Geraldo Campetti Sobrinho
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Em tempos de rápidas mudanças e desafios crescentes, cultivar a paciência, a resignação e a resiliência se torna essencial para vivermos com serenidade e propósito. Essas virtudes nos oferecem uma base para enfrentar as adversidades com uma postura de aprendizado, fortalecendo nossa alma diante das dificuldades inevitáveis do caminho. Mais do que simples conceitos, elas são verdadeiras ferramentas para uma vida equilibrada e significativa.
A paciência, muitas vezes confundida com passividade, é, na verdade, a virtude da espera ativa, uma calma diante das pressões externas. Na vida moderna, onde tudo parece correr em alta velocidade, a paciência nos permite manter o equilíbrio diante dos obstáculos e das situações que demandam tempo para serem resolvidas. Aprender a esperar com confiança é um exercício de maturidade e de controle sobre nossas reações emocionais, ajudando-nos a enxergar a vida com mais clareza e compaixão.
Praticar a paciência em nosso dia a dia envolve atitudes concretas que podem transformar nossa experiência. Em um ambiente de trabalho exigente, por exemplo, a paciência nos ajuda a lidar com metas e pressões sem ceder ao estresse, aguardando o tempo certo para cada etapa. Em relacionamentos, seja familiar ou afetivo, ela nos permite ouvir e compreender o outro, mesmo quando há divergências, abrindo espaço para o diálogo e a compreensão. Paciência é, assim, uma aliada constante em nossas interações, ensinando- nos a reagir com calma e sabedoria.
A resignação, por outro lado, é a aceitação das circunstâncias que estão fora do nosso controle. Longe de ser uma atitude de fraqueza, ela reflete uma profunda compreensão sobre os limites de nossa influência. Vivemos em uma realidade onde nem tudo se ajusta aos nossos desejos, e a resignação nos ensina a aceitar isso sem perder a esperança. Ela se torna especialmente importante em momentos de perdas ou situações difíceis, em que não há outra alternativa senão aceitar a realidade como ela é, com fé e serenidade.
Na prática, a resignação se mostra em gestos de aceitação diante do que não podemos modificar. Diante da doença de um ente querido, por exemplo, a resignação nos ajuda a oferecer nosso apoio sem lutar contra o inevitável, aceitando o ciclo da vida e o que ele traz. Em perdas financeiras ou mudanças inesperadas, ela nos incentiva a focar nas lições que a experiência nos oferece, deixando de lado a resistência e concentrando-nos no que pode ser aprendido. A resignação, portanto, é uma força interna que nos ensina a fluir com a vida em vez de lutar contra ela.
A resiliência é a capacidade de se recuperar e crescer diante das adversidades. Em um mundo onde os desafios são constantes, essa virtude nos permite enfrentar as situações difíceis e sair delas mais fortalecidos.
Diferente da paciência ou da resignação, a resiliência é ativa e transformadora, pois nos desafia a enxergar as dificuldades como oportunidades de crescimento e a recomeçar com um novo ânimo. Ela nos ajuda a construir uma base emocional sólida, tornando-nos mais preparados para o inesperado.
No cotidiano, a resiliência se reflete em atitudes de superação e de adaptação. Após uma perda pessoal, como o término de um relacionamento ou a perda de um emprego, a pessoa resiliente busca forças para reconstruir sua vida, talvez investindo em novos aprendizados, reavaliando metas ou cultivando novos relacionamentos. Em tempos de crise, a resiliência é o que nos ajuda a seguir em frente com otimismo e coragem, independentemente do tamanho das dificuldades. Ela é, portanto, um pilar da nossa saúde emocional, guiando-nos a cada novo começo.
À luz do Espiritismo, a paciência, a resignação e a resiliência assumem significados profundos que sustentam o ideal do verdadeiro espírita, como descrito por Allan Kardec no Evangelho segundo o Espiritismo (cap. 17, item 4). Ser paciente é desenvolver a capacidade de saber esperar, confiando nos desígnios divinos e compreendendo que o tempo de Deus muitas vezes difere do nosso. Resignar-se, por sua vez, é saber aceitar as dificuldades e os desafios da vida com humildade e compreensão, reconhecendo que as provas são oportunidades de crescimento. A resiliência, enfim, é saber transformar esses desafios em aprendizado e progresso espiritual, adaptando-se sem perder a esperança e a fé. Assim, o verdadeiro espírita não é aquele que se exime das lutas cotidianas, mas aquele que enfrenta essas provas com fé ativa, empenhando-se em transformar suas próprias imperfeições e contribuindo para o bem ao seu redor. Essa tríade – esperar, aceitar e transformar – é, portanto, uma base sólida para o aperfeiçoamento moral e espiritual, refletindo o exemplo de paciência, resignação e resiliência que Jesus nos deixou. (Portal da FEB – Federação Espírita Brasileira)