São Sebastião do Paraíso, considerada a capital nacional das Congadas, tem nelas a mais importante festa popular. Presente na vida do município desde sua fundação em 1821, vem sendo mantida pelas famílias dos congadeiros, geração após geração. Os grupos folclóricos, na época das festividades, em dezembro, ganham status de artistas e vão às ruas cultivar nossas tradições.
Mestres na arte do improviso, em rimas, canções e louvações, os congadeiros celebram a diversidade, as dádivas que receberam, sobretudo, a liberdade de expressão e o reconhecimento popular do seu folclore.
As características e particularidades que fazem dessa manifestação folclórica o maior espetáculo cultural da cidade, são as cores vivas e berrantes das vestimentas; o passo cadenciado quase marcial do bailado dançante; a batida dos tambores que, para alguns, emulam os sons do coração; a divisória das vozes e o cantar clamoroso, quase lamento, que evoca a religião e o amor pelo folclore; as bandeiras dos santos homenageados; sanfonas e o grande número de participantes.
Os ternos, como são chamados os grupos de Congada e Moçambique, têm estruturas organizadas, possuindo sede e presidente. Suas apresentações são lideradas pelo capitão, a voz ativa do grupo, que cumpre proferir os cantos conduzindo a evolução do cortejo. Possuem raiz história e tradicional idênticas: os moçambiques representam os anjos que abrem caminho para o séquito do Rei e da Rainha, enquanto os congos representam o próprio santo homenageado.
A Congada demonstra a tenacidade de um povo que passou por provas duríssimas, há séculos, em terras brasileiras. Cabe às novas gerações buscar a compreensão de tudo aquilo que constituiu essas práticas tradicionais que são a base da nossa formação cultural.
É fundamental o discernimento do que há de velado e revelado nas entrelinhas dessa tradição folclórica, desde a expressão alegre traduzida em danças e canções diante do ideal de liberdade, até a devoção religiosa e o pagamento de promessas que contagiam toda São Sebastião do Paraíso e os visitantes com seu simbolismo e popularidade. (Antologia – 30 Anos da Academia Paraisense de Cultura)
PEDRO SÉRGIO DELFANTE, membro da Academia Paraisense de Cultura.