PARAÍSO 203 ANOS

Fatos marcantes na história de Paraíso

Por: Nelson Duarte | Categoria: Cidades | 15-12-2024 08:57 | 56
Foto: Arquivo

16 DE JANEIRO DE 1934

A Noite, Jornal do Rio de Janeiro noticiou:

“Terminaram o curso de Medicina, Direito e Engenharia os seguintes doutores de São Sebastião do Paraíso, Minas Gerais: Geraldino Virgínio dos Santos, José Soares Martins e José Soares Filho, pela Faculdade de Medicina de Belo Horizonte. Jugo Ferreira, pela Faculdade de Direito de Belo Horizonte. José Pimenta Filho, pela Escola Politécnica de São Paulo”.

“Acham-se bem adiantadas as obras da construção do novo jardim municipal de São Sebastião do Paraíso, merecendo elogios à atuação do novo prefeito que muito tem trabalhado para o lugar. Consta que já está resolvido o problema da água, devendo muito brevemente, termos o precioso líquido em abundância”.

Estas notícias eram redigidas por correspondentes locais que registravam os principais fatos ocorridos na cidade e enviavam para diversos veículos de impressa do Brasil. Foram correspondentes jornalistas Raimundo Calafiori, José Moura Filho, Aníbal Deocleciano Borges, José Paes, entre outros.

15 JANEIRO DE 1891

O Pharol, Juiz de Fora

“O governo estadual liberou verbas para a câmara municipal de São Sebastião do Paraíso pagar o tratamento de pessoas pobres acometidas de varíola. O governo federal nomeou o médico Thomaz Catunda para atender aos doentes”. Passada a epidemia, o médico foi eleito vereador e ficou morando na cidade por alguns anos. Depois, fixou residência em Santos-SP, onde continuou sua carreira de brilhante médico sanitarista.

15 JANEIRO DE 1906

Realizada a sessão na qual foi aprovado um requerimento apresentado pelo diretor do jornal “O Paraisense”, professor Gedor Silveira, propondo a mudança de nome da Rua Direita para Rua Dr. Placidino Brigagão. Uma homenagem prestada ao agente executivo municipal e presidente da câmara, Placidino Brotero Franklin Brigagão. Houve uma manifestação contrária do homenageado, argumentando que havia outros cidadãos que muito já haviam feito pela cidade. Foi aprovada a nova denominação mantida como símbolo da memória paraisense.

15 DE JANEIRO DE 1908

Nasce José Soares Amaral, o Zezé Amaral (1908-1974). Empresário de ampla visão, sempre entusiasmado a participar de projetos para o progresso da cidade. Participou da fundação do Rotary Clube, Cine São Sebastião, Rádio Difusora Paraisense, da Galeria Central e de uma fábrica de macarrão. Foi homenageado com a atribuição de seu nome a uma importante avenida da cidade.

20 DE JANEIRO DE 1910

O Conselho Superior de Instrução Pública de Minas Gerais aprovou, para utilização nas escolas estaduais, o trabalho pedagógico intitulado “Coleção de Modelos de Escrita Vertical”, para o ensino da caligrafia, de autoria da professora Luíza Aurora de Aguiar Silveira (Dona Luizinha), esposa do professor Gedor Silveira, casal de educadores em São Sebastião do Paraíso. Ambos participaram do primeiro corpo docente do Ginásio Paraisense, inaugurado em 1907, bem como da constituição inicial do corpo docente do Grupo Escolar Campos do Amaral, em 1 de fevereiro de 1916. Em 1899, recém-casados, os professores Gedor Silveira, natural de Montes Claros e Luíza Aurora de Aguiar Silveira, chegaram a São Sebastião do Paraíso. Ambos professores primários do Estado, ministraram aulas em escolas públicas isoladas e multisseriadas em sua própria residência, até o final de 1915, pois no início do ano seguinte iniciaram as atividades no Grupo Escolar Campos do Amaral, passando então os referidos mestres a compor seu corpo docente. Gedor foi diretor do jornal “O Paraisense” em 1907, bem como diretor do Grupo por quase quatro anos. Foi um dos pioneiros no estudo da doutrina espírita em São Sebastião do Paraíso, tema sobre o qual dedicou anos de estudos. Mantinha reuniões regulares da referida doutrina, despertando a consciência de vários cidadãos para os seus estudos. Falece aos 46 anos de idade e a comunidade espírita da cidade o homenageia com a atribuição do seu nome ao Hospital Psiquiátrico Gedor Silveira, inaugurado em 1962 e também tem seu nome atribuído a uma via pública.

2 DE MARÇO DE 1996

Entra em operação a ParaisoNet. Danilo Meles de Carvalho Pádua e Armando Anacleto de Queiroz são os responsáveis por implementar o primeiro provedor de internet da região. O acesso à internet era do tipo “discado”, realizado através de ligações telefônicas. O usuário se valia de um modem, sua linha telefônica se conectava aos servidores e daí para o mundo. As conexões chegavam a “incrível” velocidade de 14400 bps! Logo após evoluíram para 28800, chegando aos 56000 bps. A provedora mantinha 46 linhas telefônicas seriadas para atender a demanda. O custo da ligação era um fator limitante ao tempo de duração da conexão feita pelo usuário. Conforme recorda Danilo Meles, um fato interessante foi quando atingiram a marca de 1 mega de velocidade no link da empresa, fato de grande comemoração, já que o link inicial operava com apenas 64 kbps. Seis anos após, com o surgimento das conexões sem fio, toda a estrutura da empresa foi modificada e foi adotado o sistema wireless como tecnologia principal. Atualmente a ParaisoNet oferece ao cliente até 200 megas de velocidade. Com este trabalho precursor e revolucionário, inúmeros outros provedores surgiram oferecendo acesso à internet, ferramenta indispensável para qualquer atividade

1.º DE MAIO DE 1926

Fundação da Sociedade Beneficente Recreativa Operária, entidade pioneira na organização da classe trabalhadora na cidade, assim como na promoção de atividades recreativas e culturais populares. Na mesma época, estavam sendo criadas entidades congêneres em outras cidades da região. José Braz Naves assumiu as funções de secretário e redigiu a ata de constituição da entidade que recebeu o apelido de Liga Operária, que nasceu com 57 membros fundadores.

1.º DE MAIO DE 1946

Fundação do Operário Esporte Clube por um grupo de amantes do futebol de São Sebastião do Paraíso, quase todos moradores da Mocoquinha. Faziam parte do quadro de fundadores os seguintes cidadãos: Itagiba Mariano, José Sillos Júnior, Celso Neves, Odilon Guerra, Miguel de Souza Lima, José Felix, Carlos Vecci Gaspar, Antônio Alves Fonseca, João Domingos, Sebastião José, entre outros, como registrou o professor Luiz Ferreira Calafiori em suas anotações históricas. Durante os primeiros anos de existência a equipe, em quase todos os finais de semana, realizava animadas partidas num campo aberto, limpo e destocado pelos próprios jogadores, aos fundos da Igreja da Abadia. Houve uma campanha promovida pelos amigos da equipe com o propósito de construir o “Estádio 1º de Maio”, inaugurado em 1º de maio de 1953, com apoio do prefeito Geraldo Fróes. No final da década de 1960, ainda num clima de hostilidade contra as iniciativas da classe operária, decorrente do golpe militar de 1964, tentaram mudar o nome do estádio, para homenagear o ilustre advogado paraisense Joaquim Ferreira Gonçalves, mas para os aficionados torcedores da equipe continuou prevalecendo o nome de batismo, uma reverência ao dia mundial do trabalho e as raízes populares que fundaram a entidade.

2 DE MAIO DE 1942

Visita do Ministro Salgado Filho ao Campo de Aviação

Logo após o almoço, um avião bimotor da FAB modelo C47, decolou do Campo de Marte em São Paulo com destino a São Sebastião do Paraíso. Dois jovens pilotos transportavam dois ilustres passageiros, um empresário paulista, vice-presidente do Jóquei Clube do Brasil e o ministro da Aeronáutica Joaquim Pedro Salgado Filho. O objetivo era inspecionar o aeroclube, fundado há pouco mais de um mês, em primeiro de abril. À época dirigido pelo aviador Armando Marin, o aeroclube formou várias turmas de aviadores e chegou a funcionar com três aparelhos novos, doados pelo Aeroclube do Brasil e outras entidades que contribuíam para a expansão da aviação. O referido aeroclube localizava-se nas imediações da atual Avenida Italia. Também foram seus diretores, Dr. Luiz Pimenta Neves e professor Carmo Perrone Naves.

13 DE MAIO DE 1888

Notícia publicada no periódico “A Verdade”, de Itajubá trata sobre a Festa da Liberdade, realizada em São Sebastião do Paraíso, em comemoração ao fim oficial da escravidão no Brasil. “De um nosso amigo de São Sebastião do Paraíso recebemos a seguinte carta notícia, datada de 20 do corrente: ‘Escrevo-lhe esta carta ainda sob as impressões dos festejos que hoje aqui havidos pela sanção da lei número 3353. Houve uma missa cantada e Te-Deum pelo reverendíssimo cônego Thomaz de Affonseca e Silva, vigário da Paróquia. Findo o Te-Deum seguiu em passeio pelas ruas da cidade, um préstito com a participação estimada de duas mil pessoas, precedidas de uma banda de música. Em diferentes pontos da caminhada, houve pausas para as palavras proferidas pelos seguintes senhores: Cônego Thomas de Affonseca e Silva, capitão José Aureliano de Paiva Coutinho, Alfredo Serra, José Luiz Campos do Amaral Júnior, primeiro tabelião, Claudio Herculano Duarte, José Martins de Carvalho, Placidino Brigagão e Francisco Soares Netto. À porta da Matriz, terminaram os festejos falando o médico Placidino Brigagão, expressando os valores e virtudes da grande comunidade africana, que estava conquistando a liberdade. À noite houve um animado baile na Câmara Municipal, presidida pelo coronel Antônio Pimenta de Pádua. O grande desfile da liberdade tinha à frente o jovem Antônio Cadete conduzindo uma bandeira com os dizeres “Viva a Liberdade”, seguida por um grupo aproximado de 600 ex-escravos. Foi uma festa imponente, alegre, que prometia ser uma página virada na história social local e no cenário mais amplo do país. Dê na sua apreciada A Verdade, esta notícia”. Uma festa de grande alegria popular, mas que certamente não contava com apoio de parte das elites políticas da cidade. O nome do correspondente ficou em sigilo revelador.

26 DE MAIO DE 1962

Em grandiosa festa baile é apresentado à sociedade, nos salões do Clube Paraisense, o conjunto “Dez de Copas”. De curta, porém marcante duração, o conjunto se apresentou em toda a região mesclando temas instrumentais e também vocais em baladas românticas, boleros, chá-chá-chá, entre outros. Seus integrantes: Marilda Figueiredo Carvalho, Roselisa Dramis Soares, Regina Penha Aloise, Diméia Malaguti, Maria Alice Peres Figueiredo, Lucy Meyre Maldi, Gilberto Negrão, Elcio de Oliveira, Lauro Frank Soares, sob direção de Edyna Moraes Maldi.

1.º DE AGOSTO DE 1873

Segundo o Almanak Sul Mineiro publicado em 1874, o recenseamento indicava 7.616 habitantes em São Sebastião do Paraíso. Ainda segundo o referido almanaque o município contava 222 eleitores, tinha a quarta maior arrecadação fiscal de todo sul de Minas (atrás somente de Campanha, Lavras e Pouso Alegre). Para situar o leitor de como se encontrava o município à época da publicação do referido almanaque, nos cercamos das palavras de Bernardo Saturnino da Veiga, que visitou pessoalmente a cidade para editar a obra, guardando de São Sebastião do Paraíso, excelentes impressões:

“A ligeira noticia que damos das povoações sul-mineiras que visitàmos, traz-nos constantemente ao espirito gratas lembranças do acolhimento franco e generoso com que tantos cidadões distinctos pelo merecimento próprio e raras qualidades d’alma nos receberão, penhorando e captivando nosso reconhecimento. Cada lugar nos desperta uma affeição novamente adquirida ou um amigo melhor conhecido e mais vivamente prezado, e, lembrando-o com mais especialidade na descripçao da localidude em que reside, buscamos gravar na consciência a lembrança da benevolência com que nos acolheu, como um preito intimo de gratidão e de estima. Este sentimento, que felizmente vemos renascer em nós na descripção particular de cada uma das localidades de que se occupa este livro, apparece vivas ao occuparmo-nos da cidade de S. Sebastião do Paraizo, donde são tão agradáveis as recordações que nos dominão como animadoras as impressões que no espirito nos deixou o grande progresso em que vimos essa freguezia. A cidade de S. Sebastião do Paraizo está collocada no alto de arenosa montanha, que de longe se avista formosa, formando a floresta como que uma moldura para a importante cidade que é assim envolvida de sombras, que realção as naturaes bellezas que a reccomendão.

(...)

  1. Sebastião do Paraizo já formou com Cabo Verde a comarca do Rio Jacuhy, creada pela Lei n. 2773 de 8 de Julho de 1876, mas pela Lei n. 2378 de 25 de Setembro de 1877 ficou pertencendo á comarca de Passos.

Possuia uma bôa matriz esta cidade, mas, ha tres annos, sem que se saiba como, vio-se em uma madrugada signaes de violento incêndio no templo, que debalde foi soccorrido pelo povo do lugar, que sómente conseguio salvar algumas imagens.

Na construcção de uma nova e bonita igreja trabalha dedicadamente um dos melhores cidadãos da parochia, o capitão Antonio Alves de Figueiredo, auxiliado poderosamente por seus distinctos conterraneos Joaquim José Cardoso, Joaquim Garcia de Figueiredo Junior e por todo povo da freguezia, que concorre efficaz e devotadamente para a contrucção das obras.  

A igreja de N. S. do Rosario serve actualmente de matriz, e á meia legua de distancia, no cimo do morro do Bahú, em localidade lindissima, onde a vista alcança horizontes afastados e cheios de encanto, está se construindo uma capella á Santa Cruz, havendo no dia 3 de maio grande romaria para esse lugar.

A cidade possue mais de 300 casas, das quaes cêrca de 50 forão construidas nestes ultimos annos; uma cadeia regular, com acomodações para 20 presos, estando o edificio situado no centro de uma bonita praça, uma banda de musica e 3 pianos, uma aula publica para meninos com 30 alumnos, uma para meninas com 20, e duas particulares para o sexo feminino frequentadas por 40 alumnas.

(...)

Ha falta d’agua nesta localidade, sendo entretanto facil, com despeza que, quando muito, atingiria a 3:000$ abastece-la desse liquido indispensavel ás necessidades da vida. A que existe, de má qualidade, e trazida de fontes ou nascentes encontradas em fundas cavas existentes nas vizinhanças da cidade e vendida a 200 rs. o pipote.

(...)

Nos limites da povoação, em meio de formosa campina, existia uma lagôa de 200 braças de extensão mais ou menos, e que era rica de peixes: - ultimamente, sem que se saiba o motivo, estão as aguas dessa lagôa em progressiva diminuição.

Apezar da indole ordeira do povo do lugar, nem sempre houve ahi paz e tranquilidade, perturbando o socego publico crimes de natureza differente: - felizmente não se têm reproduzido ultimamente estes tristes successos, que tanta prejudicavão a bôa fama desta localidade.

A freguezia que pertence á comarca ecclesiastica de S. Sebastião do Paraizo, e que tem sua população consideravel-mente augmentada, nenhum auxílio tem recebido dos cofres publicos nos dez annos últimos: - a assembléa provincial votou o auxilio de 2.000$ para as obras da matriz e mais nada se recebeu.

É de 100:000$ a importação annual, pagando-se 12$ por besta para transporte de cargas de Casa Branca até aqui (18 léguas).

De E. a O. tem a freguezia, cujo patrimonio é de 50 alqueires ainda não occupado totalmente, seis leguas de extensão, começando o Sant’Anna a uma legua a E. e de N. a S. sete ½ leguas, começando a 2 ½ ao N.

O terreno da freguezia tem tanto de matto como de campo, sujeito á pouca geada e é montanhoso, passando por elle de O. para E. as serras de S. Sebastião e de Monte Santo, muito extensa.

O alqueire de cultura custa 40$ e 50$, de campo 10$ e 20$. Não são abundantes as madeiras de construcção, encontrando-se todavia balsamo, jacarandá, peroba, cedro, etc., não havendo pinho. A duzia de taboas de peroba custa 10$, de cedro e oleo 24$000.

A cultura mais usada é a do café, havendo na freguezia cêrca de um milhão de pés, em geral novos, mas que já dão para exportar por anno 40.000 arrobas. Planta-se tambem canna, algodão e pouco fumo, havendo alguns criadores que exportão gado e porcos em pequena quantidade.

Mata-se uma rez por semana, vendendo-se a arroba de carne sem osso por 5$, e sendo, como na quasi totalidade de nossas povoações, mais usada a carne de porco. Um frango custa 200 réis, ovos a 160 a duzia, leite a 80 réis a garrafa; sal de 6$ a 8$ a sacca grande, assucar a 6$ a arroba, carro de lenha ou de pedra  a 4$; cal, de Passos (do corrego do Ferro) a cinco leguas daqui, a 2$ o alqueire; aluguel de casas a 5$, 10$ e 15$ mensaes, pedreiros e carpinteiros a 3$ e 4$ por dia, trabalhador de roça 800 e 1$000.

Ha uma linha de correio daqui para Mococa, passando por Monte Santo de 5 em 5 dias, e outra para Santa Rita de Cassia de 10 em 10. As noticias da corte chegão com 5 dias de demora.

(...)

A cidade dista dos Tres Corações do Rio Verde 40 leguas, da Campanha 42, de Ouro Preto 87 e da corte 100.

A freguezia pertence ao 12º districto eleitoral”.

 

SETEMBRO DE 1874

Lançamento de uma carta de liberdade passada a favor de Francisco Crioulo, Victoria Crioulo e Pedro Crioulo

“Anno do Nascimento de Nosso Senhor Jezus Christo de mil oito centos e setenta e quatro, nesta Villa de São Sebastião do Paraizo, aos quinze dias do mêz de setembro do dito anno, em meu cartório, compareceu Dona Carolina Cândida de Jezus, moradoura nesta Villa e me apresentou uma carta de Liberdade passada a favor dos Escravos Francisco Crioulo, solteiro, Victoria Crioula, solteira e Pedro Crioulo, solteiro, e pediu me lança-la em meu Livro de Notas, o que fiz em razão de meu offício a qual de aqui adiante se segue: Eu abaixo assignada Carolina Cândida de Jezus declaro que sendo Uzufructuária dos serviços dos escravos Francisco Crioulo, solteiro, Victoria Crioula, solteira e Pedro Crioulo, solteiro, que me foram doados por meu pay Honório de Almeida Carvalho, para servir-me durante minha vida, segundo consta do título que passaram-me, desiste dos serviços dos mesmos escravos, desde já ficando os mesmos livres como que nascessem em ventre livre, isto pelos bons serviços que me prestaram, ficando sem efeito a venda que meu marido fez dos mesmos, em razão de há muito serem libertos pelo dito meu pay, conforme o referido título de doação. Podendo os mesmos escravos uzarem de suas liberdades por assim me conferir o direito a respeito. E, para validade mandei passar o prezente e por nçao saber escrever assigna a meu rogo o Senhor Urias da Costa Valle, prezente as testemunhas. São Sebastião, quinze de setembro de mil oito centos e setenta e quatro. Urias da Costa Valle. Testemunha Belchior Joze da Costa. Fiz assinar Jose Pedro de Oliveira. Era o que se continha em tida carta de liberdade que para aqui bem e fielmente a lancei por inteiro como ao próprio original e de tudo dou fé. Sendo o original entregue à parte. Eu, Carlos de Paula Ferreira, Primeiro tabelião que a escrevi e assino”.

17 DE SETEMBRO DE 1957

O Correio Paulistano noticiou o sucesso que estava fazendo a Orquestra Pan-Americana de São Sebastião do Paraíso, destacando tratar-se de uma das “melhores do interior mineiro, composta por treze músicos selecionados sob a batuta do maestro Lalado, fazem vibrar a população paraisense e de toda a região”. A orquestra foi tratada como “o orgulho musical do Sudoeste de Minas”. O mesmo veículo também noticiou que os paraisenses estavam felizes com a melhoria dos serviços oferecidos pela Estrada de Ferro Mogiana. Estavam sendo aposentadas as locomotivas movidas à vapor, as “Maria Fumaça” e estavam entrando em operação as modernas locomotivas movidas a óleo diesel. Notícia enviada ao referido periódico pelo jornalista Aníbal Deocleciano Borges. Ainda na mesma data foi noticiado que os paraisenses estavam descontentes com os serviços prestados pela Empresa Força e Luz Siqueira Meirelles. O correspondente jornalista assim se expressou: “Basta ameaçar uma chuva e pronto! Ficamos em plena escuridão”. Por fim, o referido jornal paulistano ainda destacou que o senhor Josias Caetano Vasco, industrial residente em Itamogi, conseguiu junto ao senhor José Maria Alkmin, Ministro da Fazenda, a instalação, nesta cidade, de uma agência do Banco do Brasil. Falando ao Correio Paulistano, o senhor Josias afirmou que já estavam em preparativo os estudos preliminares para a criação da agência do Banco do Brasil em São Sebastião do Paraíso. Não resta a menor dúvida o grande benefício para o povo paraisense, como ao do sudoeste mineiro, a instalação da agência nesta cidade. Todos os paraisenses devem agradecer ao senhor Josias Caetano Vasco, o Rei da cachaça Luquinha e “pai” da ideia e dos atos para que o Banco do Brasil viesse até São Sebastião do Paraíso.

24 NOVEMBRO DE 1999

Falece o deputado Delson Scarano. Natural de São Tomás de Aquino, Delson Scarano nasceu a 28 de novembro de 1921, quando a cidade ainda era distrito vinculado ao município de São Sebastião do Paraíso. Filho de Otília Braia Scarano e Roque Scarano, com apenas 12 anos de idade testemunhou no seio familiar o despertar da consciência política dos trabalhadores de São Sebastião do Paraíso, com a fundação da Federação Trabalhista do Sul Minas, ponto de inflexão de mudanças em relação à velha política dos coronéis. Foi delegado de polícia em Capetinga, elegeu-se deputado estadual junto à Assembleia Legislativa Mineira em 1962. Atuou em diferentes órgãos do setor da cafeicultura e foi eleito deputado federal por Minas Gerais em 1970. Foi presidente da Comissão do Café da Confederação Nacional de Agricultura e membro do Conselho Consultivo do Instituto Brasileiro do Café. Na continuidade de sua trajetória de homem público, foi eleito para mais um mandato de deputado federal, deixando sua marca na história política da cidade.

DIA 6 DEZEMBRO 1964

Vocês querem bacalhau? E uma abóbora gigante, quem vai levar?

Dezembro de 1964 - Época das férias escolares e as jovens normalistas do Colégio Paula Frassinetti, Roselisa Dramis Soares e Dáurea Gramático, se divertiam cantando em festinhas e na Rádio Difusora Paraisense. Foi quando a mãe de Dáurea teve uma ideia. Vamos levar as meninas no programa do Chacrinha! Acompanhadas das tias de Roselisa; Irene e Teca, lá foram elas para São Paulo, onde o “Velho Guerreiro” comandava sua “Discoteca do Chacrinha” na TV Paulista, localizada na Rua da Consolação. Entre artistas de renome se apresentaram cantando “Isto é Brasil” (Paulo César Valle/Renato Corrêa/Mário Rocha). Conforme recorda a acadêmica e musicista Roselisa Dramis Soares Tubaldini, a apresentação de ambas agradou, receberam convites para se apresentar em rádios do Rio de Janeiro e como prêmio, uma abóbora tão grande, mas tão grande, que foi deixada no estúdio mesmo!

19 DE DEZEMBRO DE 1937

 

Com a denominação de “Hangar Ministro Salgado Filho”, é inaugurado o primeiro campo de aviação do município. Se fizeram presentes o Prefeito Municipal Dr. José de Oliveira Brandão, autoridades, cidadãos da zona urbana e rural, moradores de diversas cidades vizinhas e vários jovens inscritos no curso de aviador da Escola de Aviação de São Sebastião do Paraíso sob direção do aviador Juvenal Paixão. O antigo “campo de aviação” se localizava nas imediações da hoje Avenida Itália, no Jardim Europa. À época, o terreno cedido para essa finalidade pertencia à Ana Cândida de Figueiredo, viúva do fazendeiro João Bernardes Pinto Sobrinho, pais do ilustre médico Joaquim Alves Pinto (Dr. Quinzinho).

19 DE DEZEMBRO DE 1992

Inaugurado na segunda gestão (1989/92) do Prefeito Waldir Marcolini, o novo Terminal Rodoviário “Angelo Scavazza”. A primeira rodoviária da cidade se localizava onde hoje se encontra a Biblioteca Municipal “Professor Alencar Assis”. Posteriormente novo terminal foi construído na Lagoinha e inaugurado na segunda gestão (1973/77), do prefeito Alípio Mumic. A nova obra, estrategicamente localizada às margens da rodovia BR-491, desafogou o trânsito no bairro do seu antigo endereço, trouxe comunidade aos passageiros e progresso ao Jardim Planalto e bairros adjacentes. Na festa de inauguração se apresentou para uma multidão, a dupla “Chico Rei e Paraná”, trocada para “Cristo Rei e Paraná” pelo saudoso prefeito.

 

Dr. Luiz Ferreira Calafiori, não apenas registra, ele ajuda construir a história de Paraíso

Quando se celebra o aniversário de São Sebastião do Paraíso, uma personalidade indissociável da história é Dr. Luiz Ferreira Calafiori, e mister se faz ressaltar sua notável trajetória e suas contribuições inestimáveis, de grande relevância, tanto pelo seu trabalho acadêmico quanto pela sua dedicação à vida pública.

Professor por vocação, influenciou inúmeras gerações, compartilhando seu vasto conhecimento com seus alunos, sempre com a disposição de cultivar o pensamento crítico e o amor ao saber. Transmitia conhecimento

Historiador, dedica-se intensamente a registrar a memória de São Sebastião do Paraíso. Seus livros são fontes de consulta, de pesquisas, verdadeiros tesouros para quem busca compreender o nascedouro e desenvolvimento da cidade, e os personagens que a moldaram. Garantidores que futuras gerações tenham acesso às raízes e tradições da cidade.

Sua contribuição como Membro Efetivo da Academia Paraisense de Cultura, que já a presidiu, é inestimável, sendo referência intelectual para seus pares.

Como advogado, Dr. Calafiori sempre se destaca pela ética e pela excelência profissional, atendendo com dedicação às demandas da comunidade. No entanto, a sua atuação não se restringe aos tribunais.

Além de seu trabalho acadêmico e cultural, teve importante trajetória política. Como vereador e, posteriormente, como prefeito de São Sebastião do Paraíso, Dr. Luiz Ferreira teve sua atuação pautada pelo desejo de ver São Sebastião do Paraíso prosperar, sempre focada no desenvolvimento da cidade e no bem-estar da população.

Destacou no cenário da comunicação, especialmente como locutor na Rádio Difusora Paraisense. Reconhecido como um dos melhores locutores da emissora, Dr. Luiz Ferreira não só emprestou sua voz marcante aos microfones, como também se tornou um símbolo da rádio local, cativando os ouvintes com sua eloquência e domínio das palavras.

Seu talento como comunicador o levou além das fronteiras de São Sebastião do Paraíso. Um dos momentos mais memoráveis   de sua trajetória na mídia foi sua participação no programa “Cidade contra Cidade”, da TV Tupi, apresentado por Silvio Santos. Representando Paraíso, comandou a equipe de São Sebastião do Paraíso em emocionante   disputa contra Mirandópolis, destacando-se com sua postura firme e carismática.

Dr. Calafiori também é protagonista de importante legado político, tendo atuado como vereador e prefeito de São Sebastião do Paraíso. Com todos estes atributos, continua servindo de guia e inspiração para todos aqueles que amam a cidade.