Cheguei em casa. Tomovi esperava-me com brilhos nos olhos. Ao abraçá-lo, senti-me por inteiro, como se juntasse todos os meus caquinhos.
Eu era como um vaso de fina porcelana, as rachaduras eram desenhos artísticos a percorrem minha alma por completo.
Comecei a aceitar-me como não perfeito e, simplesmente, humano. Não, não sou uma máquina. Quem é perfeito nessa vida?
Ao abraçar o Tomovi, recebi todo o amor da vida, como fosse cola a juntar os meus pedaços.
Eu estava inteiro? Eu era inteiro? Nem sei o motivo de sentir-me aos pedaços.
Senti um amor tão grande. Sua companhia era motivo de muita felicidade. Já não lembro mais os motivos das tristezas.
O tempo passou devagar enquanto abraçava-o, sentia a sua respiração. O seu ronco, à noite, também alegrava-me. O cachorrinho estava aqui com toda a sua simplicidade.
Ele deitou bem junto a mim, como se, agora, nós fossemos por inteiro. Grudou-se a mim.
A vida são pedaços a unir-se. São memórias a serem lembradas. A felicidade mora dentro das coisas mais simples como um carinhoso e afetuoso abraço.
Que amizade sincera era essa? Não sei.
Os cachorros amam de verdade.
Ivan Maldi