POLEPOSITION

Se sair da Red Bull, onde Adrian Newey vai se encaixar?

Por: Sérgio Magalhães | Categoria: Esporte | 27-04-2024 04:54 | 991
Uma mudança de Adrian Newey seja para qual equipe for, será uma grande notícia e um bem tanto para o lado técnico quanto esportivo da F1
Uma mudança de Adrian Newey seja para qual equipe for, será uma grande notícia e um bem tanto para o lado técnico quanto esportivo da F1 Foto: Diego Mejía
 

A última quinta-feira (25) foi chacoalhada com matérias bombásticas de dois jornalistas conceituados e bem informados dos bastidores da F1. E embora não haja nenhuma confirmação, partindo de Michael Schmidt da alemã Auto Motor und Sport, e de Andrew Benson da BBC Sport da Inglaterra, é preciso dar crédito. Eles podem estar a caminho de um grande furo jornalístico ao cravar que o mago da aerodinâmica, Adrian Newey, está de saída da Red Bull, tendo inclusive já comunicado a direção da equipe sobre seu desejo de sair ao final desta temporada. Newey tem contrato com a Red Bull até o final de 2026, mas segundo as publicações, ele estaria insatisfeito com os desdobramentos do caso de assédio sexual envolvendo o chefe da equipe, Christian Horner, contra uma funcionária da equipe, e também com a disputa interna pelo poder entre o próprio Horner e o consultor Helmut Marko.

Newey está na Red Bull desde 2005 e é um dos pilares que fez transformar uma marca de bebidas energéticas em uma das mais poderosas equipes de F1 dos tempos modernos. Ele aproveitou uma mudança de regulamento em 2009 para colocar a equipe mediana no topo e a partir de 2010 venceu 4 campeonatos seguidos com Sebastian Vettel. Novamente em outra mudança de regras em 2022 quando a aerodinâmica teve peso maior no desempenho dos carros, Newey tirou mais um coelho da cartola e está causando ‘estrago’ na F1 como a gente brinca, ao projetar os carros que fazem Max Verstappen nadar de braçada.

Mas não é só da Red Bull que vem o sucesso de Newey. Ele é o homem mais vitorioso da F1 com mais de 400 vitórias e 25 títulos entre pilotos e construtores conquistados na Williams, McLaren e Red Bull. Não por acaso seu salário equivale ao dos pilotos top da categoria. Fala-se anualmente em 10 milhões de libras esterlinas, cerca de R$64,5 milhões.

Mas espere, se sair da Red Bull, onde Newey se encaixa? Aos 65 anos, ele é hoje um dos homens mais desejados da F1 tanto quanto Verstappen e Hamilton. Não é novidade que Lawrence Stroll, o bilionário canadense, dono da Aston Martin, tem tentado atrair Newey para sua equipe que terá os motores Honda a partir de 2026 quando a F1 passará por nova mudança de regulamento. Mas há outras cartas na mesa. A Ferrari já foi um sonho do projetista e a Mercedes anda perdida com os carros problemáticos dos últimos anos e vive uma seca de vitórias. A equipe alemã saiu dos trilhos desde que deixou de dominar a F1 e não contava com a inesperada baixa de Hamilton que vai para a Ferrari no ano que vem.

Dinheiro não é problema nas três cartas sobre a mesa e vale lembrar que os salários dos pilotos e dos três principais integrantes da equipe não entram na contabilidade do teto orçamentário. E qualquer uma delas seria bastante interessante para a F1 que precisa de uma chacoalhada, seja na Ferrari, formando um novo Dream Team (time dos sonhos) com Hamilton/ Leclerc/ Newey/ Fred Vasseur tal qual nos anos 2.000 com Schumacher/ Barrichello/ Jean Todt/ Ross Brawn/ Rory Byrne; na Aston Martin formando um super time Alonso/ Newey/ Honda, e vai saber se Alonso não correu para renovar seu contrato semana passada já sabendo quem será o projetista de seu carro? Ou na Mercedes trazendo junto Max Verstappen que tem sido seduzido por Toto Wolff e já deixou claro que se alguma de suas pessoas de confiança deixar a Red Bull, ele também sai.

É estranho dizer, mas essa disputa externa na F1 está muito mais interessante do que dentro da pista. Por aí se vê o quanto uma mudança desse tipo fará bem à categoria.

TRINTA ANOS SEM AYRTON SENNA
Na próxima quarta-feira (1) completa-se 30 anos da morte de Ayrton Senna num final de semana trágico que a F1 viveu em Ímola e que teve também a morte do austríaco Roland Ratzenberg no dia anterior. Foi um daqueles dias em que quem era vivo lembra onde estava e o que fazia quando foi tomado pelo choque da notícia da morte do brasileiro.