ABSOLVIDO

Ademir "Tomateiro" é absolvido por suposto pedido de dinheiro a ex-prefeito

Justiça considera insuficiente as provas contra Ademir Tomateiro em acusações de corrupção passiva por pedir dinheiro ao então prefeito Walker Américo de Oliveira
Por: Ralph Diniz | Categoria: Justiça | 29-06-2024 07:59 | 718
ex-vereador Ademir Alves Ross (Ademir Tomateiro)
ex-vereador Ademir Alves Ross (Ademir Tomateiro) Foto: Arquivo "JS"

A juíza de direito Edna Pinto, da comarca de São Sebastião do Paraíso decidiu pela absolvição do ex-vereador Ademir Alves Ross (Ademir Tomateiro), das acusações de corrupção passiva que pesavam contra ele. O processo judicial,  se arrastava desde 2019, e a juíza concluiu que as provas apresentadas eram insuficientes para sustentar as acusações feitas pelo Ministério Público de Minas Gerais contra Ross.

Ademir Ross foi acusado de solicitar vantagens indevidas para si, utilizando sua posição como vereador para influenciar votações dentro da Câmara Municipal, em particular durante o processo de cassação do então prefeito Walker Américo Oliveira, ocorrido em julho de 2019. As acusações detalhavam que Ross teria pedido dinheiro ao prefeito em três ocasiões distintas, sob a promessa de votar contra a cassação em troca de benefícios financeiros.

De acordo com a denúncia, “Tomateiro” insistia que necessitava de R$ 50 mil de fundos para completar uma construção em Mogi Guaçu. Segundo o Ministério Público, as solicitações foram feitas no contexto de uma reunião na Prefeitura, em uma obra pública e em um encontro próximo ao campus da Universidade Federal de Lavras (UFLA).

O caso foi marcado por uma série de eventos que incluíam gravações de conversas e encontros monitorados pela polícia, que culminaram na prisão de Ross em flagrante ao receber um envelope contendo R$ 5 mil, supostamente como parte do acordo de corrupção. No entanto, durante o julgamento, a defesa argumentou que não havia provas concretas de que Ross tenha efetivamente solicitado ou recebido o dinheiro como propina. Na ocasião, Tomateiro ficou 17 dias preso e Walker conseguiu manter-se no cargo.

A juíza Edna Pinto apontou em sua decisão que a materialidade do delito estava evidenciada pelo boletim de ocorrência e outros documentos, mas a autoria e a intenção criminosa não puderam ser definitivamente comprovadas. A análise das conversas gravadas entre Ross e o prefeito Oliveira sugeria que, embora houvesse discussões sobre apoio político e projetos para a localidade de Guardinha, não ficou claramente estabelecido que Ross solicitou explicitamente dinheiro em troca de seu voto.

Destacou que, em muitos momentos das gravações, foi o próprio prefeito quem mencionou a questão financeira, e não Ross. Isso levantou dúvidas sobre a dinâmica das conversas e a real intenção das partes envolvidas. Conforme consta na sentença da juíza Edna Pinto, em uma de suas falas o ex-prefeito diz: “Eu não posso te dar dinheiro e nem você pode pegar e nem eu posso pegar dinheiro de nada. O que eu posso fazer pra você é o seguinte, te juro por Deus: institucionalmente o que cê precisar pra Guardinha, pra sua reeleição, pode contar comigo que cê tem porta aberta. Agora, não adianta nada eu te dar qualquer dinheiro, depois os outros descobre e num é perfil nosso, entendeu? Isso num resolve, isso num traz adianto na nossa vida.” Além disso, durante o julgamento, Ross negou consistentemente que tivesse pedido qualquer quantia ao prefeito, descrevendo as acusações como um mal-entendido exacerbado por um cenário político tenso.

Diante dos fatos, a juíza, ao revisar o caso, afirma ter notado várias incongruências nas evidências apresentadas. Ela destacou que, embora a materialidade do delito fosse clara — dada a existência de gravações e testemunhos — a autoria e a intenção criminosa não estavam suficientemente demonstradas para justificar uma condenação. Assim, Ademir Ross foi absolvido e o caso arquivado. A justiça determinou que as custas processuais fossem cobertas pelo estado e comunicou todas as partes envolvidas após o trânsito em julgado da decisão.