LINAH BIASI (Pascoalina Coelho Souza)
Sou artista plástica. Desde os 10 anos de idade, cresço procurando aprender o alfabeto da arte e sua gramática, a fim de refinar meu estilo, que nunca se estabiliza, pois a arte é mutante como seus criadores.
Antes de iniciar qualquer atividade artística, peço a Deus que me ilumine e que faça das minhas mãos e dos meus olhos, instrumentos da Sua Luz, pois, pintar para mim, é escrever com luz. Quisera eu poder pintar por mil anos e assim, pretensiosamente, através da arte, conseguir mudar um milímetro da ignorância e barbárie da humanidade, pois a arte é uma das formas de esclarecer e humanizar os homens.
As artes plásticas são uma forma de o homem eternizar sua singularidade e também se distinguir dos outros animais. O artista plástico é, antes de tudo, um sensível. Aquela pessoa que usa o desenho, a pintura, a escultura ou qualquer outro componente como papel, gesso, argila, madeira, metais ou pedras, para projetar sua criatividade e impressões do mundo do qual faz parte, ou do seu imaginário, expressando seu deslumbramento diante de todos. A isso denominamos Artes Plásticas.
A beleza é um sopro contra o vento da realidade. A vida nos ensina que todas as certezas que temos não passam de simples ilusões e que existem muitas lições que não valem a pena ter aprendido, pois significam sofrimento... Enxergar a beleza é um êxtase e vê-la destruída, uma dor. Ah, se eu pudesse emprestar meus olhos ou ensinar meu jeito de ver o mundo e as coisas que a ele pertencem!. As pessoas teriam assombros de beleza a todo instante.
Quando vejo os ipês floridos, digo, parafraseando Rubem Alves: “Sinto-me como Moisés diante da sarça ardente: ali está a epifania do sagrado!. Um amigo meu, tinha em seu jardim de frente à casa, um ipê amarelo que, quando florescia, podia ser visto de longe. Como este derramava suas flores no passeio e na rua, a vizinhança tanto fez que meu amigo teve que cortá-lo.
Os olhos da vizinhança não viam a beleza, apenas o trabalho para a vassoura e o lixo. Willian Blake já dizia: “A árvore que um sábio vê não é a mesma árvores que o tolo vê”. Há pessoas com visão perfeita que nada veem. O ato de ver não é coisa natural, precisa ser aprendido. Eu comecei com minha mãe, ainda criança, a enxergar a beleza “através de”. Tive a felicidade de conviver com adultos que tinham olhos na alma.
Que nunca me aconteça o que aconteceu com Adélia Prado quando escreveu: “Deus, de vez em quando, me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra”. Não existe arte onde não existe um olhar. (De “Antologia – 30 Anos de Academia Paraisense de Cultura)
LINAH BIASI (PASCOALINA COELHO SOUZA), membro da Academia Paraisense de Cultura.