A paixão surge como um relâmpago em meio à rotina cinza, aquecendo o coração com sua intensidade arrebatadora. É aquele frio na barriga, o brilho nos olhos que faz tudo parecer mais vivo. Mas, ao mesmo tempo, ao olhar ao redor, percebe-se a solidão disfarçada nas multidões. As pessoas caminham apressadas, conectadas a telas, mas desconectadas umas das outras. As conversas são rápidas, superficiais, como se o amor verdadeiro tivesse se tornado um conceito distante, esquecido.
O desejo que fervilha é palpável, mas a entrega plena se torna uma exceção. O medo de se abrir, de mostrar as fragilidades, cria muros invisíveis. A cada nova paixão, há a esperança de que essa seja diferente, mas o eco da falta de amor ressoa mais alto. A vulnerabilidade parece um luxo, e o jogo de sedução se torna uma dança cautelosa, onde todos buscam aproximação, mas poucos se atrevem a mergulhar.
Nesse paradoxo, encontramos a beleza da paixão, mas também a dor da ausência de amor genuíno. É um misto de alegria e tristeza, onde a chama do desejo se acende, mas o calor do afeto verdadeiro se esfria. Queremos amar e ser amados, mas as barreiras que construímos nos afastam. E assim, seguimos, buscando conexões em um mundo que muitas vezes se esquece do que realmente importa: o amor que se revela na entrega, na autenticidade e na coragem de se deixar sentir. Lucas Borges