POLEPOSITION

GP do Canadá teve um pouco de tudo

Por: Sérgio Magalhães | Categoria: Esporte | 15-06-2024 04:58 | 669
Largada do molhado GP do Canadá com Russell (D) e Verstappen (E) que fizeram o mesmo tempo da pole position: 1:12:000
Largada do molhado GP do Canadá com Russell (D) e Verstappen (E) que fizeram o mesmo tempo da pole position: 1:12:000 Foto: F1

O empate até nos milésimos de segundo entre George Russell e Max Verstappen na emocionante definição do grid de largada para o GP do Canadá foi a senha para uma das melhores corridas dos últimos anos na F1. O clima instável que pairou sobre Montreal desde sexta-feira tornou a corrida imprevisível. Era tudo que a F1 precisava para esquecer o modorrento GP de Mônaco de quinze dias atrás como um dos piores da história em que ninguém ultrapassou ninguém e os dez primeiros terminaram do mesmo jeito que largaram, ainda que o resultado tenha sido histórico com a vitória de Charles Leclerc, o primeiro monegasco a vencer uma corrida de F1 em casa.

O GP do Canadá teve um pouco de tudo. Russell na pole com a Mercedes, um começo selvagem de Kevin Magnussen - apenas ele e o companheiro de Haas, Nico Hulkenberg, largaram com pneus de chuva intensa enquanto o resto do grid partiu com os intermediários - e em três voltas o dinamarquês saltou de 14º para 4º e estava próximo do líder até que formou um trilho mais seco no asfalto e as carruagens da Haas viraram abóbora com Hulkenberg que também havia escalado o pelotão de 19º para 9º perder rendimento. Mas valeu o show que deram enquanto durou.

Teve também a espetacular ultrapassagem dupla de Alex Albon ao costurar Daniel Ricciardo por fora e Esteban Ocon por dentro como se fossem uma chicane móvel numa manobra que será candidata a mais bela da temporada. Pena que o tailandês da Williams foi tirado da prova por um erro de Carlos Sainz, da Ferrari.

Ah, a Ferrari(!) sendo Ferrari, chegou como favorita em Montreal, mas não se achou e deu vexame. Uma sucessão de problemas e erros custou caro para a equipe ao sair sem nenhum ponto com o abandono duplo de Leclerc e Sainz. Sergio Pérez também não justificou a renovação de contrato com a Red Bull e teve um péssimo fim de semana. Largou do fundo do grid, não avançou na corrida, rodou, bateu sozinho, e ainda recebeu punição de três posições no grid da próxima corrida por retornar aos boxes com o carro soltando pedaços pela pista. Por conta disso, a Red Bull foi multada em 25 mil euros.

Mas o melhor do GP do Canadá foi a imprevisibilidade. A vitória passou pelas mãos de George Russell e Lando Norris antes de ir parar nas de Max Verstappen, mas dessa vez o holandês precisou lutar como um leão para superar as deficiências de seu Red Bull e a maior eficiência dos carros da Mercedes e da McLaren no Circuito Gilles Villeneuve. Foi a 60ª vitória do holandês, a 50ª nas últimas 75 corridas desde que começou o seu domínio no início de 2022. Em minha modesta opinião, foi uma das mais bonitas vitórias de sua carreira. Quem aprecia a F1 nos detalhes deve ter observado a precisão de Verstap-pen na última relargada em aquecer os pneus na medida exata para impedir qualquer tentativa de ataque de Lando Norris na 59ª volta.

A McLaren segue cada vez mais ameaçadora ao domínio da Red Bull. Norris talvez fosse o vencedor se a sinalização de Safety Car no primeiro terço da prova não fosse tão em cima da hora quando ele passava pela entrada dos boxes. Uma nova oportunidade foi construída quando a pista secou, mas o britânico perdeu aderência com os pneus slicks no trecho molhado da saída dos boxes e Verstappen reassumiu a liderança para não mais perder.

Tirando a Ferrari que só restou juntar os cacos de um final de semana desastroso, muito mais por problemas pontuais do que retrocesso no desempenho de seus carros, o desempenho da Mercedes durante todo o final de semana foi uma lufada de ar fresco que a F1 precisava e cria a expectativa de que possa haver quatro equipe lutando por vitórias daqui por diante.

O Circuito Gilles Villeneuve, assim como Interlagos, Suzuka, Silverstone, Spa-Francorchamps não decepciona. O que a F1 precisa é de mais pistas raízes. E com uma dose de sorte como a instabilidade climática do Canadá, é garantia de corrida boa.