siga a poesia seu nobre ofício
vício à revelia de quem sofre
cofre aberto onde guardo flores
cores que apago à luz de velas
sinagoga onde louvo anônimos
sinônimos de um povo esquecido
convido à página então casta
vasta gama do povo da margem
colho frutos onde a vida apodrece
desce a poesia aos porões das cidades
deidades abrem portões de ferro
cerro os olhos, então enxergo
precisamos louvar a mão calejada
enxada, pá, carriola e martelo
castelo de cartas marcadas a sangue
mangue de onde provém o sustento
louvemos os santos que morrem à margem
aragem tão justa quanto necessária
cesárea pungente no pátrio ventre
dentre tantos proscritos, deuses renascem.
Poemas Classificados -Bruno Félix