Lucas Rodrigues*
A integridade dos processos seletivos em concursos públicos é de fundamental importância para garantir que as vagas sejam preenchidas de maneira justa e meritocrática. No entanto, o alto índice na sofisticação das fraudes e dos plágios, representa um desafio significativo para as instituições responsáveis por esses concursos. Uma das maneiras encontradas para amenizar estes malefícios foi utilizar a inteligência artificial, ferramenta poderosa para identificar e combater práticas ilícitas, assegurando a transparência e a legitimidade das seleções.
A identificação de plágio é um dos principais benefícios proporcionados pelo uso da Inteligência Artificial nos concursos públicos. Com algoritmos avançados de aprendizado, as plataformas de detecção de plágio podem comparar textos submetidos pelos candidatos com um vasto banco de dados de documentos existentes na internet, artigos acadêmicos, publicações e outros trabalhos disponíveis digitalmente. Essas ferramentas são capazes de reconhecer padrões e similaridades que seriam impossíveis de serem percebidas manualmente.
Além disso, também pode ser empregada para analisar o comportamento dos candidatos durante as provas, especialmente em ambientes de testes online. Por meio do monitoramento contínuo e da análise de dados em tempo real, estes sistemas podem detectar comportamentos suspeitos, como navegação fora da plataforma de provas, interações anônimas com o teclado e o mouse, e outras atividades que possam indicar tentativas de fraude. Esses sistemas podem utilizar reconhecimento facial e análise de voz para assegurar que o candidato que está realizando a prova é, de fato, quem diz ser.
O manuseio da tecnologia se estende também à verificação de identidade e à autenticação dos candidatos. Reconhecimento facial e biometria são empregadas para garantir que cada candidato seja devidamente identificado e que não haja substituição de pessoas durante as etapas do concurso. Essas tecnologias não apenas aumentam a segurança dos processos seletivos, mas também reduzem a possibilidade de erros humanos na verificação de identidades.
Em concursos públicos com um grande número de candidatos, a análise manual de todas as informações se torna inviável. Com a IA já é possível analisar rapidamente dados, identificando padrões que possam indicar fraudes, como respostas idênticas em grande número de provas ou sequências de respostas que seguem um estilo pouco comum. Esses insights permitem que as comissões organizadoras tomem medidas proativas para investigar e mitigar possíveis fraudes.
A meu ver, a implementação de IA nos processos de concurso não só fortalece a integridade das seleções, mas também contribui para a confiança pública nas instituições. Quando os candidatos e a sociedade em geral percebem que há mecanismos eficazes para prevenir e identificar fraudes, a confiança no sistema aumenta significativamente. Isso é crucial para garantir que os melhores candidatos sejam selecionados com base em seu mérito, sem interferências de práticas ilícitas.
Com isso, a inteligência artificial mostra-se indispensável na identificação e no combate aos plágios e fraudes em concursos públicos. Sua capacidade de análise e monitoramento em larga escala possibilita uma vigilância mais eficaz e precisa, e garante a integridade e a justiça dos processos seletivos. Com a implementação adequada e ética dessas tecnologias, é possível promover um ambiente de seleção mais transparente, justo e confiável, beneficiando tanto os candidatos quanto às instituições.
* Mestre em IA e Machine Learning for Data Science pela Université Paris Cité. Fundador e CEO do Clipping. (Hoje em Dia 08/10/2024)