Em São Sebastião do Paraíso, um novo método de estelionato tem preocupado os moradores e as autoridades locais. Golpistas têm estabelecido falsas centrais telefônicas, se passando por funcionários de bancos e operadoras de cartão de crédito para enganar as vítimas e obter dados financeiros e pessoais.
Os criminosos telefonam para as vítimas de números desconhecidos, com DDD’s de outras localidades do Brasil e se apresentam como representantes das instituições. Depois, utilizando de técnicas avançadas de engenharia social, ganham a confiança das pessoas ao confirmar informações que eles já possuem, como nome, e-mail e telefone. Sob o pretexto de resolver problemas relacionados à conta bancária da vítima, os estelionatários solicitam dados sigilosos, como números de cartão e senhas.
As abordagens dos golpistas variam, desde alegações de problemas em transações recentes como transferências via Pix e pagamentos de boletos, até alertas sobre transações não autorizadas que requerem verificação imediata da identidade da vítima. Em alguns casos, os fraudadores também induzem a instalação de aplicativos maliciosos, sob a alegação de necessidade de atualização do aplicativo bancário.
De acordo com dados recentes da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), os registros de golpes envolvendo centrais telefônicas e funcionários de bancos falsos têm aumentado a cada ano, sendo que os ataques dessa natureza praticamente dobraram em 2023.
Diante dos fatos, a reportagem do Jornal do Sudoeste entrou em contato com a Polícia Civil de Minas Gerais que, por meio de sua assessoria de comunicação, informou que “exerce a função precípua de investigação criminal, visando ao esclarecimento de autoria, materialidade, motivação e circunstâncias das ocorrências que aportam nas unidades policiais”.
A PCMG também esclarece que esse tipo de crime pode ser configurado como estelionato e pode ser praticado tanto no ambiente físico, quanto no ambiente virtual, tornando-se, assim, um crime cibernético. “Na capital, existe a Delegacia Especializada de Investigação de Crimes Cibernéticos. No interior, todas as delegacias de área têm competência para investigar esse tipo de crime”, explica na nota.
Ainda de acordo com a corporação, conforme previsão legal, o estelionato é crime de ação penal pública condicionado à representação das vítimas. Dessa forma, a PCMG orienta que as vítimas registrem a ocorrência e manifestem o interesse em representar para que a investigação seja iniciada.
Questionada sobre não haver dados a respeito de golpes por meio de ligações telefônicas de criminosos que se passam por funcionários de agências bancárias e outras instituições financeiras”, a PCMG esclarece que nos Registros de Eventos de Defesa Social (Reds) não há um campo parametrizado que permita filtrar especificamente tais “golpes”.
Segundo dados da Diretoria de Estatística e Análise de Informações de Segurança Pública encaminhados à reportagem, em 2022, de janeiro a maio, foram registrados 54.188 casos de estelionatos consumados em Minas Gerais. No mesmo período de 2023, esse número saltou para 56.189. Já neste ano, foram cometidos 72.164 crimes desta natureza no Estado, um aumento de 28,43%.
Ao final da nota, a Polícia Civil encaminhou uma série de dicas à comunidade paraisense sobre como se prevenir para não cair no golpe da falsa central telefônica em serviços bancários: “Para prevenir-se contra golpes como o da ‘falsa central telefônica’ e salvaguardar suas finanças, é crucial adotar práticas de segurança proativas. Desconfiar de ligações suspeitas, confirmar a identidade de quem está do outro lado e evitar compartilhar informações pessoais por telefone são passos essenciais. Manter dispositivos seguros, verificar extratos bancários regularmente e estar ciente das técnicas de engenharia social são medidas adicionais para fortalecer a segurança financeira. Além disso, a educação contínua sobre os golpes mais recentes e a disseminação dessa informação para amigos e familiares contribuem para a construção de uma defesa coletiva contra atividades fraudulentas”.