momento decisivo na minha vida. Mas eu estava consciente: Nos próximos 50 metros ou caio no chão e morro ou me levanto”, disse.

Hamilton revelou que ainda passa pela cabeça um filme daquela última corrida de 2021 em Abu Dhabi quando foi literalmente prejudicado por uma falha descomunal (ou intencional???) do então diretor de prova, Michael Masi, mas que hoje se sente em paz com isso.

O desempenho da Mercedes bem abaixo do que era esperado para este ano reflete na tabela de classificação do campeonato. Com três corridas no ano passado, a equipe alemã somava 56 pontos. Com as mesmas corridas de 2024, ela soma apenas 26 e ocupa a 4ª colocação no Mundial de Construtores com um ponto apenas à frente da Aston Martin. Hamilton é tão somente o 10º colocado entre os pilotos com 8 pontos, 10 a menos que o companheiro George Russell.

A F1 está no Japão, e vamos para mais uma corrida de madrugada com largada às 2h direto do Circuito de Suzuka, uma das poucas pistas raízes deste calendário maluco da F1, onde pelas características do traçado, a Mercedes deverá continuar sofrendo com o W15. O favoritismo é sempre da Red Bull com Max Verstappen, mas é bom ficar de olho na Ferrari.