Coluna Espírita

Auto de Fé de Barcelona

Por: Gilberto Amaral | Categoria: Do leitor | 19-10-2024 00:04 | 520
Foto: Arquivo

DIVALDO FRANCO

No dia 9 de outubro de 1861, na esplanada de Barcelona (Espanha), foram queimados em praça pública 300 livros espíritas, inúmeros de Allan Kardec, assim como de outros autores.

Um livreiro da cidade, amigo do codificador do Espiritismo, solicitara as referidas obras que foram enviadas de Paris, obedecendo a todas as exigências da lei vigente e, quando chegaram a Barcelona, foram retidas na alfândega por determinação do senhor Palauy Térmens, bispo local, sob a justificação de que aquelas obras eram proibidas de circular, por serem contrárias à fé católica. Foi determinado que na data referida seriam queimadas para evitar a sua divulgação, assim punindo o seu distribuidor.

O ato foi considerado um desacato à liberdade de consciência e uma agressão aos direitos humanos.

Quando Allan Kardec soube, desejou reagir através das leis, porém os Espíritos sugeriram que nada fizesse em contrário, porque aquele ato de intolerância seria um divulgador ímpar do seu conteúdo ilumi-nativo.

As pessoas que assistiram ao crime hediondo ficaram horrorizadas e muito curiosas em saber o seu conteúdo. Alguns, mais afoitos, atiraram-se às chamas, na tentativa de informar-se do seu significado, enquanto um pintor sensibilizado com a cena fez uma pintura e mandou-a ao mestre de Lyon.

A verdade é que realmente a curiosidade das pessoas buscou o conhecimento das obras espíritas, havendo a Espanha um dos países a realizar mais ampla divulgação e apresentar escritores e médiuns eminentes naquele período que denominamos como heroico.

A intolerância como o fanatismo em torno das ideias novas sempre produziram danos à cultura e ao progresso da sociedade. Nada obstante, divulgou-se no Ocidente de maneira vigorosa e hoje é estudado com seriedade, inclusive em algumas universidades.

Os seus postulados abrangem a Ciência, a Filosofia e a Religião. Examina os grandes enigmas da Humanidade e projeta à luz da lógica e da razão o resultado dos seus estudos e experimentações.

Tem como fundamentos a crença em Deus, a crença na imortalidade da alma, a crença na reencarnação, a crença na pluralidade dos mundos habitados e na excelência do Evangelho de Jesus…

Sua proposta para o comportamento do ser humano é que "fora da caridade não há salvação" e define o espírita como sendo todo aquele que é hoje melhor do que ontem, amanhã melhor do que hoje e luta sempre contra as suas imperfeições.

O Espiritismo oferece sentido à vida, convidando o ser a trabalhar pelo progresso da Humanidade e o bem do próximo.

A existência do bem convida os adeptos à sua permanente transformação moral para melhor.

DIVALDO FRANCO,  é professor, médium, escritor, orador, e filantropo brasileiro. (Artigo publicado no Jornal A Tarde, coluna Opinião, em 10 de outubro de 2024)