POESIA

O Espectro da Morte

Por: . | Categoria: Do leitor | 31-07-2024 00:09 | 1149
Foto: Arquivo
Vejo-te, atônito, junto a mim, a oscular-me, agora.
Auspiciosa ou nefasta? Não sei! Como deverei ver-te?
Sinto-me, atrófico e inerte, nesta infausta e extrema hora.
Hoje, aqui, fatalmente, haverei mesmo de conhecer-te?
Debalde, muitas vezes, nesta pálida e esquelética face,
Muitas lágrimas rolaram. E, hoje, cadavérica, ela espera,
Temerosa ou intrépida, o arquétipo do horror: o desenlace,
A morte, lenta e impiedosa, que meu gélido corpo dilacera.
Grotesco, encovado e trépido. Aqui estou, inerte e moribundo.
Vou morrer ou nascer? Por quê, então, ainda, me pergunto?
Sou espectro ou homem? Ou serei, pó e cinza, somente?
Fogo-fátuo? Mortal ou imortal? Deixo, agora, este mundo.
Ó incógnito sepulcro, abre-te e acolhe este pobre defunto,
Mas, liberta desta clausura minha alma cativa e doente.
Dr. Melchior da Matta
29/07/2024
Dr. Melchior da Matta é bacharel em Letras, Ciências Contábeis e Advogado

VOCABULÁRIO
Algures: algum lugar
Arquétipo: padrão exemplar
Atônito: Assombrado, espantado, pasmado.
Atrófico: fraco, debilitado.
Auspiciosa: De bom augúrio, promissora, esperançosa.
Clausura: recinto fechado
Encovado: escondido
Esguia: Alta, delgada, magra.
Espectro: Fantasma
Fogo-Fátuo: Brilho transitório
Grotesco: ridículo, excêntrico
Incógnito: Desconhecido, oculto
Intrépida: audaz, corajosa
Lúgubre: Fúnebre, triste
Nefasta: de mau agouro, trágica, funesta
Oscular: beijar
Trépido: trêmulo, assustado
Vitupera: afronta