MANDIOCA MATHEUS

Mandioca Matheus é líder nacional em seu segmento

Por: Nelson Duarte | Categoria: Comércio | 17-08-2024 04:59 | 1945
Foto: Jornal do Sudoeste

Em abril de 2009 o produtor rural Edgar Matheus foi convidado pelo seu irmão Henrique Matheus, o qual já plantava e comercializava mandioca descascada no município de São Sebastião do Paraiso, para juntos arrendarem e plantarem uma área maior de mandioca. Apesar do plantio da matéria-prima ser em conjunto a comercialização era realizada de forma separada, para evitar a concorrência direta com o irmão. Edgar pensou em implantar duas estratégias, a de criar um produto diferente, e de comercializar em outro local fora do munícipio. Foi aí que Edgar idealizou um produto diferenciado que seria a mandioca cozida, produzida no sítio da família utilizando os tachos e a caldeira da antiga estrutura da pequena fábrica desativada do iogurte “Golinho”.

Foi naquela época, meados de fevereiro de 2010, que Tarcio Matheus, filho de Edgar, que morava em Campinas, um centro maior e mais promissor comercialmente para comercialização do produto, que de fato começaram as vendas da Mandioca Matheus. Tarcio atendia bares e restaurantes, e “tocava campainhas, de porta em porta”. Seis meses depois começou a conhecer um pouco mais o mercado e foi em busca de distribuidores, e com o crescimento da demanda seu pai alugou 20 freezers para congelar as mandiocas. Dois, três meses após o início da comercialização, começaram a acontecer as recompras pelos clientes, o que estimulou a aquisição da primeira câmara fria onde eram congelados e estocados os produtos, isto já no segundo ano de atividade.

Tarcio explica que a Mandioca Matheus começou a tomar proporção e reconhecimento entre distribuidores depois de uns cinco anos. “Hoje podemos bater no peito e dizer que no Brasil no ramo de mandioca pré-cozida, em volume, não há ninguém maior que nós”. Este foi o início da Mandioca Matheus, que hoje lidera o mercado nacional em seu segmento.

Segundo Tarcio, a empresa tem crescimento médio anual na ordem de 20%. “Temos esta meta, e não raras vezes nos surpreendemos com esses números. Obviamente dependemos muito do fator climático, algo que às vezes atrapalha um pouco esse crescimento, e também como grande parte dos empresários temos dificuldade com o material humano, com a mão de obra. Neste sentido temos criado situações internas para fidelizar mais o colaborador, oferecendo incentivos, como bonificações por não faltarem ao trabalho, e por produtividade. Nossos colaboradores ganham por produtividade nenhum trabalhador tem ganho fixo, então aqui quanto mais trabalham mais são remunerados”. “É o tradicional ganha, ganha, onde os funcionários aumentam seus rendimentos e a empresa eleva seu faturamento”. Atualmente são duzentos funcionários, entre diretos e indiretos. “Hoje abrangemos quase mil pessoas, pois de acordo com cálculos, para cada um empregado, há quatro dependentes, salienta Tarcio, ao anunciar que Mandioca Matheus tem cerca de 20 vagas de emprego em aberto aqui na área industrial. 

Nesse período de seca a produção média diária está em torno de 13 toneladas de produto acabado. Quando chega o verão, em que a matéria prima está um pouco mais fácil de ser processada, a produção chega a 15 toneladas.

A fábrica está pronta para fabricar até 25 toneladas dia. Desse volume, 80% da matéria-prima utilizada vem de produção própria, através do plantio em terras arrendadas. O processo funciona da seguinte maneira: a Mandioca Matheus arrenda uma área e passa de dois a três meses preparando o terreno para realizar o plantio, após o plantio realizado é necessário aguardar um período médio de um ano e meio para que a mandioca esteja pronta para ser colhida.

“A nossa região não é produtora de mandioca, então hoje se nós tivéssemos parceiros em potencial para fornecer, para nós, seria mais viável comprar a matéria prima do que produzi-la”, explica Tarcio Matheus.

O que é plantado atualmente é visando a produção para o próximo ano, e esse custo poderia ser utilizado como investimento na área industrial, caso houvesse outros parceiros produzindo, salienta. “Só que a gente não tem a garantia de fornecimento de matéria prima, porque depende-se de fatores climáticos, então hoje a gente compra pouco, mas já chegamos a comprar durante um ano 50 % da mandioca que foi industrializada, porque teve fatores climáticos como a geada e chuva de granizo que atrapalharam muito o cultivo de nossas lavouras”. Segundo Tarcio, parte da matéria prima tem sido adquirida no Estado de São Paulo, onde há regiões tradicionalmente produtoras de mandioca.

O sistema produtivo é dinâmico. Mandiocas colhidas de manhã, após o almoço já estão em tambores com água, e no dia seguinte são descascadas, cozidas e congeladas. No máximo, em 36 horas, o produto sai da lavoura e estará embalado em câmaras frias para congelamento e posteriormente embarcadas. No entanto para chegar ao “ponto padrão”, que passa por rigoroso controle de qualidade, o tempo de cozimento é variável, podendo variar entre dez minutos à meia hora, por conta de fatores climáticos. “Esse processo é importante para garantir a qualidade do produto final, o qual apenas 5% fica em Minas Gerais, cerca de 35% é comercializado no Rio de Janeiro e os demais 60% escoados para o Estado de São Paulo, compreendendo capital, interior, inclusive o litoral. Esporadicamente também são feitas exportações”.

Por possuir uma característica de produção muito específica a maioria do maquinário utilizado na parte agrícola e industrial é de fabricação própria, em oficina que também cuida da manutenção dos maquinários e implementos, possui também almoxarifado contendo uma grande diversidade de itens básicos. No início a Mandioca Matheus contava apenas com freezers alugados, hoje dispõe de oito câmaras frias. (túneis) para congelamento, utiliza energia solar com previsão de aumento de painéis, e cumpre com sua responsabilidade ambiental zelando do meio ambiente, procedendo o tratamento de efluentes.

Para dinamizar a logística, recentemente foi adquirida uma área de nove mil metros no perímetro urbano de São Sebastião do Paraíso para funcionamento de centro de distribuição.

“Em 2019 havia o projeto de expansão, reestruturação total, ou seja, uma nova indústria, e a reforma foi iniciada um pouco antes da chegada da pandemia. Até pelo nosso foco de trabalho que sempre foi o food service, distribuidores do ramo alimentício que atendem bares e restaurantes, a pandemia afetou muito nosso negócio. Como não atendíamos varejo, naquele momento não dava para buscarmos clientes, parceiros, e nossas vendas caíram cerca de 90%, o que resultou no fechamento de nossa indústria por quatro meses. Demitimos funcionários. A reforma da indústria seria custea-da parcialmente com recursos próprios, e os demais captados em instituições financeiras. Mesmo com a indústria fechada optamos por continuar a reforma”, conta Tarcio Matheus.

“Rescisões feitas, funcionários haviam recebido o que era nossa obrigação em ser pago. Contratamos pedreiros, eletricistas, o pessoal necessário e aceleramos a reforma. A venda do produto estocado enquanto funcionários cumpriam aviso, deu para tocarmos as obras. Quando os negócios começaram ser reabertos, devagar nossa produção também aconteceu. A “tacada” que demos da reforma foi muito importante, porque com a estrutura pronta, em março de 2021 já estávamos vendendo mais, que quando houve a paralisação. Quitamos financiamento com instituições financeiras para ampliação da fábrica”.

Mandioca Matheus é líder de vendas entre nossos clientes. Garantimos fornecimento o ano todo, e primamos pela qualidade de nosso produto. Dobramos nossa produção pós-pandemia e a estrutura está pronta para ampliarmos nosso crescimento planejado para 2025, em torno de 30%. O próximo passo serão adequações da indústria para que tenha volume de produto acabado para o novo centro de distribuição que vai facilitar o escoamento do produto e a chegada de matéria prima na indústria, enfatiza Tarcio.

“De nossa produção, 99% é vendido fora de Paraíso, isto quer dizer que é dinheiro que vem para nossa cidade, gerando riqueza para o município”, conclui.

Energia Solar
Tratamento de água