SAÚDE ANIMAL

Dilatação e torção gástrica

Por: Rogério Calçado Martins | Categoria: Saúde | 25-10-2017 13:10 | 2705
Foto: Reprodução

Essa alteração orgânica é considerada emergência e caso você nunca tenha ouvido falar nessa enfermidade, saiba que ela pode matar em apenas 3 horas.
A torção de estômago é definida pelos Médicos-veterinários como "alteração anatômica no posicionamento dos órgãos digestórios, que ocorre com mais frequência em cães de peito profundo, entre idades de 2 a 10 anos, e raramente em cães de raças pequenas".
Em um raciocínio mais simples, é a rotação do estômago sobre si mesmo. Acontece, muitas vezes, devido a uma dilatação gástrica que pode ser causada por aerofagia (deglutição exagerada de ar) resultante da ingestão apressada de alimentos.
Os sinais da dilatação são geralmente a eructação ("arroto") excessiva, a expulsão de líquidos e alimentos, misturados com muco espumoso. Se não for tratada rapidamente, a dilatação estomacal pode evoluir para a torção. 
A rotação do estômago dá-se inicialmente na parte do estômago mais próximo ao intestino, o piloro. Esta parte passa de baixo para cima, ou seja, da junção estômago/intestino (embaixo) ela rotaciona-se sobre si mesma e vai parar na junção do esôfago com o estômago (a região do cárdia, lá em cima). 
torção pode bloquear parcial ou totalmente a digestão e a passagem de alimentos pelo estômago. A torção gástrica tem graus variados de gravidade, e em seu grau máximo  chega a provocar obstrução dos gazes, aumentando o volume do órgão. O resultado é o que chamamos de necrose (morte do tecido) por estrangulamento da parede estomacal e órgãos vizinhos.
Geralmente os sintomas são: distensão abdominal com timpanismo (gazes); ânsia de vômito sem conteúdo; pulso fraco; sialorréia (salivação intensa); dispnéia (dificuldade respiratória); mucosas pálidas; taquipnéia (aumento da frequência cardíaca); inquietude.
Esses sinais podem ser semelhantes em outras doenças gastrointestinais ou até mesmo em intoxicações, portanto a necessidade de um exame clínico detalhado feito por um Médico-veterinário é crucial nessa hora. É de grande valor a realização de exame radiológico ou ultra-sônico.
O tratamento na maioria das vezes é através de cirurgia, mas em muitos casos o animal chega ao óbito mesmo após ter sofrido a intervenção cirúrgica. Então o melhor mesmo é a prevenção: não dê alimentos em grandes quantidades (fracione as refeições); não dê alimentos que demoram muito para serem digeridos (fubá, feijão, macarrão); não deixe que seu cão beba água em quantidade exagerada de uma só vez (inclusive durante as refeições); evite exercícios violentos após as refeições (pulos, adestramentos, etc).



 



*ROGÉRIO CALÇADO MARTINS
– médico-veterinário – CRMV/MG 5492
*Especialista em Clínica e Cirurgia Geral de Pequenos Animais (Pós-graduação “lato sensu”)
*Membro da ANCLIVEPA (Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais)
*Consultor Técnico do Site  www.saude animal.com.br
*Proprietário da Clínica Veterinária VETERICÃO (São Sebastião do Paraíso/MG)