TRANSTORNOS NA LAGOINHA

Garças vaqueiras: um desafio ambiental na Praça Sta. Paula Frassinetti em Paraíso

Por: Nelson Duarte | Categoria: Cidades | 15-01-2025 09:56 | 97
Foto: Jornal do Sudoeste/Nelson Duarte

Em São Sebastião do Paraíso, um problema recorrente tem chamado a atenção da população: as garças-vaque-iras (Bubulcus ibis) que se instalam na região da Praça Santa Paula Frassinetti, a Lagoinha. Essas aves, embora encantadoras para muitos, têm causado transtornos significativos, como sujeira, mau cheiro e inconvenientes para quem frequenta a área ou estaciona veículos nas proximidades.

Por um período, as garças migraram para um conjunto de árvores a poucos metros da Lagoinha, aliviando temporariamente a situação. Contudo, voltaram a ocupar o entorno da praça, reacendendo o problema. Estão instaladas em árvores com seus filhotes, e suas fezes liberam uma amônia tóxica.

As garças-vaqueiras, originárias da África, adaptaram-se bem ao Brasil e são frequentemente vistas em ambientes urbanos, onde encontram árvores adequadas para descanso e reprodução. Apesar de sua importância ecológica, sua presença em áreas urbanas densas pode gerar desequilíbrios ambientais e incômodos para a comunidade.

O Jornal do Sudoeste, empenhado em buscar soluções, consultou o biólogo paraisense Christiano Pérez Coelho, reitor da Universidade Federal de Jataí, em Goiás. Ele destacou que o manejo dessas aves requer uma abordagem cuidadosa, considerando as leis ambientais que protegem a fauna silvestre. Esses animais são bem territoriais e geralmente vinculados a cursos de água.

A situação reforça a necessidade de diálogo entre especialistas, gestores públicos e a comunidade para equilibrar a convivência entre humanos e a natureza em espaços urbanos. O desafio é encontrar uma solução sustentável, que minimize os impactos para a população e respeite o habitat das aves.

O biólogo Christiano Peres Coelho encaminhou ao Jornal do Sudoeste publicações sobre problemas semelhantes enfrentados por municípios no Rio Grande do Sul, com garças vaqueiras. A Prefeitura de Três Garças, contratou os serviços de uma empresa especializada em manejo de aves de rapina. O biólogo Julian Stockler, da empresa contratada, destaca que falcões e gaviões treinados são utilizados para criar um ambiente que desestimule a presença das garças, incentivando que busquem locais mais seguros e afastados para nidificação durante períodos reprodutivos.

A introdução de aves de rapina treinadas é apenas uma das estratégias adotadas. Outra recomendação é que ninhos sejam destruídos fora da temporada reprodutiva para dificultar o retorno das aves. Outra medida é o afugentamento intensivo, especificamente no início de novembro, quando as garças chegam. Métodos como uso de som, fumaça e falcoaria são apontados como eficazes, conforme salienta Raul Coelho Paixão, chefe do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade em Sant’Ana do Livramento.

Paixão em entrevista publicada pelo jornal “Grupo Aplateia” aponta ainda soluções paliativas para mitigar os impactos negativos, como a colocação de serragem no piso para reduzir o mau cheiro das fezes, enquanto tratamentos específicos para neutralizar a amônia liberada ajudam a minimizar problemas ambientais. Outra seria a instalação de uma “cama de aviário sob as árvores, onde a maior parte dos ninhos está concentrada”.

Apesar dos desafios, Paixão ressalta a importância ecológica das garças vaqueiras, que conforme explica, desempenham papel relevante no controle de pragas, ajudando a eliminar carrapatos em bovinos e pragas agrícolas.