POLEPOSITION

Um dos personagens mais perversos da F1 está de volta

Por: Sérgio Magalhães | Categoria: Esporte | 29-06-2024 03:43 | 1055
Flavio Briatore está de volta. Pelo bem ou pelo mau
Flavio Briatore está de volta. Pelo bem ou pelo mau Foto: Diego Mejia

Um dos sujeitos mais perversos que já passou pela F1 está de volta. É lamentável que Flavio Briatore que causou tanto mal ao esporte e manchou a imagem da F1 com uma das trapaças mais absurdas que se pode imaginar de um chefe de equipe seja requisitado. Isso é fruto da dificuldade que a F1 tem em renovar seus personagens, seja pilotos - há uns cinco que fazem hora extra no grid atual -, ou nas mais diversas áreas, como no caso de Briatore que será conselheiro executivo na Alpine.

Para quem não sabe, ou para refrescar a memória dos que não acompanham atentamente a F1, em 2008 Flavio Briatore e Pat Symonds, então chefe de equipe e diretor técnico da Renault, armaram o plano maquiavélico executado por Nelsinho Piquet em bater de propósito no muro durante o GP de Cingapura para forçar a entrada do Safety Car e favorecer a vitória do companheiro de Renault, Fernando Alonso.

Foi uma das maiores canalhices já vistas na F1. Um ano depois, quando Nelson Piquet (pai) denunciou o caso não por repúdio ao envolvimento do filho na trapaça, mas porque Nelsinho foi demitido da Renault, Briatore foi banido da F1 e Symonds recebeu cinco anos de suspensão. Pela delação premiada, Piquet Jr. não foi punido, mas sua carreira acabou ali na F1. Indiretamente, as consequências do episódio que ficou conhecido como “Cingapuragate”, interferiu no resultado final daquele campeonato e hoje Felipe Massa briga na justiça pelo título que perdeu para Lewis Hamilton na última corrida do ano por um ponto depois que o ex-chefão da F1, Bernie Ecclestone, disse no ano passado que soube do ocorrido na época, assim como os dirigentes da Federação Internacional de Automobilismo, mas preferiram abafar o caso para poupar a F1 de um escândalo. Lamentável; tão quanto a Renault, proprietária da Alpine, recorrer aos serviços de Flavio Briatore para recolocar a equipe nos trilhos.

Briatore comandou a extinta Benetton no bicampeonato de Michael Schumacher em 1994 e 1995 (em 94 é bom que se diga, o carro estava fora do regulamento), e posteriormente nos dois títulos de Alonso com a Renault em 2005 e 2006. Em 2015 recorreu à justiça contra a punição que recebeu da F1 e teve ganho de causa.

A Alpine começou mal o campeonato deste ano com seus carros muito acima do peso. A equipe anda tão perdida ao ponto de nenhum de seus integrantes entender como os dois carros foram rápidos em Barcelona onde largaram entre os dez primeiros e terminaram em 9º e 10º respectivamente com Pierre Gasly e Esteban Ocon. Essa falta de rumo explica a necessidade de recorrer a Briatore pelo bem ou pelo mau.

Dito isto, o GP da Espanha foi a corrida 1111 da F1 e com o perdão do trocadilho, vencida pelo carro número 1, de Max Verstappen. Foi a 7ª vitória do holandês nesta temporada e desde que venceu na mesma pista em 2022, nunca mais deixou a liderança. Já são 49 corridas, 763 dias que Verstappen não sabe o que é ter seu nome na linha de baixo do topo da tabela de classificação do Mundial.

Mas apesar da vantagem, as últimas corridas têm mostrado queda significativa no desempenho de seu então indomável RB20 das primeiras etapas do ano. É verdade que Verstappen ganhou 3 das últimas 5 corridas, mas em todas ele enfrentou dificuldades e foi muito mais questão de talento do que fruto do ótimo carro que dispunha antes das evoluções de McLaren, Ferrari e agora também da Mercedes.

A F1 está muito equilibrada e tem dado gosto de ver. No Canadá George Russell fez a pole position e Verstappen obteve o mesmo tempo (1min12s000), mas a pole ficou com o piloto da Mercedes por ter registrado primeiro. Lando Norris se classificou em 3º apenas 0s021 atrás. Na Espanha, Norris fez a pole apenas 0s020 melhor que o tempo de Verstappen, e 0s742 separou os nove primeiros colocados do grid.

Norris recebeu a bandeirada há 2s219 da Red Bull de Verstappen e tem se posicionando como principal adversário e ameaça ao domínio do holandês. O piloto da McLaren esteve em primeiro ou 2º nas últimas seis corridas. Venceu em Miami e esteve próximo da vitória em Imola, Canadá e domingo passado na Espanha.

Neste final de semana tem o GP da Áustria e com corrida sprint inclusa na programação. Esta é a segunda de três corridas seguidas da maratona que a F1 embarcou na semana passada com 5 GPs em seis finais de semana consecutivos antes da parada para as férias de agosto.