196 ANOS PARAÍSO

Termópolis: o Paraíso das águas ao seu dispor

Por: Roberto Nogueira | Categoria: Cidades | 25-10-2017 15:10 | 4033
Foto: Nelson P. Duarte

 




Com 96 anos de existência a Estância Balneária de Termópolis, famosa por suas águas termais e medicinais, além da variada opção de lazer e recreação é uma das referências de São Sebastião do Paraíso quando o assunto é turismo rural. O gerente, Paulo Henrique Nascimento, fala nesta entrevista das tendências do mercado no setor. A crise depende do ponto de vista, os turistas estão sempre chegando, muitos partem já com novas reservas para voltar. Nas instalações além da comida tradicional mineira, a oferta de passeios a cavalo, de charretes, jogos, diversões e aventuras. Segundo ele há espaço para crescer e o apoio dos órgãos governamentais, o desenvolvimento de políticas e ações destinadas ao setor são bem vindas. Com a consciência de que se preservar o meio ambiente, conservar as nascentes, a atividade se torna perene, para a vida toda. Se a população está envelhecendo, as portas estão mais do que abertas para todos os públicos, para as famílias e principalmente para quem tanto já trabalhou e também tem o direito de desfrutar as belezas, as iguarias que o lugar oferece. Confira na entrevista a seguir como o setor participa das atividades turísticas da atualidade. 




JS - Como está o setor de turismo, na sua visão a partir de Termópolis?
Paulo Henrique: Nós temos o turismo rural hoje como um grande nicho de mercado, nós temos hoje uma procura do brasileiro em descansar e dar aqueles momentos de descanso que todo mundo merece. As pessoas têm procurado este tipo de negócio, não só praia ou aglomerados urbanos, mas as famílias, com crianças, com filhos, as pessoas com os netos voltam aqui para as suas origens, que é o turismo rural, a roça, a fazenda, o ambiente do campo, junto à família, animais, natureza. Então nós temos tido uma boa procura nesta questão, porem, o que vejo que ainda não tem muito é pouco de divulgação em questão de, em nível público, assim político e público. O Brasil é uma potência muito grande neste sentido quanto hídrico, quanto rural. A natureza é muito rica. Porém o que falta é isso. 
A gente tem trabalhado e sabemos dos colegas que trabalham também neste segmento de um trabalho quase que independente, cada um trabalha por si só. Então eu tenho este empreendimento, este negócio, este hotel fazenda e assim vai se tocando, vai ajustando e muitas vezes por conta própria eu penso que a parte governamental precisa olhar com mais carinho por isso que é um grande mercado esta questão do turismo rural hoje.




JS - Quando se fala de mercado, atrela-se isso a economia. Hoje muito se fala em “crise”. Isto tem afetado o setor?
Paulo Henrique: Eu creio que influencia, nós sentimos, porque é uma engrenagem, a questão econômica, porém quando se fala em crise é uma questão pessoal e um modo de ver. Nós sentimos sim. Não tem como a parte do turismo não sentir porque muitas vezes o nosso setor é considerado como algo que não é essencial, é supérfluo. Fazer turismo, passear, viajar é tido muitas vezes como algo supérfluo e na realidade não é. Eu diria que é uma coisa de necessidade. Claro que reservadas às proporções de necessidade que temos no decorrer da vida , porém, é preciso o turismo, o lazer , enfim o turismo precisa se encaixar nas nossas metas de gastos, objetivos e tudo mais. O que notamos é que muitas vezes conseguimos oferecer que tínhamos uma frequência maior por um período e hoje ela é menor. As pessoas fazem os passeios, mas de forma mais econômica, com duração menor. Gastava-se ‘x’ e hoje gasta-se “y” que é a metade, mas não deixam de procurar e descansar . Porque hoje quem não precisa descansar , precisa de um lazer , de refrescar a mete principalmente diante da correria do dia a dia?.




JS - O ano de 2017 foi generoso em termos de oportunidades, com muitos feriados prolongados? Realmente está favorecendo o setor?
Paulo Henrique: Com certeza. O feriado prolongado facilita porque muitas pessoas, empresas conseguem conciliar, a gente fala emendar, estas datas, (como hoje sexta-feira, após o feriado, do dia 12 de outubro, que caiu na quinta-feira). Então estas pessoas se organizam, até porque o nosso público é muito família. Então eles se organizam, o filho não está estudando, o pai e a mãe muitas vezes não trabalham nestes dias, programam suas folgas e conciliam a oportunidade de estarem aqui. Vamos viajar, vamos passear e isso faz com que a procura seja bem maior quando o feriado é prolongado.




JS - O clima agora também ajuda?
Paulo Henrique: Contamos também com o calor que tem feito nos últimos dias, a nossa maior riqueza aqui  são as águas minerais e termais, então o pessoal vem e procura para refrescar a mente e o corpo nestas águas que nós temos.




JS - Este período de estação primavera e verão é o período de alta? Quais as expectativas para o momento?
Paulo Henrique: Sim é a alta temporada. Normalmente julgamos, considerando este período a partir de outubro e que vai até o carnaval e depois entramos na chamada baixa temporada. Considerando que o Brasil, com todas as suas dificuldades, devido a sua grande extensão territorial e diversidades, as expectativas são muito boas. Temos visto uma certa estabilidade econômica , um certo caminhar em direção para melhorar na parte econômica e isso faz com que ocorra uma maior procura, há uma busca por contatos conosco e acredito que haverá mais procura ainda diante da situação econômica que está se estabilizando e melhorando a cada dia.




JS - Vocês tem um perfil de turistas que procuram aqui a estância Termópolis?
Paulo Henrique: A maioria dos nossos clientes é do estado de São Paulo. Por estarmos localizados  bem na divisa entre os estados de Minas e São Paulo, nós temos uma procura muito grande e maior considerada do estado de São Paulo. De Minas nós precisamos explorar mais, principalmente os paraisenses estão descobrindo, estão procurando, tem aumentado a frequência das pessoas do município e da região pelo lado de Minas que estão considerando aqui um bom lugar para descansar e passear.




JS - Mas existem também turistas de outros estados e lugares diferentes?
Paulo Henrique: Recebemos de várias partes do Brasil e até turistas estrangeiros, porém a maior frequência e volume é do Estado de São Paulo. Minas tem uma riqueza maior nesta questão de ofertas de opções turísticas, com oferta de espaços para exploração da natureza, de águas, a nossa região olhando para o interior paulista tem muita indústria, cultura de cana, que por outro lado não tem tanta opção de lazer. Isso faz com que muitas destas pessoas se acorram a nós aqui que temos esta grande riqueza. Então, Minas tem muito mais opção, como por exemplo, o Lago de Furnas , que não tem nem como descrever a riqueza, a beleza que é e por isso atrai tanta gente não só de Minas mas também de outros lugares. Temos a Serra da Canastra, Circuito das Águas, Poços de Caldas que é uma referência nacional e é Minas, então existe uma variedade de opções em terras mineiras.




JS - Estes locais são vistos como concorrentes?
Paulo Henrique: Concorrem indiretamente. Nós temos um estilo de trabalho que é um pouco diferente. Poços é mais termas, é mais urbana, e aqui nós estamos mais na questão rural, turismo rural e águas termais, num sentido mais retirado. Isso facilita para que tenhamos um público diferenciado,  destes outros locais. 




JS - Vocês têm aqui clientes que são tradicionais. Que vem uma vez, retornam e voltam sempre?
Paulo Henrique: Nós temos hospedes que são fiéis aqui conosco. Tem quem frequenta a estância quatro a cinco vezes por ano, praticamente a cada dois meses eles estão aqui conosco. Tem aqueles que em determinadas datas do ano quando saem já deixar reservados para o ano seguinte, ou o próximo feriado, são clientes cativos.




JS - Qual o fator motiva-dor para quem aqui chega e sinta o desejo de retornar?
Paulo Henrique: Nós temos trabalhado internamente a questão de atendimento, procurando ofertar um atendimento satisfatório, simples, aconchegante, com todo respeito. Tem a questão da natureza que é ideal inigualável a questão de matas, animais, com a fauna e a flora preservada e principalmente a questão das águas. Nós temos aqui hoje em torno de 400 mil litros de águas por hora. Elas nascem, emergem, enchem as piscinas e depois vão se embora no córrego que nós temos aqui que é o ribeirão Águas Quentes. Então, esta natureza e contato com a água que revigora o nosso corpo e a nossa mente tudo têm atraído cada vez mais pessoas para estarem aqui, é o nosso carro chefe, podemos assim dizer.




JS - Mas existem outros atrativos típicos que são disponibilizados para quem aqui se hospeda?
Paulo Henrique: Temos dois tipos de hospedagem, como e o caso do ‘day user’ que é quem vem passar o dia, entra de manhã, faz a opção de passar o dia na estância, com uso das piscinas, podendo tomar o café da manhã, ou não, almoçar ou não, conforme a necessidade ou opção e retorna no fim do dia. Temos também aqueles que hospedam conos-co desde um dia, dois ou três dias, ou uma semana ou mais, feriados, temporada ou fora de temporada. Nós funcionamos todos os dias de segunda a segunda, as pessoas nos procuram e nesta opção a pessoa tem a diária completa com café da manhã, almoço, jantar e todo o lazer que a estância oferece. Isso vai desde o uso das piscinas, passeio a cavalo, charrete, trilhas ecológicas, salão de jogos, serviço de massagem, sauna, pedalinhos, lago de pesca, todas estas atividades com monitores de recreação. È onde as famílias podem curtir momentos aqui inigualáveis.




JS - Mesmo em Termó-polis é possível se desligar por completo do corre-corre do dia a dia, destas tecnolo-gias que prendem as pessoas?
Paulo Henrique: Isso é uma busca constante das pessoas, em sair daquela correia das cidades, do trabalho, às vezes até da própria casa. Vir para cá é uma das maneiras em que a pessoa pode se desligar do mundo cotidiano, daquela correria, e das preocupações, é o que tentamos oferecer da melhor maneira possível. Porém aqui ela não deixa de estar conectada. Temos a disponibilidade da tevê, da internet , wifi em toda a estância, tem telefone, ela não deixa de estar ligada as suas necessidades, porém, a gente pensa que de modo especial não seja esta a prioridade, o foco é realmente descansar e se desligar daquilo que está habituada no dia a dia. Temos disponibilidade de opções para que o turista não fique totalmente isolado, vamos assim dizer.




JS - O que representa para o setor o município voltar a fazer parte de um circuito de turismo do Governo de Minas, o Montanhas Cafeeiras?
Paulo Henrique: Realmente a esperança é de que realmente se una. É uma classe que precisa se unir ainda mais com o acompanhamento do setor governamental para que se fortaleça. Não é só pensando em questão de recursos, mas de apoio, de divulgação. Nós vemos hoje no Brasil quantos lugares são explorados, visitados de forma até internacionalmente é porque existe uma divulgação positiva neste sentido. O que falta, em minha opinião, aqui e o que se pode aproveitar com esta reativação do circuito com Paraíso voltando a participar é o fato de explorarmos a questão de estarmos hoje numa localização geográfica muito positiva. Nós temos uma rodovia privilegiada, temos acesso a MG-050, a BR-491, e a própria BR-265 que nos dá fácil acesso a outras regiões desenvolvidas como São Paulo, e até mesmo Belo Horizonte.




JS - Recentemente a Câmara dos Deputados aprovou a criação de um roteiro turístico do café da Alta Mogiana e Paraíso está inserido. O que isto representa para vocês?
Paulo Henrique: É uma boa iniciativa. Paraíso é uma referência nesta questão de café, com sua cultura, de colheita e renomado no que se produz de café. Já tivemos em outras épocas por várias vezes a visita de delegações estrangeiras em visita aos nossos parques cafeeiros. Isso é uma coisa que atrai. Vejo que temos potencial, a região é esta referência, muitos se interessam por isso e faz que se possa desenvolver cada vez mais a questão do turismo, não só nacional e até internacional.




JS - O turismo religioso traz alguma influência para vocês?
Paulo Henrique: Influencia mais no período das festas juninas. Todos os sábados de junho, as pessoas já se programam para vir aqui e participar da nossa festa junina. As demais datas nem tanto, são consideradas como lazer mesmo e não influenciam muito. Paraíso está entrando na rota da fé e todas as vezes que o município é incluído em uma atividade ou ação vinculada ao turismo seja no cenário local, regional, estadual ou nacional, ele vai contribuir para que as pessoas procurem atrativos, negócios, passeios ou investimentos, não deixamos de fazer parte do todo e o benefício acaba de uma maneira ou outra sendo positiva para todos.




JS - Em termos de futuro. O turismo rural aqui é uma atividade perene, para sempre?
Paulo Henrique: Eu creio que sim, considerando a riqueza natural que existe, a água, o meio ambiente como um todo. O que nós temos procurado fazer com muita seriedade é a preservação. Temos cuidado das nascentes, vemos a escassez de chuvas, isso preocupa porque não deixa de afetar todo o país, temos visto isto na nossa região. Ouvimos muito reclames de que uma mina secou, na propriedade tal não tem mais água, porque muitas vezes existe uma degradação aquilo que Deus nos proporcionou em termos de natureza. Temos tentado realmente manter isso da melhor maneira possível para que seja perpétuo. Não deixamos de usar, explorar, mas de uma maneira sustentável. Trabalhamos esta conscientização ambiental junto com os hóspedes aqui na estância de maneira indireta, visto que eles já vêm de uma cultura, com noções de cuidar da natureza. Porém isso é trabalho, nas dicas, orientações e, sobretudo, no exemplo. Nas trilhas e por vários lugares existem lixeiras espalhadas para que isso seja uma maneira educada de cuidar e preservar o espaço, até mesmo sem esbanjar água porque temos muito, tudo isso é trabalhado de uma maneira ou de outra. 
Tudo o que gastamos hoje em excesso pode nos faltar outro dia seja água ou energia.




JS – Continua o envasa-mento dos galões de água de Termópolis?
Paulo Henrique - Temos o envasamento dos galões de 10 e 20 litros. Há uma procura intensa em Paraíso e na região também por esta água nossa que é diferenciada. Existem pessoas que são fiéis a este produto, pois existem muitos que bebem desta água que vão querer sempre mais.




JS - E em termos de expectativas futuras, algum projeto em mente?
Paulo Henrique: temos visto que o Brasil está se tornando um país cada vez mais de idosos. Isso é importante para o setor. Precisamos trabalhar isso, direcionar as pessoas para a nossa atividade. As pessoas vão trabalhar sim, mas também merecem curtir a vida, descansando . O que esperamos é isso poder atender cada vez mais este público, principalmente aqueles que depois de tanto ter trabalhado merecem o seu momento de lazer. O poder público pode ajudar neste sentido de criar incentivos, aplicando de forma melhor os recursos que recebem para esta área. 
O turismo contribui com a arrecadação de impostos, é uma atividade que gera empregos diretos e indiretos, gera também receita às vezes é esquecido e deixado de lado. Muitas vezes se foca a indústria, o grande empreendimento e o serviço, na questão turística está correndo e produzindo para chegar junto. A cadeia turística é muito grande, quando analisamos que só não compramos um produto e prestamos um serviço, mas tantas outras pessoas estão envolvidas. Se um turista entra em um comércio, ele envolve uma ampla possibilidade de negócios que nem sempre a maioria consegue enxergar isso.