INCÊNDIO ATERRO SANITÁRIO

Aterro sanitário ainda exala fumaça após incêndio: moradores relatam impactos para a saúde

População usa redes sociais para denunciar persistência de fumaça e questionar gestão do aterro; Secretaria de Meio Ambiente planeja ações
Por: Ralph Diniz | Categoria: Cidades | 30-10-2024 10:22 | 333
Foto do dia 28 de outubro, postada na página Delírios Lúcidos de BIJU
Foto do dia 28 de outubro, postada na página Delírios Lúcidos de BIJU Foto: Reprodução Rede Sociais

Pouco mais de um mês após o incêndio que consumiu parte do aterro sanitário da de São Sebastião do Paraíso, a fumaça ainda é motivo de grande preocupação para a população, especialmente para moradores que vivem próximos ao local. Em grupos de redes sociais, populares têm compartilhado suas vivências e relatado as consequências do episódio, que deixou o ar carregado de substâncias que, segundo eles, causam desconforto e problemas de saúde.

Uma das moradoras descreveu a situação alarmante: “Já faz mais de um mês que estamos respirando essa fumaça. É um cheiro ardido que irrita os olhos e a garganta. Quem mora mais perto precisa usar máscara o dia inteiro.” Ela relatou que, com a chegada das chuvas, a situação se agravou, intensificando o odor. Além disso, enfatizou que a fumaça vem causando “tosse, pneumonia e problemas nos olhos” em diversos moradores, incluindo crianças, que são mais vulneráveis à exposição constante ao ar poluído.

Outra popular refletiu sobre a operação do aterro e questionou as práticas de descarte e cobertura dos resíduos, mencionando um método que ele acreditava ser mais seguro: “Soube que os lixões deveriam seguir um padrão de despejo com camadas de lixo e terra alternadas para evitar que o fogo se alastrasse. Essa fumaça é resultado de um descarte inadequado,” explicou ela. Além disso, fez um apelo à conscientização coletiva: “Temos feito nossa parte? Quanto plástico e outros materiais recicláveis devem estar lá queimando e soltando essa fumaça? Espero que essa situação nos ensine a lidar melhor com nosso lixo e chame a atenção das autoridades”.

O secretário municipal de Meio Ambiente, Renan Jorge Preto, confirma que o incêndio, suspeito de ter sido criminoso, ainda causa emissões de fumaça, embora a intensidade tenha diminuído com as chuvas. Ele explica que os resíduos que estão fumegando foram depositados provisoriamente no aterro enquanto uma nova plataforma para descarte estava em construção. A obra foi concluída poucos dias antes do incêndio, frustrando o plano inicial de transferir o lixo para o local definitivo antes que o fogo começasse.

Desde o incidente, a Secretaria de Meio Ambiente ajustou o manejo dos resíduos, realocando o lixo na nova plataforma, longe do foco do incêndio. “A partir desta semana, com o solo mais úmido, esperamos iniciar o transporte dos resíduos depositados provisoriamente para dentro da plataforma e cobri-los com terra, o que deve extinguir a fumaça”, informa o secretário. Ele também esclarece que a operação será realizada com cautela, considerando os riscos envolvidos para os operadores de máquinas e veículos.

“É lamentável que tanto os trabalhadores quanto os moradores da região estejam enfrentando essa situação devido a um ato criminoso e inconsequente,” afirma Renan. Desde o primeiro momento, garante ele, a prefeitura tem se esforçado para mitigar os danos e minimizar os impactos à saúde da população.

Na época do incêndio, ocorrido na noite de 20 de setembro, o secretário Renan Jorge Preto já havia manifestado suspeita de que as chamas fossem resultado de ação criminosa. “O fogo começou em uma região do aterro que não recebia resíduos há muito tempo, então não há como afirmar que o lixo pegou fogo sozinho, especialmente durante a noite,” explicou ele. A operação de combate às chamas envolveu o uso de cerca de 35 mil litros de água e a criação de aceiros para evitar que o fogo se alastrasse para a vegetação e para as propriedades vizinhas.

O prefeito Marcelo Morais relatou, na ocasião, que o município foi alertado sobre o incêndio por um morador local e que as equipes agiram rapidamente para controlar o fogo, utilizando tratores e caminhões-pipa de grande capacidade. “Tentamos desesperadamente conter esse fogo, mas não conseguimos. Tivemos que fazer um aceiro com trator de esteira para isolar a área”, explicou ele.

Ainda assim, a grande quantidade de resíduos atingidos manteve a situação crítica no aterro, exigindo monitoramento contínuo. Segundo a prefeitura, os trabalhos para controlar a emissão de fumaça e realizar a remoção dos resíduos afetados devem se intensificar nos próximos dias, com a esperança de que o plano de cobertura com solo e a ação das chuvas finalmente aliviem a população dos efeitos adversos causados pelo incêndio.